TV 247 logo
      Leonardo Attuch avatar

      Leonardo Attuch

      Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

      460 artigos

      HOME > blog

      A queda do Cunha do Distrito Federal

      "Celina Leão emulava, em Brasilia, o jeito Eduardo Cunha de fazer política. Um método que impõe sobre o Poder Executivo a extorsão permanente comandada pelo Legislativo", diz Leonardo Attuch, editor do 247; ele assinala, no entanto, que Rodrigo Rollemberg, alvo de Celina, teve mais sorte do que Dilma Rousseff; "Cunha só foi afastado cautelarmente da presidência da Câmara, pelo Supremo Tribunal Federal, depois de abrir o processo de impeachment e comandar a votação na Câmara. Celina Leão caiu antes de levar adiante seu plano"

      "Celina Leão emulava, em Brasilia, o jeito Eduardo Cunha de fazer política. Um método que impõe sobre o Poder Executivo a extorsão permanente comandada pelo Legislativo", diz Leonardo Attuch, editor do 247; ele assinala, no entanto, que Rodrigo Rollemberg, alvo de Celina, teve mais sorte do que Dilma Rousseff; "Cunha só foi afastado cautelarmente da presidência da Câmara, pelo Supremo Tribunal Federal, depois de abrir o processo de impeachment e comandar a votação na Câmara. Celina Leão caiu antes de levar adiante seu plano" (Foto: Leonardo Attuch)

      Enquanto todas as atenções estão voltadas para os últimos capítulos do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em Brasilia, o governador Rodrigo Rollemberg, do PSB, só tem motivos para comemorar. Há poucos dias, por determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a deputada Celina Leão (PPS-DF) foi afastada sumariamente da presidência da Câmara Legislativa, assim como toda a sua mesa diretora. O motivo: gravações sugerem a participação dela e de seus aliados num esquema de propinas, que teria desviado R$ 31 milhões da secretaria de Saúde para parlamentares.

      Celina emulava, em Brasilia, o jeito Eduardo Cunha de fazer política. Um método que impõe sobre o Poder Executivo a extorsão permanente comandada pelo Legislativo. Pouco tempo depois da posse da Rollemberg, que se elegeu sem maioria parlamentar, Celina conseguiu derrubar o então secretário da Casa Civil, Hélio Doyle, que resistia a entregar todos os cargos e favores que eram exigidos por ela. Mas como o esquema de chantagens nunca termina, Rollemberg começava a ser ameaçado por uma conspiração que envolvia seu próprio vice, Renato Santana, do PSD. Ele pretendia reproduzir em Brasilia o modelo de impeachment colocado em prática contra a presidente Dilma Rousseff: arruma-se uma acusação, faz-se algum barulho na imprensa e governos sem maioria parlamentar são colocados contra a parede.

      Essa possibilidade se abriu depois que os distritais observaram a nova realidade do Legislativo federal. Numa entrevista espantosamente franca concedida nesta semana, o ministro Gilberto Kassab afirmou que o Brasil passou a ser semiparlamentarista e disse ainda que todo governo que não tiver o controle de pelo menos um terço do parlamento sofrerá processos de impeachment. Ora, se isso vale no plano federal, também pode se reproduzir nos governos estaduais e municipais. Detalhe: em 1993, quando foi consultada a respeito, a população brasileira fez uma clara opção pelo presidencialismo.

      A diferença entre os destinos de Dilma e Rollemberg pode ter sido determinada pelo timing do Poder Judiciário. Cunha só foi afastado cautelarmente da presidência da Câmara, pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, depois de abrir o processo de impeachment e comandar a votação na Câmara. Celina Leão caiu antes de levar adiante seu plano. Agora, livre das ameaças, Rollemberg pode tentar construir com o Legislativo do Distrito Federal uma relação republicana.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: