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Danielle da Rocha Cruz

Professora de Direito Penal e Processo Penal da UFPB

6 artigos

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A reputação do Brasil se afoga no Rio Jordão

Após expor o Brasil ao ridículo nos EUA e no Chile, Bolsonaro seguiu para Israel em mais uma aventura psicodélica. Seu fascínio por ditaduras, regimes autoritários e mortes violentas é tão evidente que chegou à Terra Santa, deixou o Messias de lado e posou para uma foto armado com uma metralhadora

A reputação do Brasil se afoga no Rio Jordão (Foto: Adriano Machado - Reuters)
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Após expor o Brasil ao ridículo nos EUA e no Chile, Bolsonaro seguiu para Israel em mais uma aventura psicodélica. Seu fascínio por ditaduras, regimes autoritários e mortes violentas é tão evidente que chegou à Terra Santa, deixou o Messias de lado e posou para uma foto armado com uma metralhadora. Esta imagem é realmente perturbadora e reflete toda a incoerência ideológica do governo Bolsonaro, que consiste na dificuldade de compreensão da Política e na instabilidade do Presidente brasileiro. Trata-se de um governo caótico, incapaz de apresentar propostas concretas para resolver ou enfrentar as múltiplas crises do país.

Bolsonaro centraliza as narrativas institucionais por meio da sua dislexia ideológica. Nesta semana, o Presidente expôs as entranhas do seu governo ao visitar o Muro das Lamentações, acompanhado do Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu. Foi um sacrilégio político colocado na conta dos ruralistas. Não existem dúvidas sobre o caráter schmittiano do governo Bolsonaro, um governo que vê nos que pensam diferente um inimigo político a ser eliminado de alguma maneira. Bolsonaro elegeu o PT e a esquerda como seus inimigos e atua de forma inconsequente, contrariando regras de Direito Internacional, verdades históricas consagradas e atacando o bom-senso de forma impiedosa.

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Suas atitudes absurdas em Israel têm gerado especulações sobre os propósitos dessa viagem e sobre os benefícios que poderiam advir para o Brasil. Desde o primeiro momento em que Bolsonaro declarou a possível transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, houve movimentos que demonstraram descontentamentos dos palestinos e do mundo árabe em geral.

A piada do Senador Flávio Bolsonaro na última terça (02) sobre o pedido de retratação do movimento islâmico Hamas – “Quero que vocês se explodam” – demonstra que a incoerência ideológica passou de pai para filho. Não surpreende que depois dessa completa tragicomédia, o Presidente tenha que se retratar e mandar o filho apagar o tuite, tudo ao modo bolsonariano. A única unidade possível no comportamento do governo é a promoção do caos.

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Nem mesmo Donald Trump foi tão ousado quanto o Presidente brasileiro em Jerusalém. Sua visita ao Muro das Lamentações foi discreta desde o ponto de vista diplomático, pois o Presidente dos estados Unidos negou o pedido de Netanyahu para acompanhá-lo. Apesar de reafirmar com ênfase o apoio norte-americano ao Estado de Israel, o ídolo de Bolsonaro teve o cuidado de não causar uma crise diplomática desnecessária com os árabes. Trump é um verdadeiro flagelo que caiu sobre a inteligência e a tranquilidade do Ocidente. Mas ele pensa ou permite que outros pensem por ele no momento de tomar algumas decisões estratégicas para os interesses norte-americanos.

A Resolução nº 478/1980 do Conselho de Segurança da ONU considera que a instalação de missões diplomáticas em Jerusalém viola as regras do Direito Internacional. Trata-se de um território em disputa entre Israel e Palestina que remonta quase a tempos imemoriais. A ordem internacional procura manter algum equilíbrio mínimo na região porque os elementos geopolíticos em torno do conflito se projetam praticamente sobre o mundo inteiro. Mesmo não sendo uma embaixada, a instalação de um escritório de negócios em Jerusalém, onde não há negócios, como ressalta constantemente o jornalista Leonardo Attuch, é tão descabida que desagrada a todos os atores envolvidos, seja em Israel, na Palestina ou no Brasil.

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Mas a visita não poderia terminar apenas com a instalação de um escritório de negócios em Jerusalém. Jair Bolsonaro continua seu despautério tradicional e afirma que o nazismo foi um movimento político de esquerda, demonstrando perfeito alinhamento com o Chanceler brasileiro e os terraplanistas que ocupam cargos no seu governo. Mais do que a demonstração do seu completo desconhecimento de fatos históricos tão notórios, essa afirmação é resultado da sua completa irresponsabilidade verborrágica.  

As falas descabidas de Bolsonaro durante sua passagem por Israel podem intensificar a crise econômica brasileira, mas também podem trazer como consequência a antipatia de grupos armados que lutam ou apoiam a libertação da Palestina. Os brasileiros esperam que a irresponsabilidade do Presidente não transforme o Brasil em alvo de ataques terroristas que partam do fundamentalismo político e religioso, algo inédito em nossa história. Bolsonaro trafega por caminhos que lhe são estranhos. Sua inabilidade para conduzir a política externa e interna do país demonstra que seu lugar não é na Presidência. Sua convivência com os milicianos do Rio de Janeiro causava menos estragos para os cariocas, para o Brasil e para o mundo.

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