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Roberto Ponciano

Escritor, mestre em Filosofia e Letras, especialista em Economia. Doutorando em Literatura Comparada

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A montanha pariu um rato ou o blefe bolsonarista foi um tiro no pé

"Não pode haver anistia, não pode haver leniência e todos devem ser punidos. A história se repetiu como farsa, a montanha pariu um rato"

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Escrevo ainda no calor do momento e das emoções que o ataque à democracia feito hoje, pelos nazistas bolsonaristas, provocou em todos nós. Marx dizia que a história não se repete verdadeiramente, a primeira vez ocorre como tragédia, a segunda fez se repete como farsa. Uma farsa dupla, primeiro tentando copiar o ensaio de golpe que ocorreu em setembro de 2021 (quando estivemos realmente, muito perto da ruptura do Estado democrático de Direito), de outro lado, num viralatismo Bento Carneiro, imitando o ataque ao Capitólio nos Estados Unidos.

Com a leniência e com a prevaricação do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, do secretário de segurança pública, Anderson Torres, do procurador (ou será prevaricador geral da república) geral da república, Augusto Aras, que desapareceu, uma pequena tropa estimada entre 3 mil e 5 mil pessoas teve o acesso à Praça dos 3 Poderes franqueada pelas forças de segurança pública, num roteiro de filme de quinta categoria, e puderam simular um ataque à democracia, depredando e quebrando a sede de cada um dos poderes. Não é possível deixar de citar o novo Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que acoitou e fez vista grossa aos acampamentos, dando uma declaração estapafúrdia de que lá havia uma manifestação democrática e, assim, sinalizando uma carta branca aos golpistas para que pudessem conspirar livremente.

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A demonstração cabal de que o ataque ao Congresso, ao Palácio do Planalto e do STF foi uma opereta bufa, ensaiada com a PM do Distrito Federal, não são as fotos de policiais militares fazendo vista grossa, tirando selfies com os terroristas, ou confraternizando dentro dos espaços depredados, a maior prova de que era um ato combinado foi que, 30 minutos depois da mudança de comando na segurança do Distrito Federal, pouco mais do que meia hora após Ricardo Capelli ser nomeado interventor, aquele exército de Brancaleone foi facilmente desalojado dos 3 poderes e isolado de volta à rodoviária de Brasília.

Não foi um grande ato de apoio ao nazismo e a estética não é de vitória ou avanço do Bolsonarismo. A imagem é de um ato derrotado, de uma tentativa torpe e fraca fracassada e de decréscimo e decrepitude do movimento golpista. Alguns me interpelam dizendo que subestimo o nazifascismo no Brasil. Alto lá, eu denuncio o crescimento do nazismo no Brasil desde Joaquim Barbosa e a farsa do mensalão, que foi continuado com a criminosa lava jato e que desembocou nos destrambelhados de julho de 2013, no golpe contra Dilma e na prisão de Lula. Seguramente fui um dos primeiros a comparar o mensalão e a lava jato (quando eram moda e seus defensores eram heróis) com o marcarthismo e o fascismo e disse que seria o ovo da serpente que iria parir movimentos nazifascistas no Brasil. Moro é mais pai do movimento nazista no Brasil que Bolsonaro, este é o bebê de Rosemary de uma noite de amor comprado, num motel barato de beira de estrada, entre o ativismo judicial e a histeria da mídia golpista.

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O nazifascismo no Brasil cresceu e se consolidou, mas não, o movimento golpista não está em crescimento no momento. Ele teve seu auge no dia 7 de setembro de 2021, quando estivemos cara a cara com um golpe, a reação das instituições, incluído aí o TSE e o STF, junto com a inércia de Bolsonaro (que não sabia se queria ser tirano ou ganhar a eleição) evitaram o pior. A dúvida entre o fechamento do país e de ganhar as eleições gastando quase meio trilhão de reais imobilizou o nazifascismo bolsonarista. O nazismo não cresce na disputa democrática, sua vitalidade se deve principalmente a um ethos guerreirista de ódio. A aposta bolsonarista em tentar inundar a população de benesses eleitoreiras e ganhar a eleição através do aparelhamento do Estado acabou isolando sua ala mais radical, que desinchou. Junte-se a isto a própria atividade do STF que começou a mapear e punir empresários e líderes bolsonaristas coibindo a liberdade de seus movimentos.

Após a eleição, Jair Bolsonaro entrou em curto, ainda que sua ala mais terrorista tenha tentando radicalizar e colocar o país em pé de guerra fechando rodovias, e, posteriormente acampando em quartéis, os movimentos de não reconhecimento das eleições, mesmo com o continuado financiamento de empresários (que temem perder o financiamento público farto que tiveram de Bolsonaro para aparelhar o próprio movimento fascista), não conseguiram ser grande e fortes.

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Fiquei até um pouco espantado com algumas reações nossas no dia de hoje, alguns amigos meus chegaram a alertar para um perigo iminente de golpe, mesmo que se fazendo aquela conferência de fatores necessários para golpe, faltassem todos. Não tinha apoio internacional, não tinha apoio majoritário da elite e do mercado, não tinha apoio sequer da imprensa, não havia ameaça de levantamento militar. Tirando a revolta com a depredação do patrimônio público e da inação do Governo do DF, a ameaça de golpe era zero (assim como era de zero a ameaça de golpe no capitólio). 

O blefe, baile da Ilha Fiscal e canto de ganso do ativismo golpistas bolsonarista soou mais como um ato de desespero que um ato coordenado eficaz. A partir do fracasso da patetada de hoje, dia 08 de janeiro, as consequências podem ser funestas para o bolsonarismo. O discurso de complacência com concentrações em porta de quartéis, em rodovias, ou mesmo caravanas pró golpe em Brasília serão facilmente criminalizados. No dia de hoje, há um consenso que todo e qualquer ato que vise a derrubada do governo eleito pode ser barrado no seu nascedouro. Com as listas de passageiros, cerca de 3 a 5 mil membros terroristas do bolsonarismo serão fichados e ou presos, empresários concatenados com o ato de hoje também sofrerão ações penais.

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O botim político do ato de hoje não é positivo para o bolsonarista, até o Ibaneis tenta agora se desvencilhar (inutilmente do ato de hoje). Não, 49% dos eleitores votaram em Bolsonaro mas não temos, felizmente no Brasil 49% de fascistas. A ala extremista do bolsonarismo se isola e perde validação, todos os atos de repressão a eles estão previamente justificados e serão festejados até pela ala de centro-direita do governo, para nosso espanto, hoje, a mesma Rede Globo, que ajudou no golpe contra Dilma e Lula, pedia prisão e medidas duríssimas contra todos os golpistas tachando todos de terroristas.

Pesquisa feita hoje mostra que 90% das pessoas entrevistadas condenaram os atos terroristas, isto significa que mesmo quem votou em Bolsonaro deixou de apoiar as patetices dos esquizóides acampados em frente ao quartel. Neste momento já são cerca de 500 presos e, certamente, as prisões devem alcançar cerca de mil pessoas. 40 ônibus estão confiscados, as listas de passageiros já estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Não há crise institucional, o governo hoje se encontra mais seguro que ontem e a página das manifestações patéticas de frente para os quartéis será virada.

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Isto está longe de subestimar o nazifascismo. Ele veio para ficar e tomou corpo com Joaquim Barbosa, Sérgio Moro e Jair Bolsonaro, mas o tiro no pé que os fascistas deram não os ajudarão a evoluir no sentido de se organizar para um golpe de Estado, muito pelo contrário, dará força para que seja reprimido sem oposição da opinião pública o movimento golpistas, seus líderes presos e suas redes de financiamento monitoradas e sequestradas. Toda tentativa de golpe, quando fracassado, leva a um refluxo do movimento que o tenta. 

A tentativa fracassada reforça o discurso de Flávio Dino que não pode haver anistia, que não pode haver leniência e que todos devem ser punidos. A história se repetiu como farsa, a montanha pariu um rato.

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