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Carlos Odas

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A República será enterrada com Teori Zavascki

A omissão do Ministro Teori Zavascki, ao permitir que um rematado ladrão liderasse o processo que trouxe o Brasil à condição atual, passando de república presidencialista a uma canalhocracia parlamentar, pode, em última análise, ter sido elemento chave da tragédia que ceifou sua vida. O Ministro tinha todas as condições de ter afastado Eduardo Cunha da Presidência da Câmara antes da sessão de 17 de abril, cujas cenas cobriram o país de vergonha; de todos modos, essa mesma omissão iniciou a degradação sem precedentes e que fez derreter o país, sua economia e seu incipiente projeto de democracia

A omissão do Ministro Teori Zavascki, ao permitir que um rematado ladrão liderasse o processo que trouxe o Brasil à condição atual, passando de república presidencialista a uma canalhocracia parlamentar, pode, em última análise, ter sido elemento chave da tragédia que ceifou sua vida. O Ministro tinha todas as condições de ter afastado Eduardo Cunha da Presidência da Câmara antes da sessão de 17 de abril, cujas cenas cobriram o país de vergonha; de todos modos, essa mesma omissão iniciou a degradação sem precedentes e que fez derreter o país, sua economia e seu incipiente projeto de democracia (Foto: Carlos Odas)
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Impossível dimensionar, num instante, que alcance tem sobre o Brasil a tragédia que levou da vida o Ministro Teori Zavascki; a nota surreal representada por ela, no entanto, em mim fortalece a crescente sensação de que este país acabou. Nada mais há que se possa chamar “república” por aqui. Há escombros, apenas, sobre os quais escoram-se figuras patéticas e impensáveis, como este senhor que ora usurpa os poderes da Presidenta legitimamente eleita, dentre outros aos quais nenhum cidadão sensato confiaria a guarda da própria carteira. Isto a que chamamos “os poderes” ou “as instituições” não passam de estruturas ocas, carcomidas e manietadas por figuras indecorosas, e em nenhum lugar está salvaguardado o bem comum. O Brasil que se vê e se projeta é o pior que poderíamos imaginar: um país acanalhado, perverso com os pobres e prostituído pelos muito ricos.

Sob sua responsabilidade, o Ministro Zavascki tinha informações privilegiadíssimas acerca de esquemas de corrupção nos quais, sabe-se, foram delatados quase todos os titulares das alegóricas instituições que sustentam a republiqueta em que nos tornamos; não só os titulares, aliás, mas os séquitos também. Michel Temer, Aécio Neves, José Serra, Renan Calheiros, Romero Jucá, Geddel Viera Lima, Moreira Franco, Eliseu Padilha e o indefectível “boi-de-piranha” – nas palavras de Jucá – Eduardo Cunha, todos lá, citados nas delações que caberia a Teori homologar e relatar para o Supremo Tribunal Federal. Com a morte do Ministro e relator, quem indicará agora novo Ministro e relator será... Michel Temer; ouvindo, claro, a Aécio Neves, José Serra, Renan Calheiros, Romero Jucá, Geddel Viera Lima, Moreira Franco, Eliseu Padilha e, provavelmente, o indefectível Eduardo Cunha. O colégio formado por estes monumentos à ética irá decidir o futuro da consagrada Operação Lava Jato no STF. Ou seja, este país acabou. É uma farsa na qual pode-se escolher acreditar, mas em que ninguém acredita de verdade.

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Não é preciso saber o que Teori sabia, do conteúdo das mais de mil delações que tinha sob sua responsabilidade, para se chegar à conclusão de que o Brasil já não existe; basta olhar para o fato de que somos governados por um sujeito que foi denunciado por um seu ex-ministro como alguém que usa do cargo de Presidente da República para mediar interesses particulares de um outro ministro. Mas é tão grande o volume de indecências desse governo, que já ninguém mais se lembra de quem são Marcelo Calero e Geddel Vieira Lima. E como se lembrar, se jornais e TVs já se esqueceram do assunto, não é mesmo? Somos governados por alguém que não ousa demitir o cidadão que nomeou para o Ministério da Justiça, mesmo diante das visíveis incompetência, omissão e má-fé no trato das crises diárias na segurança pública.

O problema do Brasil, no entanto, não é este governo, ainda que este governo represente a face mais degradada e imoral que o país poderia ter; o problema do Brasil é que este governo é a síntese do que as instituições brasileiras (Judiciário, Legislativo, Ministério Público e imprensa) têm para oferecer aos brasileiros. E isto só pode significar uma coisa: o fim do Brasil.

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A República após o golpe de 2016 é um móbile, aquela estrutura meramente decorativa e que é sustentada por um fio; e o fio que sustenta essa mentira é a narrativa falsa, forjada por meios de comunicação corruptos e despejada diuturnamente sobre as cabeças de cidadãos incautos, que acabam por pedir para si mais exclusão, mais desigualdade, mais injustiça e menos liberdade.

A omissão do Ministro Teori Zavascki, ao permitir que um rematado ladrão liderasse o processo que trouxe o Brasil à condição atual, passando de república presidencialista a uma canalhocracia parlamentar, pode, em última análise, ter sido elemento chave da tragédia que ceifou sua vida. O Ministro tinha todas as condições de ter afastado Eduardo Cunha da Presidência da Câmara antes da sessão de 17 de abril, cujas cenas cobriram o país de vergonha; de todos modos, essa mesma omissão iniciou a degradação sem precedentes e que fez derreter o país, sua economia e seu incipiente projeto de democracia.

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Com a passagem de Teori, portanto, enterra-se também a República; e o que se colocará nesse espaço é a face horrível de um projeto golpista, autoritário e extremamente corrupto.

Adeus, Teori Zavascki.

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Adeus, Brasil. 

Carlos Odas é militante do Partido dos Trabalhadores

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