A necessária e urgente federação da esquerda e da centro-esquerda
A experiência de ter que governar e legislar com a atual correlação de forças deve servir de alerta para as forças progressistas. Há espaço para todos
A atual composição da Câmara dos Deputados e a necessidade de impedir a conquista da maioria no Senado Federal pelas forças da extrema direita e da direita entreguista devem levar as forças progressistas a repensar seu papel nas disputas eleitorais futuras.
A constituição da federação PP e União Brasil solidificou um campo de direita, agrupando a imensa maioria do Centrão. O MDB e o PSD navegam pelo centro do espectro político. Já o Republicanos, partido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e ligado à Igreja Universal, trafega em pista dupla: às vezes pelo Centrão e, de outro modo, pela extrema direita bolsonarista.
Dividida em oito agremiações partidárias — PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB, Rede, PV e Cidadania —, a esquerda e a centro-esquerda, separadas, podem ver algumas dessas legendas desaparecerem com a aplicação da cláusula de barreira. Há muito mais identidade de propósitos do que desavenças entre essas oito agremiações. O principal vetor de unidade é a defesa do Estado Democrático de Direito, o compromisso com as demandas populares e a defesa da soberania nacional.
Não à toa, esses segmentos se encontram majoritariamente representados no governo liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Projeções indicam que, juntas, essas forças poderiam eleger deputadas e deputados nas 27 unidades da federação, obtendo maioria nos estados de maior densidade eleitoral e alcançando o mínimo de 200 parlamentares, o que daria uma certa solidez ao governo na futura legislatura.
No que concerne às eleições para o Senado, além de candidaturas com musculatura eleitoral, a frente poderia se agregar a algumas candidaturas do centro democrático, no firme propósito de derrotar os candidatos do extremismo direitista.
A mesma equação seria aplicada aos governos estaduais.
A experiência de ter que governar e legislar com a atual correlação de forças deve servir de alerta para as forças progressistas. Há espaço para todos. Em uma federação desse tamanho, só sairiam candidatos aqueles e aquelas com alguma força eleitoral, não havendo espaço para candidaturas com o mero objetivo de se projetar para o futuro.
A mesma avaliação servirá para o próximo pleito municipal, em 2028. Essa federação tem condições reais de eleger milhares de prefeitos e vereadores, já que sua capilaridade abrangerá quase 100% dos municípios brasileiros.
Para a consolidação dessa ampla federação, demanda-se a construção de um programa que defenda o crescimento econômico, a industrialização e a justiça tributária; amplie a distribuição de renda e riqueza; e priorize a educação, a saúde e a segurança pública para todos.
A esquerda e a centro-esquerda precisam dar esse passo ousado. O Brasil precisa.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




