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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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A roda do infortúnio

"Giramos numa Roda da Fortuna que, muitas vezes, não dá, de fato, a impressão de andar para a frente"

(Foto: ABr | Reprodução | Jornalistas Livres)
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No momento em que se comemoram os cem anos da instalação da Semana de Arte Moderna em São Paulo, seria conveniente a realização de um balanço que desse conta das promessas e das realizações entre as propostas daqueles jovens intelectuais brasileiros. A nação realmente necessitava, então, de uma sacudida de reacomodação. Hábitos arcaicos da colonização resistiam teimosamente, apesar dos clamores em sentido contrário, em nome de um povo independente e autônomo, capaz de ditar suas próprias normas. Registre-se que, em 1921, pela primeira vez, se levou à cena uma peça obedecendo a prosódia brasileira. De lá para cá, muitas águas rolaram. Mesmo assim, é como se estivéssemos diante da conveniência de uma nova sacudida de rearrumação, só que agora, o atraso, gritante, arma-se de violência e pretende dominar a política. Giramos numa Roda da Fortuna que, muitas vezes, não dá, de fato, a impressão de andar para a frente.

O atual governo do Estado do Rio de Janeiro, chegando ao cargo de repente e de improviso, no lugar do antigo governador, tirou do bolso do colete, como único projeto, a repressão às comunidades mais pobres e aos supostos bandidos que as cercam. Já havia tentado no Jacarezinho através de um massacre que eliminou trabalhadores e os tratou como marginais. Há muito não se ignora que a questão das favelas necessitaria de um plano de ação consistente, com inteligência e recursos materiais e humanos, em vez de somente brutalidade. O tipo de ação posto em prática, evidentemente, não dará conta do recado, além de espalhar sofrimento nos quatro cantos da geografia urbana. Não é a primeira vez que visões críticas se alinham a posturas de contestação, tendo em vista os resultados desastrosos em quantidade de vítimas e prejuízos sociais. Apenas juntando o total de mortos nas operações do Jacarezinho e da Vila Cruzeiro, soma-se um absurdo de 36 mortes! A que nome se pode dar a isso? Modernidade? 

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Nada do que se disse destoa de uma tendência na qual a truculência predomina sobre a qualidade das discussões. Para o período eleitoral que se avizinha, reiniciam-se os rumores envolvendo as urnas eleitorais e a honestidade do sistema, sob o comando do TSE. Retorna-se ao modelo Trump e às suas acusações, depois mais do que infundadas de fraude. Os filhos 02, 03 e 04 se movimentam, prevendo atos de força e, se possível, atentados a faca. Uma vez que chegaram tão longe, não desejam retroceder, não obstante, segundo o conjunto das pesquisas, haja um claro ganhador do pleito, possivelmente ainda no primeiro turno. 

As comemorações da Semana de 22 constituiriam, sem dúvida, uma oportunidade de refazer um balanço, quem sabe nos reafirmando e chamando a atenção para um tipo de produção cultural no qual nos notabilizamos. Não há, sabemos, apoio do governo. Estamos num regime em que a simples ideia de cultura já desperta animosidade. E não nos achamos num momento de efervescência em que todas as forças se conjugam para festejar a vida. Explica-se que, em vez dela, celebrem a morte, nos quatro cantos do cenário.

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