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Chris Hedges

Jornalista vencedor do Pulitzer Prize (maior prêmio do jornalismo nos EUA), foi correspondente estrangeiro do New York Times, trabalhou para o The Dallas Morning News, The Christian Science Monitor e NPR.

87 artigos

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A minha guerra nunca acaba

Escrevendo sobre a guerra e vivendo em um mundo do inferno

(Foto: Mr. Fish)
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Artigo de Chris Hedges originalmente publicado no seu Substack e no TomDispatch. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

Quando este século começou, eu estava escrevendo o livro ‘War Is a Force That Gives Us Meaning’ [A guerra é uma força que nós dá significado], minhas reflexões sobre duas décadas como correspondente de guerra, 15 deles com o The New York Times, na América Central, no Oriente Médio, na África, na Bósnia e em Kosovo. Eu trabalhei num pequeno apartamento-estudio escassamente mobiliado na Primeira Avenida, na cidade de New York. A peça única tinha uma mesa, uma cadeira, um colchão e um par de prateleiras de livros – não o suficiente para acomodar a minha extensa biblioteca, deixando pilhas de livros empilhados contra a parede. A única janela se abria para uma um beco.

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O supervisor do prédio, que morava no apartamento do primeiro andar, fumava uma prodigiosa quantidade de maconha, deixando o saguão fedendo a maconha. Quando ele descobriu que eu estava escrevendo um livro, ele sugeriu que eu fizesse a crônica do momento de glória dele durante os seis dias de confrontos conhecidos como os ‘Stonewall Riots’, detonados por um ataque policial em 1969 ao ‘Stonewall Inn’ – um clube gay em Greenwich Village. Ele alegava ter atirado uma lata de lixo pela janela da frente sobre uma viatura da polícia.

Aquela era uma vida solitária, interrompida por visitas periódicas a uma livraria de antiguidades do bairro que tinha uma cópia da edição de 1910-1911 da Enciclopédia Britânica, a última edição publicada para acadêmicos. Eu não tinha dinheiro para comprá-la, mas o proprietário generosamente me deixava ler os verbetes daqueles 29 volumes, escritos por gente como Algernon Charles Swinburne, John Muir, T.H. Huxley e Bertrand Russel. O verbete referente a Catullus – alguns de cujos poemas eu conseguia recitar de memória em Latim – dizia o seguinte: “O maior poeta lírico de Roma.” Eu amava a certeza daquele julgamento – um que eu suspeito que os acadêmicos de hoje não fariam, muito menos por escrito em um livro.

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Havia dias em que eu não conseguia escrever. Eu ficava sentado, em desespero, dominado pela emoção, incapaz de lidar com um sentimento de perda, de dor e de centenas de imagens violentas que eu carro dentro de mim. Escrever sobre a guerra não era uma coisa catártica. Era doloroso. Eu me vi forçado a desembrulhar memórias que estavam cuidadosamente enroladas no algodão do esquecimento. O adiantamento pago pelo o livro era modesto: US$ 25 mil. Nem o publisher, nem eu, esperávamos que muitas pessoas lessem o livro – especialmente com tal título desgracioso. Eu o escrevi por um sentido de obrigação, uma crença de que – dada a minha profunda familiaridade com a cultura da guerra – eu conseguiria configurá-lo. Porém, eu jurei que, uma fez feito, eu jamais dragaria voluntariamente aquelas memórias.

Para a surpresa do publisher, o livro explodiu. Centenas de milhares de cópias acabaram sendo vendidas. Os grandes publishers, com cifrões nos seus olhos, faziam ofertas significativas para um outro livro sobre a guerra. Mas eu as recusei. Eu não queria diluir aquilo que eu havia escrito, nem ter que passar novamente por aquela experiência. Eu não queria me colocar num gueto para escrever sobre a guerra pelo resto da minha vida. Eu tinha terminado com isso. Até hoje, eu ainda sou incapaz de relê-lo.

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A Ferida Aberta da Guerra

No entanto, não é verdade que eu fugi da guerra. Eu fugi das minhas guerras, mas continuaria a escrever sobre as guerras dos outros. Eu conheço os ferimentos e as cicatrizes. Eu sei o que muitas vezes está escondido. Eu conheço a angústia e a culpa. É estranhamente reconfortante estar com outros mutilados pela guerra. Nós não precisamos de palavras para nos comunicarmos. O silêncio é suficiente.

Eu queria chegar até os adolescentes, as buchas de canhão das guerras e o alvo dos recrutadores. Eu duvidava que muitos deles leriam War Is a Force That Gives Us Meaning. Eu embarquei num texto que questionasse, e depois respondesse, as perguntas mais básicas sobre a guerra – tudo, desde as questões militares, médicas, táticas e os estudos psicológicos sobre combates. Eu operei sobre o pressuposto que as perguntas mais simples e mais óbvias raramente são respondidas, como: O que acontece ao meu corpo se eu for morto?

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Eu contratei uma equipe de pesquisadores, a maioria sendo estudantes de mestrado da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia (New York) e, em 2003, nós produzimos uma brochura barata – eu lutei para baixar o preço para US$ 11 ao doar quaisquer futuros direitos de autor – chamado de ‘What Every Person Should Know About War’ [O que toda pessoa deveria saber sobre a guerra].

Eu trabalhei no livro em parceria próxima com Jack Wheeler, que se formou na Academia Militar de West Point em 1966 e depois serviu no Vietname – onde 30 membros da sua classe foram mortos. (A história da classe de Jack está registrada no livro de Rick Atkinson, ‘The Long Gray Line: The American Journey of West Point’s Class of 1966’ [A Longa Linha Cinza: a Jornada Americana da Classe de 1966 de West Point]. Jack seguiu seus estudos na Escola de Direito de Yale depois de sair das forças militares e se tornou um assessor presidencial de Ronald Reagan, George H.W. Bush e George W. Bush, enquanto presidia a iniciativa de construir o Memorial dos Veteranos do Vietnã em Washington.

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Ele lutou contra aquilo que ele chamava de “a ferida aberta do Vietname” e uma depressão severa. Ele foi visto pela última vez em 30 de dezembro de 2010, desorientado e perambulando pelas ruas de Wilmington, estado de Delaware. No dia seguinte, o seu corpo foi descoberto quando estava sendo despejado de um caminhão de lixo no aterro sanitário de Cherry Island. O escritório de medicina forense do estado de Delaware do estado de Delaware disse que a causa da sua morte foi um assalto e um “trauma por uso de força bruta”. A polícia considerou a sua morte como homicídio, um assassinato que jamais seria resolvido. Ele foi enterrado no cemitério nacional de Arlington, com honras militares completas.

A ideia para escrever o livro veio do trabalho de Harold Roland Shapiro, um advogado de New York que, enquanto representava um veterano mutilado na Primeira Guerra Mundial, investigou aquele conflito, descobrindo uma enorme disparidade entre a sua realidade e a percepção pública da mesma. No entanto, o seu livro era difícil de achar. Eu tive que conseguir uma cópia da Biblioteca do Congresso dos EUA. Shapiro escreve que as descrições médicas dos ferimentos tornaram “tudo que eu li e ouvi antes como sendo ficção, ou reminiscências isoladas, vagas generalizações ou propaganda deliberada”. Ele publicou em 1937 o seu livro, ‘What Every Young Man Should Know About War’ [O que todo homem jovem deve saber sobre a guerra]. Temendo que o livro pudesse inibir o recrutamento, ele concordou em removê-lo de circulação no começo da Segunda Guerra Mundial. Ele jamais foi imprimido de novo.

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Os militares são notavelmente bons em estudar a eles mesmos (apesar que não é fácil se obter estes estudos). Eles sabem como usar o condicionamento operativo – as mesmas técnicas usadas para treinar um cão – para transformar homens e mulheres jovens em assassinos eficazes. Eles empregam habilmente as ferramentas da ciência, da tecnologia e da psicologia para aumentar a força letal das unidades de combate. Eles também sabem como vender a guerra como uma aventura, bem como o caminho verdadeiro para a masculinidade, a camaradagem e a maturidade.

A insensível indiferença à vida - incluindo as vidas dos nossos soldados, marinheiros, aviadores e fuzileiros navais - saltou das páginas dos documentos oficiais. Por exemplo, a resposta à pergunta “O que acontecerá se eu for exposto à radiação nuclear, mas não morrer imediatamente?” foi respondida numa passagem do livro-texto do Escritório do Cirurgião Geral [dos EUA] ‘Textbook of Military Medicine’ – o qual diz, em uma parte:

"Soldados que foram irradiados fatalmente deveriam receber todos os tipos possíveis de tratamentos paliativos, incluindo narcóticos, para prolongar a sua utilidade e aliviar o seu sofrimento físico e psicológico. Dependendo da quantidade de radiação fatal, estes soldados podem ter algumas semanas para viver e se devotar à causa. Os comandantes e o pessoal médico deveriam estar familiarizados em estimar o tempo de sobrevivência, baseado no início dos vômitos. Os médicos deveriam estar preparados para prescrever medicamentos para aliviar a diarreia e evitar infecções e outras sequelas da doença de radiação a fim de permitir que o soldado sirva pelo tempo mais longo possível. Deve se permitir que o soldado dê a sua plena contribuição ao esforço de guerra. Ele já fez o último sacrifício. Ele merece uma chance para contra-atacar e para fazê-lo enquanto vivencia o menor desconforto possível."

Como eu esperava, o nosso livro apareceu nas mesas anti-recrutamento das escolas médias dos Quakers.

“Estou Maculado”

Fiquei enojado com a cobertura simplista e frequentemente mentirosa da nossa guerra pós-9/11 (ataques às torres gêmeas em NYC) no Iraque – um país que eu cobri como chefe do bureau do Oriente Médio para o New York Times. Em 2007, eu fui trabalhar com a repórter Laila Al-Arian em um longo artigo investigativo para a revista The Nation, “The Other War: Iraq Veterans Bear Witness” [A Outra Guerra: Veteranos do Iraque Testemunham], que acabou numa versão expandida como um outro livro sobre a guerra, Collateral Damage: America’s War Against Iraqui Civilians [Danos Colaterais: a Guerra dos EUA Contra Civis Iraquianos].

Nós passamos centenas de horas entrevistando 50 veteranos de combates estadunidenses no Iraque sobre as atrocidades que eles testemunharam, ou nas quais eles participaram. Foram acusações condenatórias da ocupação dos EUA, com relatos de ataques aterrorizantes e abusivos de casas, incêndios fulminantes que eram rotineiramente feitos em áreas civis para proteger comboios estadunidenses, tiroteios aleatórios feitos por patrulhas, o grande raio de mortandade das detonações e ataques aéreos em áreas populosas e a matança de famílias inteiras que se aproximavam perto demais, ou rápido demais, dos postos de controle. As reportagens fez manchetes em jornais por toda a Europa, mas foi ignorado, na sua grande parte, nos EUA -onde a imprensa geralmente não estava disposta a confrontar a narrativa do “bem-sentir” sobre a “libertação” do povo do Iraque.

Para a epígrafe do livro, nós usamos uma nota de suicídio deixada pelo Coronel Theodore “Ted” Westhusing em 4 de junho de 2004 para os seus comandantes no Iraque. Westhusing (mais tarde me contaram que ele havia lido e recomendado o livro War is a Force That Gives Us Meaning) foi o capitão de honra da sua classe de 1983 na academia militar de West Point. Ele disparou um tiro na própria cabeça com o seu revólver de serviço Beretta de 9mm. A sua nota de suicídio – pense nisso como um epitáfio para a guerra global contra o terror – dizia, em uma parte:

"Grato por me dizer que este foi um bom dia, até que eu lhes dei o meu informe. [Nome oculto] – Você só está interessado na sua carreira e não dá apoio à sua equipe – sem apoio na missão e você não se importa. Eu não posso apoiar uma missão que leva à corrupção, a abusos de direitos humanos e a mentirosos – não mais. Eu não me voluntariei para apoiar empreiteiros corruptos ávidos por dinheiro, nem para trabalhar para comandantes que só se interessam por eles mesmos. Eu vim para servir honradamente e me sinto desonrado."

A guerra na Ucrânia fez emergir a bilis familiar, a repulsa àqueles que não vão à guerra e, no entanto, deleitam-se com o poder destrutivo da violência. Mais uma vez, ao assumir à distância um universo binário infantilizado do bem e do mal, a guerra foi transformada num jogo de moralidade, emocionando a imaginação popular. Após a nossa humilhante derrota no Afeganistão e os desastres no Iraque, na Líbia, na Somália, na Síria e no Yemen, aqui estava um conflito que podia ser vendido ao público como a restauração da virtue estadunidense. O presidente russo Vladimir Putin, assim como o autocrata iraquiano Saddam Hussein, se tornou imediatamente o novo Hitler. A Ucrânia – a qual a maioria dos estadunidenses, sem dúvida, não conseguiriam encontrar num mapa – de repente era a linha de frente na eterna luta por democracia e liberdade.

A celebração orgiástica da violência alçou vôo.

Os Fantasmas da Guerra

Sob a lei internacional, é impossível defender a guerra da Rússia na Ucrânia, assim como é impossível defender a nossa [dos EUA] invasão do Iraque. Guerra preventiva é um crime de guerra, uma guerra criminosa de agressão. Mesmo assim, estava fora de questão colocar a invasão da Ucrânia em contexto. Assim como os especialistas soviéticos fizeram (incluindo o famoso diplomata da Guerra Fria George F. Kennan), era proibido explicar que a expansão da OTAN para a Europa Central e Oriental era uma provocação à Rússia. Kennan a chamou de “o erro mais fatal da política estadunidense em toda a era pós-Guerra Fria inteira”, que poderia “conduzir a política externa russa em direções que decididamente não seriam do nosso gosto.”

Em 1989, eu cobri as revoluções na Alemanha Oriental, na Tchecoslováquia e na Romênia que sinalizaram o iminente colapso da União Soviética. Eu estava agudamente consciente de que “a cascata de garantias” dadas à Moscou de que a OTAN – fundada em 1949 para evitar a expansão soviética na Europa Central e Oriental – não avançaria para além das fronteiras de uma Alemanha unificada. Na verdade, com o fim da Guerra Fria, a OTAN deveria ter se tornado obsoleta.

Inocentemente, eu pensei que nós veríamos o prometido “dividendo da paz”, especialmente com o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, estendendo a mão para formar alianças econômicas e de segurança com o Ocidente. Nos primeiros anos do governo de Vladimir Putin, até ele deu uma mão às forças militares dos EUA na sua guerra ao terror, vendo nela a luta da própria Rússia para conter os extremistas islâmicos gerados pelas suas guerras na Chechênia. Ele proveu suporte logístico e rotas de ressuprimento para as forças armadas estadunidenses que estavam lutando no Afeganistão. Mas os cafetões da guerra não queriam nada disso. Washington tornaria a Rússia no inimigo, com ou sem a cooperação de Moscou.

Estava lançada a mais nova santa cruzada entre anjos e demônios.

A guerra desencadeia o veneno do nacionalismo, com os seus males-gêmeos da auto-exaltação e da intolerância. Ela cria um sentido ilusório de unidade e propósito. Os desavergonhados animadores de torcida que nos venderam a guerra no Iraque, estão novamente nas ondas aéreas, batendo os tambores de guerra para a Ucrânia. Como Edward Said escreveu uma vez sobre estes cortesãos do Poder:

"Nos seus discursos oficiais, cada um dos impérios disse que não era como todos os outros, que as suas circunstâncias eram especiais, que tinham uma missão para iluminar, civilizar, trazer ordem e democracia, e que usava a força apenas como um último recurso. Mais triste ainda, sempre há um côro de intelectuais dispostos a dizer palavras calmantes sobre impérios benignos ou altruístas – como se não se devesse confiar nas evidências dos nossos próprios olhos que observavam a destruição, a miséria e a morte causadas pela mais recente missão civilizatória."

Eu fui puxado de volta para dentro do pântano. Eu me vi escrevendo colunas para o Scheer Post e o meu site no Substack condenando a sede de sangue que a Ucrânia desencadeou. A provisão de mais de US$ 50 bilhões em armamentos e ajuda para a Ucrânia não quer dizer somente que o governo da Ucrânia não tem qualquer incentivo para negociar, mas que condena centenas de milhares de inocentes ao sofrimento e à morte. Talvez pela primeira vez na minha vida, eu me vi concordando com Henry Kissinger – quem, pelo menos, compreende a realpolitik – incluindo o perigo de empurrar a Rússia e a China para uma aliança contra os EUA, enquanto provoca uma grande potência nuclear.

Greg Ruggiero, que dirige a editora City Lights Publishers, me incentivou a escrever um livro sobre este novo conflito. Primeiro, eu me recusei, não querendo ressuscitar os fantasmas da guerra. Porém, olhando para as minhas colunas, artigos e palestras anteriores desde a publicação do livro War Is a Force That Gives Us Meaning, em 2002, eu fiquei surpreso de quão frequentemente eu havia circulado de volta à guerra.

Eu raramente escrevo sobre mim mesmo, ou sobre a minha experiência. Eu procurei as pessoas descartadas como detritos humanos da guerra, os mutilados física e mentalmente como Tomas Young – um tetraplégico ferido no Iraque – a quem eu visitei recentemente em Kansas City, depois que ele declarou que estava pronto para desconectar o seu tubo de alimentação e morrer.

Faz sentido juntar essas peças e denunciar a mais nova intoxicação com a matança industrial. Eu reduzi os capítulos à essência da guerra – com títulos como “The Act of Killing” [O Ato de Matar], “Corpses” [Cadáveres], ou “When the Bodies Come Home” [Quando os Corpos Voltam Para Casa].

O livro The Greatest Evil is War [A Guerra é o Maior Mal] recém foi publicado pela editora Seven Stories Press.

Rezo para que esta seja a minha última incursão no tema.

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