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Maister F. da Silva

Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores

35 artigos

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A ordem institucional brasileira requer a desordem da vida cotidiana do povo

Para quase a totalidade do povo brasileiro a formação política foi desempenhada pela tela da televisão e pelas ondas do rádio por mais de meio século, controlada pelos grandes conglomerados midiáticos

Plenário Câmara dos Deputados (Foto: Gustavo Bezerra)
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Quantos de nós não ouvimos diariamente na fila do ônibus, na mesa do bar, colegas de trabalho e em tantos outros espaços de convivência coletiva, os mantras “tenho vergonha de ser brasileiro”, “esse país não tem mais jeito”. Essas são afirmações que podem ser interpretadas de diversas maneiras, eu tendo a interpretá-las como manifestações de um povo sofrido e cansado, sujeito de históricas manipulações das elites, desprovido de uma educação transformadora capaz de contestar a história – contada do ponto de vista dos vencedores. Para quase a totalidade do povo brasileiro a formação política foi desempenhada pela tela da televisão e pelas ondas do rádio por mais de meio século, controlada pelos grandes conglomerados midiáticos. 

A ordem institucional brasileira é regida por esse conglomerado de interesses escusos a nação, que passa por organizar o estado de maneira a suprir suas demandas e privilégios arcaicos. A manutenção dessa institucionalidade necessita drenar o orçamento público para irrigar os bolsos dos banqueiros donos de títulos da dívida pública, subsídio massivo e perdão de dívidas do agronegócio, incentivos fiscais a burguesia industrial, dilapidação do patrimônio estatal, vale ressaltar a participação significante do capital estrangeiro em todos estes setores. Pisotear as áreas de atenção ao conjunto da população, enxugar o orçamento da saúde pública, remodelar o SUS com vistas a priorizar os planos de saúde privados. Atacar a legislação trabalhista e previdenciária, sucatear e extinguir programas sociais. Desmontar o aparato técnico-científico do estado – a área de pesquisa é danosa para a manutenção da institucionalidade burguesa, a não ser que esteja totalmente subordinada a sua orientação política e econômica, com reflexos conseqüentes na área social e ambiental.

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Na falta de um inimigo claro, o qual se possa apontar o dedo e dizer “são eles, ali encontram-se os inimigos do povo”, a massa tende a culpar o conjunto das forças políticas do país, não diferencia alhos de bugalhos e engloba todos no mesmo balaio. Os donos da institucionalidade burguesa, através de seu aparato econômico e midiático, formador de opinião e produtor da formação de massa deturpada, (des)organiza o pensamento e o aprendizado coletivo de maneira a dar sustentação a sua política ideológica e econômica. Tornam o Brasil um país estranho a seu povo.

Levando-se em conta a história política do país, o Brasil viveu breves períodos de “desordem”. As primeiras foram as experiências de Getúlio Vargas e João Goulart. O golpe civil-militar de 1964 tratou de restabelecer a ordem, pode se dizer que não conseguiu em sua totalidade, a resistência foi muito forte, mesmo com todo o aparato repressivo, não foi fácil para o estado brasileiro responder as mortes e desaparecimentos e a opinião pública internacional. Foram décadas turbulentas num mundo dividido pela guerra fria, as revoluções africanas e latino-americanas que embalavam os sonhos dos resistentes e provavam que, o capitalismo e o imperialismo não eram invencíveis. O tempo passou e o arranjo político para o fim da ditadura estabeleceu que na democracia brasileira não se olhasse para o passado com revanchismos e vingança. Os ditadores permaneceram em seus cargos militares e retornaram a caserna e os golpistas civis se travestiram de democratas.

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Os anos 1990 encarregaram-se de colocar o Brasil no caminho do neoliberalismo, a ordem seguiu seu passo. Início dos anos 2.000, nova “desordem” (PT no poder), programas sociais, distribuição de renda, pleno emprego, todo mundo ganha. Segunda década dos anos 2.000, já não dá pra todo mundo ganhar a crise internacional aporta nosso cais, militares saem da caserna e os “democratas” da elite provam que são os mesmos golpistas de sempre, é GOLPE, o país entra em transe e a burguesia exige a volta na normalidade institucional. 

Segundo a grande mídia e as forças políticas conservadoras, o ano de 2016 encarregou-se de colocar as coisas em seu devido lugar. No Brasil onde a ordem institucional burguesa impera, o rico fica mais rico, o desemprego aumenta, a fome é realidade, mas o governo não reconhece como nunca um governo autêntico da burguesia reconheceu, o campesinato é inexistente, e, portanto, não é merecedor de política pública, o ministério da saúde é despachante da indústria farmacêutica, o indígena, o quilombola e o sem-terra são inimigos, o agronegócio é deus e tudo pode, queimar, matar e violar. Essa é normalidade institucional da elite brasileira, onde o povo é estatística.

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A melhoria das condições de vida e do espaço comum é conseqüência de um conjunto de fatores, a economia tem lugar preponderante na construção e sustentabilidade desse projeto. Doravante, para vencer a desordem imposta ao dia-a-dia do povo trabalhador brasileiro é necessária uma campanha ampla de formação política aliada a um processo de mobilização capaz de contestar a ordem institucional estabelecida. Cansaço e sofrimento podem converter-se em esperança, organização e luta coletiva.

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