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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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A reação negligente da mídia e da sociedade ao terrorismo

"É inimaginável que se espere pelo dia 2 de janeiro para desmontar o acampamento golpista-terrorista e prender quem estiver lá", escreve Helena Chagas

(Foto: Divulgação)
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Há pelo menos 45 dias um grupo grande de pessoas está acampado em frente ao Quartel General do Exército na capital do país, pedindo um golpe militar, e ninguém faz nada. Foram descobertas fortes conexões desses "manifestantes" com atos de vandalismo cometidos há cerca de 15 dias no centro da cidade, quando queimaram veículos, ameaçaram vidas e protagonizaram inédita invasão ao prédio da Polícia Federal - e não houve sequer um preso. E a escalada continua. Descobre-se agora que um desses "manifestantes" colocou um explosivo num caminhão-tanque de combustível na entrada do aeroporto da cidade, o que claramente eleva o acampamento terrorista do QG à condição de bolsão terrorista.

Um inusitado bolsão terrorista, com paradeiro conhecido, instalado nas barbas do poder militar - e civil, pois, da Esplanada dos Ministérios, basta andar alguns metros e espichar os olhos para encontrá-lo. E o que acontece? Praticamente nada. Prende-se o dono da bomba, que confessa não estar sozinho, e deixa-se sua turminha terrorista lá, livre para arquitetar o próximo atentado. 

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O ministro da Justiça do futuro governo, que toma posse em seis dias, age com o recurso que tem hoje: o gogó. Mas não tem caneta e ainda não comanda coisa alguma. Autoridades do atual governo postam tuítes protocolares. O filho Zero 2 do presidente embarca para os Estados Unidos. O capitão ainda inquilino do Alvorada também se prepara para sair de fininho, rumo a férias golpistas na residência de verão de Donald Trump, na Flórida.

Nunca antes em nenhuma democracia digna deste nome tratou-se um ato terrorista com tal leniência. A mídia, e aí boa parte da sociedade brasileira, tão acostumada com as atrocidades cometidas contra a Constituição nos últimos quatro anos, parece prestes a naturalizar também o terrorismo.

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É só olhar em volta o que vem acontecendo desde sábado, quando foi descoberto o explosivo no caminhão-tanque, para se constatar que as reações estão muito aquém do que deveriam. Alguns veículos falam em "suposto atentado", outros dão manchete para temas que, espantosamente, acreditam ser mais importantes do que a preparação de um atentado terrorista para atrapalhar a posse do presidente eleito.

Sabemos todos que nem a explosão do caminhão, se ocorresse, e nem outro ato do tipo que esteja sendo preparado, inviabilizará a posse de Lula ou provocará o caos que o terrorista-tabajara George Washington planejou. Mas ainda estamos, aqui em Brasília, sob o risco de atentados que podem tirar vidas. E isso vem sendo tratado como assunto secundário.

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É inimaginável que se espere pelo dia 2 de janeiro para desmontar o acampamento golpista-terrorista e prender quem estiver lá. Não deveriam estar há tempos. É impensável que a população de Brasília, cuja maioria nada mais quer do que festejar o fim de uma era de trevas com seu novo presidente, esteja em risco de vida por isso.

A fraqueza das instituições de Estado, a cumplicidade não denunciada de autoridades, a complacência da mídia com o golpismo e a indiferença da própria sociedade vão cobrar seu preço - e não é só na posse de Lula. É difícil calcular o grau de esgarçamento de uma democracia que passa por isso.

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