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Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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A Nova República contra Bolsonaro

"Estejamos prontos para a baderna: derrotado, Bolsonaro não irá querer sair do poder", escreve Carla Teixeira

Presidente Jair Bolsonaro durante ato da campanha à reeleição, no Estado de São Paulo 28/09/2022 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
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Por Carla Teixeira 

A amplo arco de alianças que fundou o que hoje chamamos Nova República foi consolidado durante a década de 1980 e sacramentado com a aprovação da Constituição Cidadã em 1988. Desde então firmou-se um pacto na sociedade brasileira pela inclusão democrática da população através da ampliação da cidadania. Mas também a realização de eleições soberanas, livres e regulares cujo resultado sempre foi respeitado desde 1989. Até 2014, quando o partido do candidato derrotado Aécio Neves, que defendia um projeto neoliberal, contestou o resultado das urnas e passou a sabotar o governo eleito.

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O impeachment fraudulento de Dilma, em 2016, foi resultado da ação coordenada por Aécio somada às investidas autoritárias da operação Lava Jato, à campanha difamatória propagada pela grande imprensa e a conivência do judiciário acuado pelo poder militar via twitter. Estava rompido o pacto da Nova República, ironia das ironias, com participação decisiva do neto de seu arquiteto, Tancredo Neves, liderança incontestável para a redemocratização.

O governo ilegítimo de Michel “Fora” Temer efetivou a “ponte para o futuro”. Tratou-se de uma série de medidas neoliberais como as que limitaram o investimento público em itens como saúde e educação (PEC 95), e a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) que retirou direitos dos trabalhadores e levou milhões de brasileiros à informalidade. O rompimento da normalidade democrática teve como consequência a destruição da credibilidade dos partidos e das principais lideranças políticas. A vitória de Jair Bolsonaro, em 2018, em parte resulta dessa desconstrução política efetivada por aqueles que queriam tomar o poder a qualquer custo. Mas também deriva da prisão ilegal de Lula, condenado por um juiz parcial que depois tornou-se ministro do governo eleito.

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Assim, se o atual presidente da República desafia as instituições, ofende agentes públicos e questiona a credibilidade do nosso processo eleitoral, é apenas mais do mesmo inaugurado pelo playboy mineiro. O falso Messias disse que viria para “desconstruir muita coisa” e dedicou, desde 2019, todo o seu governo para fazer isso: desmontou o investimento em Ciência e Tecnologia, atacou a imprensa, professores e cientistas, reduziu drasticamente os investimentos em saúde e educação ampliando a participação do centrão no orçamento. Mas, principalmente, foi responsável pela morte de 700 mil brasileiros durante a pandemia no maior genocídio da nossa história recente.

Bolsonaro é como o capataz ou o feitor que sente prazer em punir seus subordinados. Isso explica a sua desumanidade durante a crise sanitária, chegando a imitar pessoas com falta de ar para zombar dos que morriam sem oxigênio em hospitais pelo país. Rejeitado pelo mundo, transformou o Brasil num pária internacional. Como a terra plana não gira, capota, tudo começou a mudar a partir de 2021, quando Lula foi solto e, em seguida, inocentado de todas as acusações feitas pela Lava Jato. Com a credibilidade de um mártir que passou 580 dias preso injustamente, tomou para si a missão de ressuscitar a Nova República.

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Começou trazendo para a chapa presidencial o picolé de chuchu, que estava no ostracismo desde a acachapante derrota de 2018. Trouxe também o que restou do tucanato paulista, a Fiesp do pato amarelo, a Febraban, os empresários, industriais, banqueiros, muitos artistas conservadores – como a Xuxa e a Angélica –, economistas conservadores e outras lideranças que seguem aliadas a Geraldo Alckmin.

Do judiciário, os outrora algozes transformaram-se em apoiadores, com destaque para Joaquim Barbosa, Celso de Mello, Nelson Jobim e Ayres Britto. Oligarcas do MDB, caciques regionais de diversos partidos, representantes de religiões cristãs e de matriz africana, influenciadores digitais que costumavam estar na oposição e a minha tia, ou seja, todos menos o Ciro Gomes já entenderam que nessas eleições a opção é Lula no primeiro turno ou a decomposição completa do regime político.

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Se o golpe de 2016 rompeu o pacto democrático que construiu a Nova República, as eleições de 2022 oferece a possibilidade de um novo rearranjo entre as forças políticas e os representantes do poder, com o povo, renovando o traço da conciliação e da acomodação na nossa cultura política. Não é uma simples eleição, mas uma reafirmação civilizatória que resgata os princípios da democracia, da inclusão, da cidadania e da estabilidade previstos pela Constituição de 1988.

Estejamos prontos para a baderna: derrotado, Bolsonaro não irá querer sair do poder. Após a posse de Lula, a disputa no governo será sangrenta, principalmente quando se tratar das medidas econômicas que precisarão ser tomadas. Por isso e muito mais será necessário manter uma permanente e crescente mobilização popular e eleger uma bancada de parlamentares comprometidos com as mudanças que precisam ser efetivadas. Se as pesquisas eleitorais estiverem corretas, o 2 de outubro será o dia de redenção da sociedade brasileira: a Nova República irá se impor sobre Bolsonaro. É melhor já ir se acostumando.

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