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Ivanildo di Deus Souto

Professor da Rede Pública Estadual de Ensino do Piauí/Teresina-PI

8 artigos

blog

A nova formatação geopolítica mundial e a guerra neocolonialista do imperialismo estadunidense contra o Brasil

O golpe de 2016 é o substrato do projeto ogro-neocolonialista à nação brasileira latino-americana

Sergio Moro (Foto: Ag. Brasil)
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Ao final e imediatamente no período pós Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos da América instrumentalizarem-se, contígua e ostensivamente, para consolidarem sua supremacia bélico-militar, econômica, industrial e tecnológica e tornarem-se a nação mais poderosa da Terra, prosseguindo, assim, à afirmação do seu projeto imperialista-neocolonialista mundo afora. Continuaram, então, acirradamente, o processo de intervenção geopolítica nos países subdesenvolvidos da América Latina, da África e da Ásia para conquistarem seus territórios, manterem governos titerianos e dominarem os seus povos, usurpando-lhes os seus recursos naturais estratégicos, a sua identidade político-sócio-cultural e empobrecendo-os ainda mais para miseralizá-los. 

Elenque-se uma série de ações tomadas à concretização do escopo imperialista estadunidense no período. 1944: realização da Conferência de Breton Woods, cujo “objetivo urgente era reconstruir o capitalismo mundial a partir de um sistema de regras que regulasse a política econômica internacional.” (...) “Esse sistema liberal, que primava pelo mercado e pelo livre comércio e capitais, foi a base para o maior ciclo da história de crescimento do capitalismo. Com sua moeda regendo o mundo e supremacia no setores industrial, tecnológico e militar, um país foi o grande vencedor: os Estados Unidos da América”. (1). Da conferência resultaram a criação do BIRD (Banco Interamericano de Desenvolvimento ou Banco Mundial) e a criação do FMI (Fundo Monetário Internacional), além de terem sidos delineados, explicitamente, parâmetros institucionalizadores da “Guerra Fria” contra a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). 1945:  Criação da ONU (Organização das Nações Unidas) e edição da “Carta das Nações”, assinada por 51 países-membros fundadores, onde foram estabelecidas as cláusulas ao acordo de paz com o fim da guerra e que privilegiaram principalmente os interesses estadunidenses. “No Artigo 39 da Carta, os poderes acordaram que seria o Conselho de Segurança da ONU que “determinaria a existência de qualquer ameaça à paz, quebra da paz ou ato de agressão” no mundo. No Conselho, os cinco membros permanentes teriam um veto sobre a tomada geral de decisões; um Conselho de 5 e não dos 51 membros fundadores da ONU. No Artigo 41, a Carta estabelece que é o Conselho de Segurança que “decidirá sobre as medidas que, sem envolver o emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para tornar efetivas suas decisões”. (...) “Se essas medidas não funcionassem, o Artigo 42 do Capítulo VII permitia que os “Estados Membros” usassem as forças armadas contra as nações soberanas. Alguns “Estados Membros” tinham mais poder do que outros, mas um deles buscava poder preponderante: era os Estados Unidos”. (2). “É importante reconhecer que a “Carta da ONU forneceu a estrutura legal para o intervencionismo desregrado. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e não os quase 200 Estados da Assembleia Geral da ONU, têm o poder de decidir quando e como intervir contra Estados soberanos” (3). A ONU foi criada com o objetivo de “manter a paz e a segurança internacionais”, mas, desde o início da sua existência foi usada e desrespeitada pelo imperialismo estadunidense, principalmente. Uma prova cabal: desobediência dos EUA à determinação da Assembleia Geral da instituição para se acabar com o embargo comercial à Cuba imposto pelos próprios EUA e que já dura 60 sessenta anos!. 1948: criação da OEA (Organização dos Estados Americanos), cujos supostos objetivos são a cooperação, a promoção e a consolidação da democracia, o desenvolvimento, a garantia da soberania, paz e justiça entre os seus países membros. Mas não é o que realmente acontece; o protagonismo é sempre estadunidense. Ainda, em 1948, criou-se o Estado de Israel (Estado Judeu), uma nação sucursal dos EUA no Oriente Médio, em território palestino e que relegou os palestinos à condição de “povo sem país”, com a consequente tomada e desterritorialização paulatina desse povo, expulsando-o da sua Terra Mãe. Destaque-se que a ONU consentiu a criação do Estado de Israel mas nunca ousou permitir a criação do Estado Palestino. Diga-se que, em 2021, o povo palestino tem e ocupa apenas, aproximadamente, 20% do seu território original. 1949: criação da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), liga militar formada pelos EUA, o Canadá e vários países europeus a serviço do imperialismo. Além, as inúmeras intervenções geopolíticas militares estadunidenses mundo afora.

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Em 1949, além do Bloco Socialista já existente, liderado pela URSS, um fato histórico preocuparia ainda mais os governantes estadunidenses ante o seu ganancioso e predatório macro projeto imperialista: a consolidação da Revolução Chinesa liderada por Mao Tsé Tung. Com a Revolução, o Partido Comunista Chinês passa a ter o controle do novo governo e implementa uma série de medidas à afirmação da sua soberania, do desenvolvimento nacional e pelo auto empoderamento sócio-econômico e cultural do seu povo, o que historicamente aconteceu.  Dez anos adiante (1959) é também consolidada a Revolução Cubana na América Latina sob a liderança de Fidel Castro, e, em 1975, no sudeste asiático, tendo como principal liderança Ho Chi Minh (morto em 1969), o povo vietnamita aplica uma derrota flagorosa às tropas estadunidenses após 20 anos de guerra, frustrando as intenções imperialistas de dominação geopolítica daquela nação. Em 1979, no Oriente Médio, acontece a Revolução Islâmica de Israel liderada pelo Aiatolá Khomeini e, em 1999, na América Latina, Hugo Chávez desafia os EUA e faz acontecer na Venezuela a Revolução Bolivariana. Esses eventos trariam mais dores de cabeça aos Estados Unidos da América. Já, no início do século XXI, em pouco mais de meio século de Revolução Socialista, a China assombra a maior potência econômica mundial e, com outros países emergentes economicamente no cenário internacional (Brasil, Rússia e Índia), oficializam, em 2009, a criação do BRIC, outro fator determinante às mudanças de estratégias intervencionistas-geopolíticas pelo imperialismo estadunidense e que afetaria diretamente o Brasil.

 

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Os BRICS tiveram o seu processo gestatório iniciado em 2001; em 2006 os acordos progrediram exitosamente e, em 2009, foi consolidado. Voltado à cooperação econômico e militar dos países membros, é resultado de intensas relações diplomáticas entre três grandes estadistas de então: Hu Jintao, Vladimir Putin e Luís Inácio Lula da Silva, respectivamente, presidentes chinês, russo e brasileiro, mais os premieres indianos no período da formação do grupo. (A África do Sul ingressou no grupo somente em 2011, daí o acréscimo do “S” à sigla). Essa “aliança intercontinental” fez revelar o estágio de franco desenvolvimento econômico porque passava o grupo e mostrou-se como importante fator à sua ascensão no mercado internacional. Fato: em 2009, ano da sua criação, o PIB do grupo representava 14% do montante do PIB global e, em 2011, auge da crise internacional, já contabilizando o PIB sul-africano, subiu para 18%. Assim, naquele período, o PIB dos BRICS superou os PIBs dos EUA e da União Europeia. (4)

Então, no primeiro decênio deste século, é como BRICS e com Hu Jintao, Vladimir Putin e Lula da Silva, que a China (3ª maior economia do mundo), a Rússia (8ª) e Brasil (9ª) (3) começam a afrontar o imperialismo estadunidense quando abocanham maior participação no mercado e passam a ter maior influência geopolítica mundial. Com essa condição -e como consequência óbvia, os Estados Unidos arquitetam sua reação para intervir, desbancar e neutralizar o ciclo processual de desenvolvimento industrial, econômico, científico e tecnológico dos BRICS. No início do segundo decênio, aí travam uma nova “Guerra Fria” -e híbrida, através dos sórdidos instrumentos que historicamente utilizaram para frear, barrar e inibir o processo de afirmação da soberania, do desenvolvimento e da auto-determinação dos povos mundo afora. Com a Rússia e com a China não atingem a pretensão, mas, com o Brasil, a história foi outra.

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A Rússia soberana, como nação herdeira da URSS, experiente e calejada em “guerra fria” e com um enorme potencial bélico-militar e um sofisticado aparelho de inteligência e espionagem internacional, continua superando ardilosamente a obstaculização e eliminando sorrateiramente os possíveis tentáculos imperialistas impedidores de suas políticas mercadológicas e geopolíticas na área territorial de sua atuação, mantendo-se incólume na direção dos seus propósitos de soberania, desenvolvimento e estratégicos-comerciais. A China, por sua vez, com uma população de dois bilhões e 300 milhões de habitantes, um soberbo parque industrial e tecnológico e um mercado interno potencialmente consumidor, fez ampliar-se significativamente sua participação no mercado e aumentar sua influência geopolítica com ações bem distonantes das historicamente praticadas pelos EUA, tornando-se noutro grande instrumento da dinâmica geopolítica mundial. Veja-se: enquanto os EUA promovem uma política conflituosa e predatória de intervencionismo geopolítico e mercadológico fundamentada na destruição, espoliação, usurpação das riquezas e dos recursos naturais estratégicos, miseralizando as nações e castrando seus sonhos de soberania e desenvolvimento, a China faz o contrário e implementa a política da diplomacia, da  conciliação e da paz com as nações parceiras, valorizando o seu processo de soberanização e de desenvolvimento.

Com a reafirmação da soberania russa no pós queda do “Muro de Berlim”, com o potencial desenvolvimento da economia chinesa, com a flagorosa derrota para o Afeganistão (2021),  com a perspectiva de ter o seu PIB superado ainda neste terceiro decênio de século pela China e  com a própria e crescente instabilidade política e social interna, os EUA concentram o foco -não somente- de suas intervenções geopolíticas na neocolonização da América Latina, principalmente no Brasil, pretensionando manter o que consideram ser o seu “imenso quintal continental” para vilipendiar o povo latino e usurpar-lhe suas riquezas e recursos naturais estratégicos. 

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Como os olhos satânicos e insones do imperialismo (veja-se o tal Tio Sam) vislumbram o horizonte conjuntural vindouro e projetam a desgraça das nações a serem vilipendiadas (a curto, a médio ou a longo prazo), a partir da eleição de Lula da Silva, da criação dos BRICS e da descoberta do Pré-Sal, da afirmação da soberania e do processo de franco desenvolvimento porque vivia o Brasil na “Era Lula”, no primeiro decênio deste século os EUA voltaram sua “máquina predatório-intervencionista-geopolítica” para barrar a ascensão soberana e desenvolvimentista da nação brasileira. A descoberta, o desenvolvimento de instrumentos tecnológicos de ponta  à exploração do Pré-Sal e a importância ascensional do Brasil no cenário político-econômico mundial despertaram a fúria do Imperialismo Estadunidense sobre sua relativa perda de espaço e influência político-mercadológica na parte  territorial latino-americana do continente. Fato incontestável: um Brasil soberano e desenvolvido jamais se coadunará com os interesses imperialistas estadunidenses, pois, se assim o for, ferem-se os preceitos de supremacia desse país império no continente americano.

O Golpe de 2016, transvestido no impeachment da presidenta Dilma Roussef, por um crime juridicamente inexistente e que, porquanto, nunca cometeu; o “lawfere” contra o ex-presidente Lula da Silva e o seu injusto encarceramento por 580 dias na PF de Curitiba pela Operação Lava Jato, arquitetada pela CIA e pelo Departamento de Justiça dos EUA e coordenada por generais das Forças Armadas, pelas elites retrógadas e colonialistas nacionais e outros lacaios do Imperialismo (como o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-promotor Deltan Dallagnol, que cometeram crimes de lesa-pátria, lesaram os princípios republicanos, promoveram o desmonte do Estado Brasileiro e naufragaram a economia nacional no limbo esquizofrênico do neoliberalismo), é o substrato do “projeto ogro-neocolonialista à nação brasileira latino-americana. Temer e Bolsonaro, títeres imperialistas, cumprem, ainda e à risca,  os ditames da cartilha e da agenda impostas por seus patronais tutores estadunidenses. “O Brasil Acima de Todos” é sinônimo do anti-nacionalismo, do neocolonialismo, do morticínio e da miseralização do povo brasileiro latino-americano.  

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“Se e Somente Se”, “Ser ou Não Ser”, eis as equações, questões e motivos escancarados  da guerra híbrida e satânica declarada pelo Imperialismo contra a NAÇÃO BRASILEIRA. Ao povo brasileiro latino-americano, aos partidos e movimentos populares nacionalistas compete somente um caminho concreto e de antemão pavimentado: lutar resiliente e intransigentemente pela ressoberanização nacional, pelo desenvolvimento e por sua própria auto-determinação. Em suma: que refunde-se o Estado Republicano Brasileiro!

Notas:

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1)https:www.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view.../2011/ 

2)PRASHAD, Vijay. As balas de Washington. Uma história da cia, golpes e assassinatos. São Paulo (SP), Editora Expressão Popular Ltda, pp 38

3)Idem, ibidem. Pp. 39bbb 

4)https:www.austin.com.br/Midia/03-03-2021/ 

5)https:www.bbc.com/portuguese/notícias/2010/03/100311_pib_ppp_rw       

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