A má qualidade nos serviços turísticos

É lamentável quando o assunto é serviços turísticos. A qualidade no atendimento deixa muito a desejar, principalmente na Bahia, apesar de ser considerado o terceiro destino preferido dos brasileiros para o lazer, descanso e entretenimento.

Imagine que chegando a Ilhéus, à noite, em 26 de setembro último, estive em Olivença e fui me hospedar numa pousada chamada Ecológica e um senhor nos atendeu. Solicitamos três apartamentos e ele nos disse: "vocês não querem um quarto triplo não?"

Respondemos que queríamos apartamentos individuais, pois éramos três pessoas e ele retrucou: "ah! sujar três quartos, vai dar trabalho". A indignação com a resposta foi tamanha que usei a máxima, "a melhor resposta é aquela que não se dá", pois havia entendido que o recepcionista havia nos chamado de porcos, e, para não gerar um atrito maior, pegamos o carro e seguimos caminho à procura de outra pousada.

A chamada indústria do turismo movimenta cerca de USD 3,4 trilhões, empregando mais de 250 milhões de pessoas no mundo inteiro com um fluxo turístico acima de 700 milhões de pessoas que viajam todos os anos para algum destino. A escolha do destino é feita, principalmente, pelos seus atrativos, ou seja, por aquilo que faz com que o turista se desloque do seu local de residência para conhecer novos lugares, as praias, as cachoeiras, a cultura local, o conjunto arquitetônico, a gastronomia, as paisagens e as festas, este conjunto de atrativos faz parte da oferta turística.

Não basta que o lugar tenha as melhores praias, festa o ano todo e uma gastronomia incomparável, é necessário que o turista seja recebido com hospitalidade, se sinta bem ao chegar, se sinta seguro e seja bem tratado. O bem receber faz parte do acolhimento ao visitante, mas é necessária a profissionalização da mão de obra, que tem que estar em constante treinamento, pois o turismo hoje não admite mais amadorismo, tendo em vista que o cliente/turista está ficando cada vez mais exigente, não admitindo falhas na prestação do serviço.

O baiano é tido como um dos povos mais hospitaleiros do Brasil. Sabe receber bem, com um sorriso estampado no rosto, uma malevolência de causar inveja aos sulistas que ficam nos tachando de "preguiçosos", mas no fundo gostariam de ter nascido nesta terra abençoada por Deus e pelos Orixás.

Ilhéus é um destino turístico, principalmente de navios de cruzeiros, possui um aeroporto que movimenta mais de 500 mil passageiros por ano, com aproximadamente doze voos diários, tem uma oferta de leitos acima de sete mil, com um potencial turístico enorme, possui uma bela faixa de praias, cultura, e está inserida em um novo roteiro turístico que é a Rota do Chocolate. Mas quando falamos em serviços, aí a coisa muda de figura. A má qualidade da mão de obra é notada em cada lugar que o visitante chega para se hospedar, se alimentar ou beber alguma coisa. A falta de visão empresarial no tocante à qualificação dos colaboradores, aliado ao desconhecimento do que é uma gestão voltada para o encantamento do cliente, deixa uma enorme lacuna para que fatos lamentáveis como este ocorra.

O trade turístico tem que estar atento a esse tipo de ocorrência para não afugentar ainda mais o visitante. Ilhéus tem seus encantos e passou a ser conhecida no mundo inteiro pelas obras do imortal Jorge Amado, cujos romances como Gabriela e Terras do sem Fim, que retratam a Ilhéus dos anos 1940, uma época dominada pelo coronelismo que eram os grandes fazendeiros de cacau. Gabriela ficou famosa por seus quitutes e sua beleza estonteante, passou de romance a filme e depois novela, mas parece que o povo de Ilhéus ainda não se livrou da síndrome da Gabriela: "eu nasci assim, vou ser sempre assim, vou morrer assim". É preciso mudar os paradigmas e entrar de vez no século XXI, para não correr o risco de perder o trem da história. Axé!!