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Lejeune Mirhan

Sociólogo, Professor (aposentado), Escritor e Analista Internacional. Foi professor de Sociologia e Métodos e Técnicas de Pesquisa da UNIMEP e presidente da Federação Nacional dos Sociólogos – Brasil

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A nova política externa dos EUA com Joe Biden

Não por acaso vínhamos dizendo que Joe Biden, já com 45 dias na presidência, não dava o “ar de sua graça” sobre vários aspectos e temas da política externa estadunidense que mexe com a geopolítica mundial. Com algumas decisões tomadas nos últimos dias, as coisas vão ficando mais claras

(Foto: REUTERS/Bastiaan Slabbers)
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Por Lejeune Mirhan

O novo presidente dos EUA, Joe Biden, do Partido Democrata, tomou posse em 20 de janeiro, portanto há 45 dias. Venho dizendo desde então que ele não estava dizendo a que veio nas questões de política externa. Assinava quase que diariamente dezenas de ordens executivas (uma espécie de decreto) para todos os assuntos internos nos EUA. Mas quase nada vinha fazendo sobre relações de política externa. 

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Disse, em vários dos meus programas semanais de geopolítica, que ele não se posicionava sobre pelo menos sete questões cruciais na política externa. Ainda que eu tivesse opiniões sobre como ele se conduziria nessas questões, seria fundamental que ele começasse a dizer o que fará em termos de temas tão delicados (Venezuela, Cuba, Irã, Palestina, Israel, Rússia, China e Pandemia).

Nos últimos dias, no entanto, uma série de atitudes foram tomadas em que ele está demonstrando a que veio. Eu estou entre aqueles analistas que desde a eleição nos Estados Unidos não fiquei neutro, nem eu nem todos os eleitores progressistas e de esquerda dos Estados Unidos. Todo o setor progressista dos Estados Unidos apoiou Biden, não porque gostasse dele, mas para barrar o pior, o fascismo. Então, estou entre esses.

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Convivo com vários analistas internacionais que passaram toda a campanha dos Estados Unidos dizendo: olha, acho que ambos os candidatos são a mesma coisa, nada vai mudar os EUA. Também aqui estou em completo desacordo com isso. Não é dialético raciocinar assim. Mesmo mudanças pequenas e imperceptíveis são mudanças. Como na evolução humana por exemplo. Os criacionistas dizem: não estou vendo nenhum macaco transformando-se em seres humanos. Por certo que não! As mudanças são lentas e demoram milhões de anos. Essas pessoas veem mas não enxergam!

Alguns chegaram a dizer que iria piorar, porque os Democratas têm um histórico de fazer mais guerras que os Republicanos. Também não é verdade, mas isso é assunto para outro momento. Ambos fizeram muitas guerras, portanto, eu faço essa diferenciação e como marxista, como dialético, tenho insistido em dizer que, se houver mudança – e há uma esperança mundial para que ela ocorra –. ainda assim, se houver – e não é certo que haverá ou não é certo que haverá em maior profundidade – podem ser, de fato, mudanças superficiais. Ainda assim, serão sempre mudanças. 

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Uma eventual mudança, é preciso deixar claro, jamais será fruto da bondade individual do chefe do império de turno, que acumula função de presidente dos Estados Unidos. Eles têm duas funções, uma de presidente do país mais poderoso e a chefia de um império. Assim, jamais será por bondade dele ou de seu coraçãozinho bom. Essas mudanças serão sempre frutos da luta dos povos contra o imperialismo e do fortalecimento de dois grandes polos mundiais, que enfrentam este imperialismo, que é a Grande República Popular da China e a Federação Russa. 

E esta é uma função dialética. Aqueles que dizem que não vai mudar nada, do meu ponto de vista, com todo respeito, também não estão acreditando que estas lutas no mundo inteiro estão ocorrendo. E que a China e a Rússia poderão cumprir um papel de frear os Estados Unidos. Uma análise dialética simples. O raciocínio idealista (ou metafísico) não aceita mudanças e, mais que isso, acredita no máximo em mudanças de lugar, no espaço. Não veem o processo constante e ininterrupto de um processo mudancista sempre em curso que, em alguns momentos da história, pode ser mais rápido ou menos rápido, mas ele está sempre acontecendo.

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Então, vejo que há uma diferença de conteúdo da análise da interpretação sobre a eventual mudança. Eu não quero negar isso. Eu reconheço mudanças importantes. Houve muitas mudanças nos últimos 30 anos. O mundo vive a transição entre a unipolaridade para multipolaridade. Vivemos a mesma situação de 1991, quando acabou a União Soviética? Não, claro que não.

E por que não é mais a mesma coisa? Porque os povos estiveram em luta, estão em luta e a China e a Rússia passam a ser um polo mundial. A Índia e o Brasil saíram de cena, porque são governados por partidos de extrema direita, por pessoas de extrema direita subordinadas aos Estados Unidos. O que aqui se nos apresenta como presidente nem partido político tem mais. E a União Europeia, que é um polo, tem até moeda própria, mas é serviçal dos Estados Unidos. Então, o mundo está mudando todos os dias. Não há que se imaginar que tudo ficará igual.

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Eu publiquei um ensaio no dia 17 de novembro, 14 dias depois da eleição nos EUA, e quando estava claro que Biden já tinha vencido. Eu falava de duas coisas que eu não tinha dúvidas de que ele iria fazer. Duas que eu não tinha dúvidas de que ele não faria. E sete outros aspectos da política externa que eu não tinha certeza nem que ele faria nem que ele não faria. Seria o caso de aguardarmos. 

O que eu não tinha dúvida que ele faria era voltar para a Conferência do Clima de Paris e, voltar para a OMS, isso todo mundo dizia. Só por este fato, há uma mudança na política externa dos Estados Unidos, de um governo unilateralista que não aceitava as instituições multilaterais da ONU, onde se pratica o saudável método de um voto por país, não importa o tamanho dele. Os Estados Unidos têm o mesmo peso da Ilha de Malta e isto é multilateralismo.

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Eu aceito estas regras e me subordino a elas. O Biden é multilateralista, ou não? Voltar ao Acordo do Clima de Paris, defendendo a ciência, é um avanço ou não? Há um desastre ambiental em curso e é preciso barrá-lo. Isso é ou não uma mudança? Voltar para a Organização Mundial de Saúde significa injetar um quarto de bilhão de dólares no orçamento dessa importante organização multilateral da ONU, que foi a parte dos Estados Unidos que o Trump tirou. Significa participar de esforços mundiais conjuntos, com esta grande organização sanitária planetária. Ou isto não é uma mudança? Isso nada significa? Por si só essas duas mudanças radicais na linha política dos EUA é um avanço ou um retrocesso? Seria isso que alguns dizem ser apenas uma maquiagem? 

Então, dizer que nada mudou, não só é errado, como essas pessoas que o dizem não estão sendo dialéticas. Aí, aconteceu o bombardeio em alguns acampamentos da Resistência Anti-imperialista na Síria e no Iraque, mas esta ocorreu dentro do território Sírio, ali na fronteira com o Iraque. Por que isso aconteceu?

Em 15 de fevereiro passado, a resistência iraquiana, que são os guerrilheiros que lutam pela expulsão dos últimos soldados dos Estados Unidos no Iraque, em torno de três mil, o grupo guerrilheiro chamado Kataib Hezbollah, que atacaram bases militares dos Estados Unidos perto do Aeroporto Internacional de Erbil, que fica no norte do Iraque, na região chamada Curdistão, que é a região que tem mais petróleo.

Esses guerrilheiros cumpriram o seu papel. Ataques com aqueles mísseis pequenos, bazucas, mísseis katyusha reformulados. Então, foi feito o ataque. É evidente que quem faz um ataque, imagina que possa vir um contra-ataque.

Biden até que demorou para responder. Ele só o fez no dia 28, ou seja, 13 dias depois. E respondeu não para os guerrilheiros que atuam dentro do Iraque, que são da mesma linha política, vamos dizer, do Hezbollah, são guerrilheiros da Resistência Islâmica, que lutam contra o imperialismo em qualquer lugar do mundo, aos quais a imprensa burguesa chama de terroristas.

Então, entre responder a este ataque para a turma da Resistência Iraquiana, ele resolveu responder para o mesmo tipo de resistência, a mesma linha política anti-imperialista, mas para os guerrilheiros que atuam na Síria. Ele fez uma opção há alguns dias e até aqui, por covardia, porque o Iraque já pediu formalmente para os Estados Unidos deixarem totalmente o seu país, desmontar suas bases e tirarem todos os soldados do seu território. O Iraque já possui hoje um exército que está reconstituído, de tal maneira, não sei se é melhor do que a época do Saddam Hussein, mas ele é um exército já disciplinado, bem treinado, bem armado. 

Biden sabe que o Iraque tem uma forte relação com o Irã, países governados por xiitas, e talvez, então, não queira tensionar muito com o Iraque e preferiu dar a sua resposta tensionando com o governo da Síria.

Não estou dando uma justificativa para o que ele fez. É apenas uma explicação pontual. A Carta das Nações permite respostas armadas quando um país membro é atacado. Qualquer agressão pode ser respondida na mesma intensidade. Biden respondeu na Síria, mas os EUA foram atacados no Iraque. De qualquer forma, se ele continuasse a bombardear a Síria, o tempo todo de lá para cá sem parar, isso, sem dúvida, caracterizaria uma ofensiva de guerra e um posicionamento claro que ele vai, então, ocupar a Síria. Ele fez o ataque pontual e se recolheu. 

E todos devemos condenar esse ataque que nunca é proporcional ao que eles sofreram. É muito parecido com as “respostas” que Israel faz em termos de bombardeios aos palestinos em Gaza quando a resistência faz pequenas incursões armadas em cidades israelenses. Um cratera aberta no solo de uma bomba lançada pelos katyushas é do tamanho de uma bola de futebol enquanto as de Israel abrem crateras do tamanho de uma quadra.

Um segundo aspecto que quero mostrar que mudou pouco na ação externa estadunidense foi o fato de os Estados Unidos continuarem a usar o instrumento de sanções ilegais, porque são unilaterais, não passaram por nenhum fórum multilateral. Não foi a ONU que autorizou essas sanções, estas atitudes que são ilegais e ocorrem à revelia do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Que sanções são essas? 

Aí vem as nuances da diferença. Antes os Estados Unidos sancionavam o país inteiro e agora estão sancionando pessoas. É a mesma coisa? Não é a mesma coisa. Ele não impôs um bloqueio para a Rússia inteira, ele não proíbe a Rússia de fazer comércio como está proibindo o Irã e a Venezuela. Isso seria uma sanção contra o país. O que ele fez contra a Rússia? Sancionou algumas pessoas do círculo próximo do presidente Vladimir Putin. Há uma diferença até de conteúdo. A dimensão da intensidade da sanção varia, se fosse para o país inteiro, mas foram para algumas pessoas apenas.

Até onde eu tenho conhecimento, nenhuma dessas pessoas ocupa cargo governamental. São pessoas ricas, milionárias, oligarcas, alguns são até amigos do presidente da Rússia. Ele também fez isso com 76 pessoas da Arábia Saudita. Essa é a primeira vez na história dos Estados Unidos da sua fase imperialista, não desde 1778 quando o Washington ganhou as eleições, mas uma fase mais recente, especialmente depois de 1945.

Houve um encontro em 1945 entre o rei da Arábia Saudita, Abdul Aziz Ibn Saud com o presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, a bordo do navio US Murphy. A Segunda Guerra já estava com seu desfecho assegurado em 1945. Roosevelt nem desceu do navio, o rei subiu, foi feito um acordo, a Arábia Saudita já era uma grande exportadora de petróleo. O rei pediu a proteção dos Estados Unidos, ao que Roosevelt concordou. Em contrapartida, exigiu que jamais deixassem faltar petróleo para os Estados Unidos e que todo o comércio internacional deveria ser feito em dólares, que são os petrodólares. Pediu ainda a instalação de uma base militar estadunidense na Arábia Saudita.

A Arábia Saudita, nesse momento, torna-se um protetorado dos Estados Unidos, sem nenhuma autonomia. Deixa de ser um país independente. De 1945 para cá, nenhum presidente dos Estados Unidos teve a coragem de sancionar alguém da Arábia Saudita. E por que esses 76 foram sancionados? Porque a CIA fez um relatório dizendo que estas pessoas têm relação direta com o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, no consulado saudita de Istambul.

Isso ocorreu no dia 2 de outubro de 2018. O corpo dele foi picado e dissolvido em ácido. A mando de quem? Do MBS, sigla inglesa de Mohammed Bin Salman, que é o príncipe herdeiro, que é o que governa, na prática. Ele mandou matar Jamal. Mas, o Biden não teve a coragem de sancionar o mandante do crime que é um criminoso, o principal. Mas, sancionou 76 pessoas do seu entorno, com sanções pessoais, de natureza política, não afetam a economia da Arábia Saudita.

Mas fez sanções e qual é o problema das sanções? Essas pessoas não podem pisar nos Estados Unidos, pois os seus Green Card (passaporte privilegiado que não precisa de visto) foram cassados. Essas são pessoas milionárias. Não mudou nada? Mudou, essencialmente mudou. Mas, o que se esperava era ele punisse o mandante, mesmo punindo os 76. Não houve condições políticas para isso.

Esperamos que isso ainda ocorra. Hoje existe um contrato bilionário em andamento, há uns dois anos, desde Trump que o assinou com este príncipe. A Arábia Saudita compraria nesses dez anos 350 bilhões de dólares em armamentos dos Estados Unidos. Vê-se que, do ponto de vista do império dos Estados Unidos, é delicado uma sanção dessas, mas ele fez.

E quais são os outros problemas, as atitudes que ele tomou que, na aparência nada mudou? Já dei aqui vários exemplos de mudanças, ainda que não substancial. A sanção da Arábia Saudita é substancial. Eu quero aqui registrar, que ele suspendeu as sanções à  economia venezuelana como um todo, porém, manteve o veto à exportação de petróleo e importação de peças para refinaria e insumos necessários para quebrar a cadeia do petróleo e produzir seus derivados.

Então, ele não manteve toda a Venezuela sob bloqueio. Houve a manutenção de um pedaço das sanções, suspendendo o resto. Isso é positivo? É melhor que ele continuasse sancionando o país inteiro? Então, você tem que registrar essas pequenas mudanças. Se você não registrar estas pequenas mudanças você está negando as mudanças, ainda que pequenas, e que elas são frutos da luta dos povos.

Com relação à Cuba, que eu estava dizendo que Biden não disse a que veio, ele manteve sanções que vêm desde 1996. Decorrentes da Lei Helmut-Burns, da época do governo Clinton. Essa Lei diz que qualquer navio que aportar em porto cubano, não pode atracar em porto estadunidense. Um absurdo, uma lei que fere o direito internacional. Lei de um país, não pode valer para o mundo inteiro. Mas, eles se acham donos do mundo.

Então, a partir daí, cada navio que aportava em Cuba para deixar ou carregar mercadorias, recebia uma sanção. Então, estão sancionadas estas embarcações e os donos delas, os seus armadores, os proprietários desses navios. E isso era feito para aqueles que não concordaram com esta legislação draconiana, que completa 25 anos esse ano de 2021, e não dá sinais de ser suspensa. 

Não bastaria Biden assinar uma ordem executiva (equivalente a um decreto presidencial). Ele tem que aprovar um projeto de lei na Câmara, revogando aquela lei. Algumas empresas não aceitaram isso e continuaram comercializando com Cuba, só que elas foram sancionadas porque em porto dos Estados Unidos, elas nunca mais atracaram. 

O Obama poderia ter suspendido essas sanções quando ele restabeleceu relações diplomáticas com Cuba em 2015 e depois visitou a Ilha em 2016. Ele suspendeu algumas restrições, mas manteve todas estas empresas sancionadas. O Biden era vice do Obama. O que nós estamos dizendo é que espera-se na comunidade internacional que Biden retorne às relações com Cuba, no patamar que elas estiveram com Obama.

E isto é possível de acontecer e ainda vamos ver isso. Não sabemos em quanto tempo. Mas, então o que ele fez em relação a Cuba, não foi manter as sanções generalizadas, foi apenas não revogar estas que já tinham sido sancionadas com relação, especificamente, à questão desses navios que comercializam com Cuba.

Passo para um aspecto também que não é pouca coisa. Fala-se por aí, que ele continua reconhecendo Guaidó como presidente, de fato, da Venezuela. Eu, sinceramente, eu leio bastante de política internacional e não vi uma declaração enfática de que esta é a opinião do governo dos Estados Unidos. 

O que aconteceu, inclusive, recentemente, foi que o secretário de Estado, Antony Blinken, encontrou-se com o Juan Guaidó, no Canadá, mas encontrou numa condição de que ele é uma pessoa que já tem, evidentemente, projeção internacional, porque é antigoverno bolivariano da Venezuela. Eu não vi matérias que dizem que ele é o representante do povo da Venezuela. Precisamos analisar e estudar mais. A União Europeia suspendeu o reconhecimento de Guaidó como “presidente” da Venezuela. Os Estados Unidos vão continuar reconhecendo-o nesta condição? Ainda há que se ver.

A penúltima questão que eu quero apresentar, a mais grave de todas é a tensão no mar do Sul da China. O tensionamento é diário, cotidiano, 24 horas por dia. Eu comentei há duas semanas, que ele mandou um segundo porta-aviões – o USS Nimitz da V Frota do Golfo Pérsico – e foi juntar à VII Frota do Pacífico, com o USS Theodor Roosevelt. Isso não é usual. Isto, por si só, tem muita gravidade.
Fala-se que dois porta-aviões navegando lado-a-lado só ocorreu umas poucas vezes nos últimos 50 anos. Para que isso? Para provocar a República Popular da China. Isto tem um poder de fogo impressionante. São 12 mil marinheiros, 180 aviões de caça, fora os navios do chamado o grupo de escolta, o scort group. Isso gera tensão. Não bastasse isso, Canadá, França, Austrália e Japão, mandaram navios para ficar ao lado dessas duas Armadas dos Estados Unidos. Para quê? Proteger Taiwan? Taiwan não está sob ameaça. A China não disse que vai invadir Taiwan.

O objetivo é provocar a China, manter mesmo a situação tensa naquele mar. Isto, ele manteve uma situação anterior e até a agravou. Por que ele está fazendo isso? Evidentemente, o pano de fundo é: ele como chefe do império apenas, eu sempre disse que havia duas coisas que ele fará: não deixará de lutar para que os Estados Unidos continuarem com hegemonia no mundo e, para isso, ele tem que rebaixar a China e a Rússia a uma condição de não polo, de não potência mundial. Não vai conseguir. Mas, ele vai fazer isso, vai tentar o tempo todo.

O segundo aspecto que ele não fará. Escrevi em um longo ensaio em novembro de 2020, onde dizia que ele não mexeria no capitalismo. Ele não vai ser o Gorbatchov dos Estados Unidos, lembrando que esse personagem acabou com o Socialismo na URSS. Ele não vai acabar com o Capitalismo nos Estados Unidos, nem mexer no modelo financeiro neoliberal. O Biden é o presidente dos Estados Unidos que também é chefe do império, e vai manter essas duas questões. O objetivo dele é destruir a Rússia e a China. Eu não tenho dúvida disso.

Semana passada eu escrevi que os EUA pretendem derrubar o Putin. Que será do mundo multipolar que tanto desejamos se isso acontecer? Colocam no lugar do Putin um tipo como o que já foi o presidente em 1991, Bóris Yeltsin, que era um alcoólatra, totalmente subordinado aos Estados Unidos. Isso anularia a Rússia.

Então, aí nós andaríamos para trás na roda da história. Estaríamos dando passos para regredir ao mundo unipolar, onde só tinha um chefe, um xerife no planeta, que eram os Estados Unidos. Portanto, a Rússia não pode deixar de ser um polo. O Brasil deixou de ser com a nossa derrota em 2018 e isso foi muito ruim. Se não andamos para trás, pelo menos não andamos para frente com mais velocidade rumo ao mundo multipolar.

A Índia também deixou de ser um polo mundial, ainda que tenha grande importância no cenário geopolítico mundial. Ela, como o Brasil, deixaram o BRICS. Mas, o “B” e o “I” dos BRICS, se não saíram, e acho que não vão sair, não fazem nada para fortalecer o bloco. Então, a Índia deixou de ajudar a construir esse mundo de multipolaridade.

Vejo que, na geopolítica mundial, algumas situações são decorrentes de manipulações de eleições internas, onde o próprio povo tem a sua consciência manipulada. Isso ocorreu aqui em 2018. Nós chamamos de fraude, por causa daqueles aplicativos de propagandas mentirosas que mexeram muito com a consciência das pessoas, que acreditaram em mentiras. Este método, tirou a Inglaterra da União Europeia, que é o Brexit e elegeu Trump e Bolsonaro, que não têm legitimidade. Suas “vitórias” são frutos desses aplicativos.

Temos também as pessoas que manipularam esses aplicativos, como aquela empresa chamada Cambridge Analytic e aquele cidadão estadunidense chamado Steve Bannon. Esses caras estavam dentro de um projeto geopolítico mundial de destruir o Brasil e destruir a Índia e hoje estão empenhados nisso. 

Quando eu falo destruir, é tirar o governo que comanda esses países e colocar um governo amigo dos Estados Unidos. É o grande objetivo deles hoje com a Rússia e com a China. Com a China eles não podem e nem tem condições de fazer alguma movimentação. Vamos ver com relação à Rússia de Vladimir Putin.

Há uma região na China que tem muitos muçulmanos, chamada Xinjiang, onde tem a etnia dos Uigures. Os EUA se aproveitam para falar em “direitos humanos” na China. Eles não conseguirão derrubar a China. Lá eles têm um Partido forte e centralizado, revolucionário, 100 milhões de membros, que é o Partido Comunista Chinês, que completará 100 anos no próximo dia 1º de julho.

A seguir, tratarei de outros temas relacionados à geopolítica mundial que reputo de grande importância no momento em que vivemos no mundo hoje. 

1. A Pandemia da Covid-19 e a vacina no Brasil

Entre os países em desenvolvimento, o Brasil é o que menos vacina, proporcionalmente, a sua população. Eu visito sites diariamente que mostram dados online, tanto no Brasil como no mundo. Nós estamos hoje em nosso país com em torno de oito milhões de vacinados, isto é, 3,83% da população brasileira. Isto é insignificante. Mas não é só no tocante à imunização. O não combate à pandemia, a partir do governo central, que nada faz, está gerando consequências sanitárias gravíssimas para o Brasil. 

Nesses últimos dias tivemos o recorde de quase duas mil mortes. Será que chegaremos a  três mil mortes por dia? Não quero ser pessimista, mas não tem como ser otimista na conjuntura atual. Eu fiz algumas projeções. Relembro que no ano passado, a Imperial College, uma instituição de pesquisa muito renomada no Reino Unido, fizeram algumas projeções para o Brasil e construíram 5 cenários. No quinto cenário, o mais catastrófico, indicava que o Brasil poderia chegar a 1,152 milhão de mortes.

Eu fiz algumas projeções com base nas últimas médias móveis de mortes diárias. Se, de fato, nada for feito ou se continuar como está, não fazendo nada, ainda que aumente o percentual de vacinação, que ainda estaria longe do suficiente, nós poderíamos chegar no final do ano com 600 a 700 mil mortes. E o número macabro e cabalístico de 1,15 milhão de mortes, seria atingido em junho ou julho de 2022. 

Está uma situação muito delicada, que está gerando, mais do que temor, gera um certo pânico entre a maior parte da população, que está esclarecida sobre esta doença, a Covid-19 que, não tem cura, não tem tratamento precoce, não tem remédio e, aqueles 3% que chegam mal ao hospital, vão a óbito, pois hoje as UTIs estão lotadas.

O que temos visto é que o governo central faz justamente o oposto do que a ciência recomenda. Investe contra o isolamento social atacando governadores. Diz que as máscaras fazem mal para a saúde e incentiva o seu não uso. Seu “ministério” da Saúde orienta para tratamentos “precoce” (sic) usando medicamentos não recomendados por nenhuma entidade médica e sanitária em todo o mundo.

A variante do vírus que surgiu no Brasil, que passa a ser o epicentro da pandemia no mundo, chamada P1, dizem os cientistas, que ela pode ser até 10 vezes mais contagiosa, ou seja, ela se propaga com mais velocidade. Por isso, a máscara, com dupla ou tripla proteção é o que temos de mais eficaz em termos de proteção. Para saber se sua máscara é boa ou não, é só pegar uma vela acesa e assoprar, se conseguir apagar a chama, a máscara não serve.

E máscara, não é só para proteger as outras pessoas da sua saliva, é para proteger você também das outras pessoas. Então, essas medidas, o confinamento absoluto, aqueles que podem, é evidente, deve ser indicado. Este governo negacionista e neoliberal não vai pagar a folha de salário de pequenas empresas, como países capitalistas a exemplo da França, Inglaterra e Alemanha fizeram. 

Nesses países eles pagaram 80% da folha. Os empresários deixaram de pagar aluguel, eles prorrogaram, suspenderam o pagamento de contas básicas de um estabelecimento. Isto é, o Estado entra na defesa da saúde, sem se preocupar com a economia, porque a vida das pessoas vale mais do que a economia.

A mortalidade dessa variante, se o contágio é até dez vezes maior, a mortalidade passa a ser do dobro. Fala-se de 5 a 6% de mortalidade, o que é grave. De cada 100 pessoas que pegarem a doença, cinco a seis morrerão. Hoje nós estamos com 10 milhões de infectados. Supondo que esse número atinja 100 milhões de infectados no Brasil, morrerão 2,5 milhões de brasileiros, muito além das projeções do Imperial College.

Por que isto acontece? Eu listo as causas:

1. O presidente da República vem a público, diariamente, criticar as medidas adotadas pelos governadores e prefeitos que estão, timidamente, tomando resolução de confinamento. Eles não usam o termo lockdown, preferem toque de recolher. Inventam termos para não aparecer a verdadeira coisa que precisa ser feita que é, parar tudo. O vírus precisa ser controlado. Isto não vai curar, mas vai evitar a propagação, até a população ser vacinada. Não há outros métodos, não há cura. Temos que aguardar a vacina confinados, mas nem todos podem ficar em casa o dia todo.
O presidente deu uma declaração recentemente dizendo que ele é totalmente contra o lockdown nacional. Os “colegas” dele, da extrema direita mundial: Narendra Modi, da Índia, Victor Orban, na Hungria, Benjamin Netanyahu, de Israel, todos de direita, estão empenhadíssimos no combate à pandemia.

Portanto, Bolsonaro e nosso Brasil estamos ficando cada vez mais isolados do mundo.  Não é errado dizer que o Brasil está se tornando um país pária na comunidade internacional. Ele já estava isolado na diplomacia, na economia, na política, já não tem mais um padrinho na Presidência dos Estados Unidos, agora está isolado sanitariamente. Fronteiras estão sendo fechadas para o Brasil e brasileiros e brasileiras estão sendo impedidos de desembarcarem em dezenas de países, que impediram a chegada de voos oriundos do nosso país. É uma situação muito difícil.

2. A segunda causa, o governo continua disseminando mentiras, sobre remédios e tratamentos para o combate à Covid. Mandou seu “ministro”, entre aspas porque não dá para considera-lo um ministro, para que viajasse para Israel. Mandou-o para “estudar” (sic) um spray nasal que nem Israel usa. Ele está em uma fase de testes ainda.

Israel, que está atingindo a quase 50% de sua população vacinada (menos os palestinos, claro), simplesmente ignoram esse spray. Mas Bolsonaro está apostando todas as suas esperanças nesse spray. Isto é uma mentira, é fake News. É levar esperança sobre algo que não será concretizado. Ele, na verdade, leva ilusão, criando falsa esperança.

Eu tenho a impressão de que este tipo de atitude só atinge aquela parcela da população, estimada em 30%, que alguns chamam de “bolsonaristas de raiz”. Mas, é até provável que até uma parte dessas pessoas não estaria de acordo com ele e sua conduta.

3. A terceira questão, ligada à segunda. É um governo negacionista. Ele nega a ciência. Não acreditou nas vacinas e perdeu o timming para comprá-las e corremos o risco de ficarmos com poucas vacinas.

4. Não há nenhuma campanha nacional, institucional, do governo brasileiro, para educar e conscientizar as pessoas do perigo e da gravidade da doença, como forma de prevenir, mas não curar. O único esboço de campanha feito pelo governo federal, foi em março ou abril de 2020, quando a pandemia estava crescendo, e alguns governadores começaram a fechar tudo, ruas desertas, várias capitais do Brasil inteiro. Ele colocou no ar uma campanha: “O Brasil não pode parar, o Brasil precisa trabalhar”. A justiça, felizmente, mandou retirar do ar. Ele não fez mais nenhuma campanha.

Então, qual é a gravidade deste momento? Não é que está aumentando a mortalidade. Ela se mantém entre 2 e 2,5%. O problema, é que as pessoas estão morrendo dentro da UTIs, que era a última esperança. O doente é entubado, o ventilador ou pulmão artificial faz o seu papel, na esperança do seu próprio corpo se recompor e, por meio dos anticorpos, combater o vírus. Assim, sair da UTI e sobreviver. Só que hoje, o sistema de saúde, público e privado, entrando em colapso, significa que essas pessoas morrerão, antes de conseguir a intubação e ventilação.

Tem muitas pessoas que se recuperam nessa fase. Mas, neste cenário, as pessoas não chegarão a ver isso e morrerão asfixiadas antes de chegarem às UTIs. E, os hospitais, nem sequer internarão essas pessoas em estado mais grave, porque também não há leitos normais. O resultado é que o doente não será recebido em nenhum hospital, seja ele público ou privado. Poderemos ver pessoas morrendo na porta dos hospitais ou em casa.

Lembram-se do Equador, no ano passado? Os corpos ficavam em casa, embrulhados em lençol ou lona, aguardando o necrotério, que demorava cerca de cinco dias para recolher os corpos. Uma cena bizarra. Então, uma situação desastrosa e eu costumo dizer: nosso Brasil não merecia isso. Parte do povo não votou corretamente em 2018, mas uma grande parte dessas pessoas já se arrependeu. E, todos têm direito à vida.

Quero fazer um comentário sobre a divulgação do PIB do Brasil de 2020. Sofremos uma queda de 4,1%. Não é a maior queda, pois teve países que caíram muito mais. Apenas a Grande China cresceu em todo o mundo: 2,3%. É baixo, mas ela já projeta no próximo ano voltar ao “crescimento chinês” de 8 a 9%. Porque a economia já está girando.

O pais teve menos de cinco mil mortos. Um pais de 1,5 bilhão de habitantes, nem dá para calcular o percentual. Porque é um pais socialista que tomou medidas cientificas concretas de proteção. O Estado chinês protege a sua população. E o pequenino Vietnã: cento e tantos dias sem nenhuma morte pela Covid. A mesma coisa com Cuba.

Aliás, esta semana, Cuba começou a vacinar a sua população com a vacina “Soberana”, feita por eles mesmos. Uma maravilha, um país sob bloqueio da maior potência econômica do mundo, tem o melhor sistema de saúde do mundo, o menor índice de mortalidade infantil do Continente. Nem os Estados Unidos chegam perto deles. Agora, vacinando seu próprio povo, com a sua própria vacina. E vão fabricar cem milhões de doses, para oferecer aos países pobres da região do Caribe que não têm acesso às vacinas. 

É uma tristeza para o nosso Brasil. E o fato de o PIB ter caído 4.1%, derruba a nossa economia para 12ª economia do mundo. Calculado em dólar, que está muito valorizado, significa uma economia com menos dólares. Nós que já fomos a sexta economia mundial e rumávamos para ser a quinta, hoje já não figuramos mais entre as dez maiores economias do planeta.

3. Israel e Palestina

Sobre a Palestina, a que veio Joe Biden? Não se sabe ainda. O que se sabe, de concreto, é que dentro do partido do primeiro Ministro de Israel, o Likud, Nethanyahu, que completou neste mês de março, 12 anos ininterruptos de governo, há uma má vontade com o Biden. Eles não falaram nada, mas torceram para o Trump. Porque o Trump carregava no colo Netanyahu, e até apresentou aquele plano chamado de “O acordo do século”. Uma barbaridade, não havia um palestino para discutir aquele plano. 

Será que o Biden vai contribuir para mudar essa situação? Não sabemos. Nós temos esperança que o Biden, usando o poder dos Estados Unidos, possa fazer como Clinton já fez, Jimmy Carter já fez, ou seja, aproximar partes árabes e israelenses para tentar uma conversa. É o chamado processo de paz. Nesses 12 anos com Netanyahu isso não ocorreu, mesmo com um período desses 12 anos cumpridos sob a administração Obama, que não ajudou no processo de paz. O mundo inteiro defende o Estado da Palestina, mas eles não criam o Estados da Palestina.

A ONU não aprova a admissão do Estado da Palestina como membro efetivo, pleno. O Estado da Palestina na ONU hoje é membro observador, como o Vaticano. Então, há muita expectativa com o que possa acontecer ali.

4. Eleições em Israel

Tem um site de pesquisa, com todos os resultados das pesquisas nos últimos meses em Israel (2). Com base nas pesquisas mais recentes (6 de março) vemos que a tendência em Israel é termos uma pulverização partidária. Em torno de 14 partidos podem vir a fazer deputados. Isso não nos é estranho. O Brasil tem 32 partidos políticos, 28 desses partidos têm deputados em Brasília. É uma pulverização absurda e, alguns partidos lá que têm dois, três deputados. Assim, 28 partidos com 513 deputados é muito menos drástico do que 14 partidos em uma Câmara com apenas 120 deputados como é em Israel (chamado Knesset).

Para governar Israel, que vive um sistema parlamentarista, o primeiro Ministro para formar um governo tem que ter 61 deputados. O partido mais votado recebe do presidente da República a incumbência de tentar articular alianças partidárias para atingir a maioria. Tudo indica que Nethanyahu que hoje tem 37 cadeiras, deve cair para umas 30 no máximo, mas ainda assim será o mais votado. 

E quem concorre com ele diretamente? Surge um partido que alguns analistas dizem ser de centro, chamado Yesh Atid, que é dirigido por Yair Lapid. Dizem que esse cara é de centro, eu acho que não, é igual ao Centrão daqui. É centro-direita ou direita. Se Nethanyahu não conseguir formar governo, e aqui arrisco a opinião de que ele não conseguirá, o presidente Rivlin tira essa função dele e passa para o segundo colocado.

Como é que se forma o governo lá? É parecido com o Brasil, só que os acordos entre os partidos para dar sustentação na Câmara, não tem relação em formar governo, porque aqui é presidencialismo e o presidente já está eleito. Mas, funciona como se fosse um parlamentarismo. Porque, você distribui Ministérios. Significa deputados no Congresso que aprovam os projetos do governo.

Eu fiz todas as contas possíveis e ele só chegará a no máximo 52 deputados, de direita e extrema-direita. Portanto, lhe faltariam nove cadeiras ainda. Onde ele arrumaria isso? Nos dois principais partidos religiosos ortodoxos, o Shas e o Judeus Unidos pela torá. Esses dois partidos, já há anos e anos, fazem sete a oito deputados cada um. Assim, se somarmos 15 deputados mais 52, Nethanyahu formará o governo e adquire, de certa maneira o direito de ficar mais quatro anos infernizando a vida dos palestinos. Não creio que esse cenário ocorrerá. Veremos.

Com base nesta última pesquisa, eu fiz também outra simulação. O que são os partidos de centro e da esquerda, os liderados por esse Yair Lapid. A soma deles daria 48 cadeiras, portanto, menos que o Netanyahu. E aí tem os árabes, que devem eleger entre 12 e 15 deputados, através de quatro partidos árabes: o Taal, o Balad, Hadash e Ra’am. É possível que os três primeiros, que farão nove deputados aceitem apoiar um governo de centro, mas sem ter ministérios. Ainda assim chegariam a 57 cadeiras. 

Mas, o problema em Israel não é uma simples soma de deputados. Será que estes deputados dos partidos árabes dariam mesmo sustentação a um governo, seja de centro, centro-direita, para derrubar o Netanyahu? Não sabemos.

Aí, tem uma outra pergunta mais complexa ainda: eles poderiam dar sustentação para formar o governo, mas não participariam do governo, não aceitariam ser indicados para o Ministério. É o que eu acho mais provável. Nunca, na história, desde 1948, algum árabe-palestino ocupou um ministério em Israel. Esses árabes aqui, nenhum deles defende o sionismo. Então, na hipótese deles apoiarem, a soma não fecha e não teremos governo. 

Mas, tem aqueles mesmo 14 ou 15 dos partidos religiosos. Poderia esse Lapid, de centro, convidar esses deputados para seu governo? Mas, se os árabes não participam, a conta não fecha. Chega-se a 57 deputados. Um verdadeiro impasse. Um futuro governo de Israel hoje dependeria – por incrível que pareça – do apoio de deputados árabes ou então de apoio de deputados religiosos ultraortodoxos e sionistas. 

Essa é a minha análise hoje e voltarei ao tema nas próximas semanas, pois as eleições em Israel ocorrerá no dia 23 de março. Acho que o impasse seguirá alto e talvez eles tenham que enfrentar a quinta eleição em dois anos. O maior impasse na história de Israel. Então, é uma situação muito complexa. Nós ainda vamos ter que ouvir falar muito das questões relacionadas a Israel.

1. Este trabalho é baseado no conteúdo de minhas análise semanal da geopolítica mundial que faço em diversos canais e TVs por streaming, particular no meu programa solo no Canal Iaras & Pagus, chamado Geopolítica na veia, todas as quintas, às 11h. Ele pode ser assistido neste link do dia 4 de março de 2021.

2. Veja neste link: <http://bit.ly/3cemXdM>.

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