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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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A prisão do Lula revisitada

"Lula entrou cercado pela polícia e saiu gigante, pronto para voltar a ser o Presidente do Brasil no próximo domingo", escreve Emir Sader

Alexandre de Moraes e Lula (Foto: Ricardo Moraes/Reuters | Antonio Augusto/Secom/TSE)
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Todo grande líder revolucionário passou por momentos marcantes, que deixaram sinais nas suas vidas, nas suas trajetórias como seres humanos e como dirigentes políticos.

Lula, entre tantas circunstâncias, havia protagonizado as greves do ABC, que romperam abertamente com o arrocho salarial, elemento chave da ditadura militar. Naquele momento, Lula foi preso e teve que viver a circunstância da morte da sua mãe, dona Lindu. Teve autorização para ir vê-la e participar do enterro, em 1980. Pelo peso que ela teve na sua vida, foi uma vivência que marcou para sempre o Lula.

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Quando terminamos a quarta e última caravana por todo o Brasil, no Rio Grande do Sul, quatro dias depois do retorno, foi decretada a prisão do Lula. Durante as longas conversas nas caravanas, Lula pensava na possibilidade de ser preso. Suas referências eram sempre as de Gandhi e de Mandela. Se via que ele pensava em como encarar a possibilidade da prisão. Se referia ao longo período em que estiveram presos, mas como saíram para liderar a luta vitoriosa dos seus povos. Ele também mencionava Martin Luther King.

Assim que foi decretada sua prisão, todos se aglomeraram no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, onde Lula tinha iniciado sua carreira de líder sindical. A discussão era sobre se Lula deveria se apresentar à polícia ou não. Ele deixou clara sua posição: “não vou à clandestinidade, nem ao exílio." A maioria estava contra que ele se apresentasse. Na primeira vez em que ele tentou sair, o povão não permitiu que saísse.

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No dia seguinte tivemos aquela cena dolorosa do Lula cercado por policiais, para abordar o voo para Curitiba. Em seguida retomamos o contato com ele na Vigília dos 580 dias. De manhã, de tarde e de noite, nós o saudávamos: “bom dia, presidente Lula.” “Boa tarde, presidente Lula”. “Boa noite, presidente Lula”, ele respondia piscando a luz da sua cela.

Quando pude visitá-lo, conheci o quarto em que ele estava, com a cama, a televisão, a estante e uma mesa com cadeiras. Assim como o pátio onde ele podia tomar sol. E os atenciosos policiais responsáveis pela sua custódia.

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Como se relata no documentário “Visita, Presidednte”, ele passava um estado de ânimo que nos passava otimismo a todos. Como disse o Leonardo Boff, quando o visitou, era ele quem passava o ânimo para nós e não nós para ele.

O documentário consegue passar a emotividade de tudo o que ele viveu. Rodeado dos seus companheiros mais próximos, os que sempre estiveram trabalhando com ele, no Instituto Lula – que com grande justiça, ganham o destaque que mereceu por sua dedicação total a ele.

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A trajetória do Lula naquelas circunstâncias é devidamente destacado no documentário: Lula decidiu se apresentar e provar sua verdade. Se retrata no documentário os 580 dias e noites da prisão e da Vigília, com os personagens que cuidaram do Lula todo o tempo – dos seus advogados, da Gleisi, do Haddad, da Janja.

Como disse o Lula ao pessoal dos Grupos de Trabalho, ele não dirigirá sua atuação política por tudo o que ele sofreu. Mas, agregou, nunca esquecerá o que ele viveu.

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O personagem gigante do Lula faz com que o documentário tenha uma enorme força política, ainda que falte o enquadramento político da inocência do Lula e das brutais injustiças que ele sofreu. O próprio papel do Judiciário, da injusta condenação até o reconhecimento, depois da desmoralização da Lava Jato, não aparece com a devida responsabilidade no drama a que o Lula foi submetido, sendo inocente.

Vale a pena ver o documentário, como testemunho de mais um momento dramático da vida do Lula, em que ele entrou cercado pela polícia e saiu gigante, pronto para voltar a ser o Presidente do Brasil no próximo domingo.

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