A perda da memória
Milton Nascimento é um patrimônio vivo que vai ser reverenciado por todos nós por muito tempo
O estudo da memória tornou-se extremamente importante na nossa época e em vários campos disciplinares. A memória é o centro da vida. A perda das funções mnemônicas é a perda da história de vida do indivíduo, fazendo dele um ser anômalo desprovido de experiências e relações. A notícia da doença do cantor e compositor Milton Nascimento, aos 82 anos, pegou todos nós de surpresa.
O artista queixou-se, uma vez, da solidão quando deixava o palco, mas a revelação de demência e mal de Parkinson pelo filho nos deixou muito tristes. O que é a vida senão o somatório de tantas histórias, alegrias e tristezas, vitórias e derrotas? Sem essa contabilidade, não somos nada.
É certo que o legado musical e artístico de Milton é muito rico e variado e faz parte da vida de todos nós, mas para ele é doloroso não se reconhecer em sua bela trajetória e sobreviver a essa névoa que obscurece a riqueza de suas criações.
É difícil, e muitos optaram pela morte. Milton Nascimento é um patrimônio vivo que vai ser reverenciado por todos nós por muito tempo. Suas músicas são de uma qualidade poética e musical que não morre ou se apaga na memória coletiva de seus incontáveis admiradores brasileiros e estrangeiros.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




