A manifestação contra o golpe enfrenta o poder da Globo

Circula na blogosfera que a Globo desistiu do golpe. O alto escalão econômico resolveu não mais apostar nos imprevisíveis desdobramentos de um impeachment.

Pelo visto na manifestação convocada contra o golpe, realizada nessa quinta-feira em várias cidades do país, com um contingente que deve ter surpreendido os próprios organizadores, as dificuldades seriam mesmo imensas.

A Globo pode ter abandonado, no momento, o golpe, mas jamais mudará seu caráter golpista. Seria o mesmo que pedir ao escorpião para não picar.

Além do que, ela continua a golpear diariamente, manipulando e distorcendo a informação a seu bel prazer. O desgoverno de São Paulo é o exemplo mais gritante. Sobre a falta d’água em vários pontos do estado, nenhuma menção a Geraldo Alckmin. O mesmo na recente chacina.

Desnecessário falar como seria o tratamento caso o governo fosse do PT.

Com Dilma encurralada, o foco único é destruir Lula. Disso não abrem mão. Enquanto fritam Lula, cozinham Dilma em banho-maria.

Independente se é blefe ou não a desistência do golpe, impressiona como tudo gira a reboque da Globo. Por mais decadente que se encontre, estamos sempre atentos a seus passos.

Existe país em que uma única empresa tenha total influência sobre todas as instâncias de poder? Executivo, Legislativo e Judiciário se curvam ao Plim-Plim. Aqui é o único lugar do mundo em que o Quarto Poder é quem dá as cartas.

Em tudo tem que ter a chancela da Globo. Sem sua anuência o caldo não engrossa. E ninguém ousa nadar contra a corrente.

Até mesmo os perseguidos se rendem aos seus encantos, como na postura de alguns parlamentares da esquerda na homenagem do Senado aos 50 anos da emissora. Foram tomados por um surto de síndrome de Estocolmo.

Inexplicável.

Também inexplicável foi o não enfrentamento do PT ao cerco da mídia. Romário em dois dias fez mais pela democratização dos meios de comunicação que doze anos de PT.

Ricardo Berzoini, ao invés de tratar do tema, parece mais preocupado em salvar a Globo do Google, Netflix e Facebook.

Ministro, capitalismo é isso aí, um querendo tomar o espaço do outro. Se a Globo quer reserva de mercado, mande-a procurar o Kim Jong-un na Coreia do Norte!

Nessa toada frouxa do PT, só mesmo o povo dando as caras para desarmar o golpe. Além, é claro, da formidável atuação dos sites progressistas e “blogueiros sujos” para contar o outro lado da história.

“Esse mundo é dos loucos”

É estranha essa rejeição à Globo dos participantes da “manifestação cívica da família brasileira”. Eles dizem que ela joga contra, que seria governista.

A questão já extrapola o analfabetismo político ou a guinada à direita de grande parte da sociedade. O problema passou a ser psiquiátrico.

Quase uma semana depois da manifestação apoiada pelo PSDB e DEM, novas imagens do ato, que continuam a aparecer, aumentam nossa perplexidade. É como se tivessem aberto a porta do hospício.

As cenas dantescas me recordaram “Esse mundo é dos loucos”, um cult-movie do final dos anos 60 que marcou profundamente minha vida.  

A magnífica parábola sobre os absurdos da guerra mostra uma cidade abandonada pelos seus habitantes, mas que foi ocupada pelos fugitivos pacientes do hospício local. A alegria dos novos moradores é arrebatadora.

Quando as pessoas normais chegam à cidade, os loucos percebem que ali fora só tem maluco. Calmamente retornam para dentro do hospício e trancam a porta.

Se os loucos tivessem saído às ruas no domingo passado viriam que o hospício é um lugar mais acolhedor.