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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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A morte e a morte de Glauber Rocha ou: vamos rememorar

"Um documento do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA) localizado por mim, no Arquivo Nacional, durante os trabalhos de pesquisa da Comissão da Verdade do Rio, leva a uma inquietante conclusão: Glauber Rocha pode ter sido marcado para morrer, 10 anos e um mês antes da sua morte efetiva, que se deu em setembro de 1981, em Portugal", dia a jornalista Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia; "A causa oficial da morte de Glauber Rocha foi um choque bacteriano resultante de broncopneumonia. Na versão de sua mãe, Lúcia Rocha, o filho 'não morreu da vontade de Deus; morreu de uma doença chamada Brasil'

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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia - Um documento do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA) localizado por mim, no Arquivo Nacional, durante os trabalhos de pesquisa da Comissão da Verdade do Rio, leva a uma inquietante conclusão: Glauber Rocha pode ter sido marcado para morrer, 10 anos e um mês antes da sua morte efetiva, que se deu em setembro de 1981, em Portugal.

Felizmente, pressentindo que o cerco da repressão se fechara em torno do seu nome a ponto de não conseguir mais produzir no país, exatamente naquele ano, o de 1971, com o CISA em seu encalço ele decidiu deixar o Brasil rumo ao exílio.

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A percepção de que não dava mais para ficar, o salvou. No documento, protocolado como "confidencial", sob o nº 2044 - resultado de uma detalhada "arapongagem" sobre a sua vida -, bem no alto, uma anotação à mão causa arrepios. Lê-se claramente a palavra: "Morto". O que se segue deixa evidente que a repressão seguia cada passo das suas atividades por aqui, e com o consentimento do ministro. As informações foram encaminhadas ao gabinete no dia 21 de setembro daquele ano e recebeu o código 0546, no CISA.

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Ao deixar o Brasil seu primeiro destino foi o Chile, onde filmou um documentário sobre os brasileiros exilados, que não chegou a ser concluído. Em seguida viajou para Cuba, onde permaneceu um ano trabalhando no projeto de America Nuestra. Em 1976, Glauber voltou ao Brasil, depois de cinco anos de exílio. No ano seguinte, dirigiu o curta-metragem Di Cavalcanti, que ganhou prêmio especial do júri do Festival de Cannes. Rodou seu último filme: A Idade da Terra, em 1980.

Intuitivo, Glauber Rocha previu a própria morte. Em carta, escrita na adolescência, anunciou que iria morrer aos 42 anos, e quando chegou a Portugal, em agosto de 1981, onde participaria de um ciclo de filmes organizado pela Cinemateca Portuguesa, um mês apenas antes de sua morte, sentenciou: "vim para morrer em Portugal".

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Em setembro, internado às pressas depois de um mal súbito, disse aos médicos que estava sentindo "muita angústia". Morreu dias depois. A causa oficial da morte de Glauber Rocha foi um choque bacteriano resultante de broncopneumonia. Na versão de sua mãe, Lúcia Rocha, o filho "não morreu da vontade de Deus; morreu de uma doença chamada Brasil".

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