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Alberto Cantalice

Diretor da Fundação Perseu Abramo e membro da Direção do PT

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A retomada do protagonismo pela esquerda

'A reação progressista foi emblematizada', escreve o colunista Alberto Cantalice

Ato em Santos contra PEC da Blindagem e anistia (Foto: Guilherme Paladino / Brasil 247)

O verdadeiro tapa na cara da sociedade brasileira partiu da Câmara dos Deputados. A pressão do centrão e da extrema direita pela PEC da Blindagem e pela proposta de anistia aos golpistas, serviu para impulsionar as maiores manifestações do campo progressista em muitos anos.

A mobilização do movimento sindical, dos estudantes e, em especial, do mundo da cultura, congregou multidões em todos os estados brasileiros. A reação progressista foi emblematizada pela presença da bandeira brasileira no ato da avenida Paulista, em detrimento da vexaminosa ostentação da bandeira dos Estados Unidos, na manifestação da extrema direita, no Sete de Setembro.

Diferente da farsa das Jornadas de junho de 2013, não houve espaço para a captura do sentimento popular por pautas que diferem do entendimento dos variados ramos das lutas populares. Além da defesa da democracia, ganhou tração a reivindicação do fim da escala 6X1, a taxação dos ricos e a defesa da isenção do imposto de renda para quem ganha entre 5 e 7,5 mil reais/mês.

Ficou fortemente marcada a defesa das instituições republicanas e a exigência das punições aos golpistas que tentaram desmontar o Estado de Direito e eliminar adversários políticos. A presença de Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Paulinho da Viola, velhos combatentes da ditadura instaurada em 1964, deu o tom do repúdio ao golpismo por parte daqueles que foram suas vítimas diretas. Ilustra esse fato, a fala do cantor e compositor Caetano Veloso que no alto do carro de som em Copacabana disse: “Nós só estamos aqui porque o Lula é presidente”. Afirmação que denota o perigo que correra o povo brasileiro se o golpe cujo ápice foi o 08 de janeiro tivesse sido consumado.

Massiva também foi a participação da juventude. O que remonta às tradições progressistas brasileiras desde a célebre passeata dos 100 mil, no Rio de Janeiro em 1968.

Como não poderia ser diferente, destaca-se a presença da estrutura petista em todos os atos.

Foi efetivamente um grito da sociedade civil brasileira. Tendo a esquerda como elemento de contraponto à captura das ruas pelo extremismo direitista.

Que venham outras!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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