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A Primavera Árabe ao revés

Era 18 de dezembro de 2010 quando milhares de manifestantes saíram às ruas contra o regime opressivo de Ben Ali na Tunísia. A população de 16 outros países do norte da África e do Oriente Médio aderiu aos protestos que desafiavam seus ditadores e suas elites corruptas

A Primavera Árabe ao revés
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Era 18 de dezembro de 2010 quando milhares de manifestantes saíram às ruas contra o regime opressivo de Ben Ali na Tunísia. A população de 16 outros países do norte da África e do Oriente Médio aderiu aos protestos que desafiavam seus ditadores e suas elites corruptas. Assim, a intitulada Primavera Árabe visava instaurar a democracia na região, o que garantiria ao povo uma maior inclusão político-social e direitos civis.

Longe dali, o contrário acontecia no Brasil. Desde as eleições de 2014 ouvia-se o clamor pelo retorno da ditadura e dos militares, cujo discurso foi reforçado no pleito seguinte, de 2018, por inúmeros eleitores da direita. A dúvida que persiste desde então é se o Brasil voltará a um regime ditatorial; inclusive, esta ameaça prossegue com o fato de muitos militares que compõem o governo atual não serem experts nas pastas de seus ministérios.

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Avaliando o contexto, vemos que, por um lado, o governo brasileiro está se alinhando cada vez mais à política americana. Apesar de Trump, os EUA são uma democracia plena, o que contém Bolsonaro de seguir a campanha eleitoral de opressão que o elegeu. Desde que venceu as eleições, o tom de seu discurso está mais moderado e apaziguador.

Por outro lado, o Brasil, em vários exemplos, passa pelas 4 características que constituem um regime autoritário:

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1-      Rejeição das regras democráticas. Rejeita-se a Constituição. Candidatos se negam a aceitar os resultados de uma eleição;

2-      Negativa sobre a legitimidade da oposição. Sem fundamentação, incrimina seus adversários para desqualificá-los em sua participação política;

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3-      Encorajamento à violência. O governo elogia ou recusa a condenação de atos políticos violentos no passado;

4-      Restrição das liberdades civis de oponentes. O governo enaltece medidas repressivas no próprio País ou em outras nações.

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Diante deste dualismo, um dos fatores determinantes será quem ganhar as eleições nos EUA em 2020. Um democrata no poder poderia desfazer os laços afetivos e ideológicos que Bolsonaro mantém com os EUA por vir a defender uma política de valores contrária à dele. Exemplo disso foi a recente objeção do prefeito de NY, Bill de Blasio, à persona do presidente brasileiro.

Essa influência política, por sua vez, afetaria a expansão do comércio bilateral entre os EUA e o Brasil, tão almejada por aqui. Porém, consideremos o fato de que, mesmo com a reeleição de Trump, sua política econômica apresenta-se cada vez mais protecionista.

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No entanto, não é apenas com os EUA que as relações comerciais poderão ser estremecidas, mas também com os países árabes após a visita do Bolsonaro a Israel e de um acordo entre o Mercosul com a União Europeia. Mesmo porque, esta instabilidade política refletiu-se, ainda, na baixa confiança de investidores internacionais, o que resultou pela primeira vez, na retirada do Brasil da lista do FDI Global Index referente aos 25 países que mais atraem investimento direto estrangeiro (IDE) nos próximos três anos.

Cabem, então, alguns questionamentos: uma parte da população que votou em Bolsonaro se voltaria para a esquerda em vista de seus salários defasados e da diminuição do poder de compra a fim de compensar uma contração econômica no País? Bolsonaro conseguiria manter a legitimidade frente à queda constante de sua popularidade, quando medidas austeras em longo prazo afetariam ainda mais sua aprovação? 

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Diante dessas perspectivas, e considerando a propensão ao autoritarismo e o apoio dos militares, não seria tentador que o governo quisesse se perpetuar no poder ciente de que dificilmente teria condições de se reeleger? O que teria a perder ante a diminuição de investimentos estrangeiros e as críticas da comunidade internacional que só aumentam?

Ao longo da história, vimos governantes eleitos democraticamente tornaram-se ditadores, como nos casos de Viktor Orbán, na Hungria, Alberto Fujimori, no Peru e Hugo Chávez, na Venezuela. No Brasil, o PSL e outros partidos da direita falharam na tentativa de serem os guardiões da democracia ao permitirem a candidatura de um extremista ao poder levado por interesses políticos. Ainda assim, seguem com a propaganda contínua contra o “comunismo” para evitar que a esquerda ascenda ao poder novamente; fundamentando a democracia em um campo estético.

As instituições revelam-se cada vez mais enfraquecidas, a oposição é minoria no congresso e a sociedade civil sofreu um desmonte de verbas recentemente. Além do mais, eleitores de Bolsonaro pedem o fechamento do STF e a prisão de seus ministros, desfazendo-se de um dos 3 poderes de uma democracia.

Portanto, trata-se de um panorama propício para que, talvez, o último ato “democrático” do governo seja aceder às reivindicações destes que clamam pela volta da ditadura, experimentando, assim, o fenômeno da Primavera Árabe ao revés. Cabe à oposição combater desde já esses sinais alarmantes de autoritarismo no Brasil. Mas quando irá se unir realmente, se reinventar e se fortalecer?

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