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Flávia Lima

Redatora e jornalista com mais de 20 anos de experiência em assessoria política e redações de capitais e Interior – jornais, revistas, rádio e tevê. Colagista nas horas vagas.

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A Prevent Senior, o nazismo e o lucro

"A prática da Prevent Senior de usar cobaias humanas para testar teorias sem embasamento, de desligar aparelhos e ministrar medicamentos ineficazes, também comuns na Alemanha de Hitler, têm um objetivo muito claro: lucro. A falta de empatia é apenas consequência"

(Foto: Reuters | Prevent Senior/Divulgação)
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A Prevent Senior, o nazismo e o lucro

 

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No nazismo, as principais vítimas das torturas e trabalhos forçados eram os judeus, submetidos pelos chicotes da SS, polícia que executava as ordens do governo de Hitler. Antes de mais nada, sob pretextos raciais, suas posses foram confiscadas. Mas o que de pior lhes foi roubado foram a liberdade, os afetos e a esperança, nessa ordem. E o que muitos não sabem é que eles não ficavam trancafiados o dia todo nos campos de concentração, aguardando a vez de morrer. Trabalhavam incansavelmente, como escravos, construindo ferrovias, estradas, abrindo dutos e tanto mais.  

O nazismo tinha um propósito: lucro.

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Nada diferente do propósito da Prevent Senior, segundo as denúncias que vieram a público, ontem: a falta de humanidade com os pacientes é mero detalhe; a prática da Prevent Senior de usar cobaias humanas para testar teorias sem embasamento, de desligar aparelhos e ministrar medicamentos ineficazes, também comuns na Alemanha de Hitler, têm um objetivo muito claro: lucro. A falta de empatia é apenas consequência.  

Nos chocou, é verdade. Ou, pelo menos, deveria ter chocado cada brasileiro e brasileira em idade de entender o que é desumanidade. Deveríamos estar todos estarrecidos com o depoimento da advogada Bruna Morato, representante de 12 médicos, que declarou à CPI da Pandemia que havia um alinhamento da operadora de saúde com um ‘gabinete paralelo’ de Bolsonaro e o Ministério da Economia. Obrigavam os médicos a distribuir kits covid – cloroquina e outros remédios comprovadamente sem eficácia – com o objetivo de evitar a quarentena, manter as pessoas nas ruas e, consequentemente, a economia girando. É verdade que a notícia se espalhou pelo Brasil inteiro, esse Brasil bovino, anestesiado, que perdeu a capacidade de se importar. Mas faltou a grande imprensa ter dado nota sobre a advogada ter pedido proteção especial, no final de seu depoimento. Pois sua vida, agora, corre perigo por ter denunciado um conglomerado econômico que se utilizava de práticas nazistas. E o governo é acusado de estar envolvido. Trama de filmes de 007.

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Hoje, no Brasil, sabe-se que os chamados planos de saúde são propriedade de operadoras “verticalizadas”. Ou seja, a operadora é dona, ao mesmo tempo, do plano de saúde, do hospital e do médico (que, via de regra, submete-se às suas regras e deixa de denunciar sistematicamente esses esquemas, como deveria). Com isso, conseguem preços muito melhores na hora de contratar equipamentos e hospitais, além de influenciar em todas as decisões. Nesse sentido, o caso da Prevent Senior não é isolado.

Modelo semelhante é aplicado nos EUA. O que nos salva, por aqui, é o SUS. Ele salva, no sentido lato, a vida de milhões de brasileiros todos os dias e é prova de que saúde e educação jamais deveriam ser assuntos de economia. Deveriam ter gestão exclusiva do Estado, pois não podem ser tratadas como negócio. E enfraquecer o SUS é de grande interesse desse movimento econômico, que já é quase um monopólio. E não é por acaso que isso tem ocorrido desde a famigerada Emenda Constitucional 95, promulgada por Temer, que congela os investimentos na saúde por 20 anos. Um desmonte que se intensifica dia após dia, nos 1.001 dias de pesadelo do governo Bolsonaro.

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Mas fortalecer o SUS, embora fundamental, não basta. É preciso que a Agência Nacional de Saúde regule o quanto antes essa questão. Simples assim: dono de plano de saúde não pode ter hospital próprio. Também é preciso regular os preços dos planos, pois até os clientes são “selecionados” pelas operadoras. Um exemplo: ao atingir 45 anos, o plano de uma pessoa salta de R$ 400 para R$ 900, muitas vezes impossibilitando que ela continue sendo cliente. Uma regulação que deveria ter ocorrido há muito tempo e, nesse momento, é ainda mais difícil esperar que isso ocorra, embora mais necessário que nunca. Afinal, no balanço dos 1.000 da gestão mais desastrosa que o Brasil já vivenciou, Bolsonaro nos presenteou com um aviso muito claro: “nada está tão ruim que não possa piorar”. 

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