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Sebastião Costa

Médico pneumologista

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A saída dos cubanos do Mais Médicos

Se alguém tiver a curiosidade de querer saber como anda o padrão de vida de um determinado país é só investigar seu índice de mortalidade infantil

A saída dos cubanos do Mais Médicos (Foto: Reprodução)
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Se alguém tiver a curiosidade de querer saber como anda o padrão de vida de um determinado país é só investigar seu índice de mortalidade infantil. Que corresponde ao número de óbitos antes de completar um ano de vida em relação ao total de nascidos vivos durante o ano estudado

Três pilastras básicas sustentam o mais sensível dos indicadores sociais: saneamento básico, padrão educacional, assistência à saúde

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Com uma taxa de 4,0 por mil nascidos vivos Cuba superou em 2017 os EEUU ( 7,0 p/1000NV) e se iguala aos países com as melhores taxas do mundo: Dinamarca, Suíça, Reino Unido

Considerando o imenso fosso que separa a renda per capita dos EEUU 59.531,66 USD (2017) da ilha de Fidel, 7.602,26 US, é pura redundância acrescentar que os cubanos de Cuba têm a sua à disposição um Sistema de Saúde com muitos graus de qualidade acima dos americanos da América

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Para quem não acredita, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyes remove qualquer dúvida: "Cuba tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo e deve ser modelo para outros países"

Com relação ao Brasil, é coerente afirmar que, do ponto de vista filosófico o nosso Sistema de Saúde apresenta um padrão de alto nível e seria também um dos mais competentes do mundo não fosse uma gigantesca pedra no caminho
Vamos entender

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Do total da população brasileira, 130 milhões, por não possuírem planos de saúde deveria ser atendida na rede pública. Dentro da complexidade do Sistema de Saúde, 80% deles devem ser atendidos no nível primário, que corresponde à Rede Básica; 15% no nível secundário - as especialidades, e o atendimento terciário (5%) fica na competência dos hospitais universitários
A grande montanha no caminho do nosso Sistema era exatamente a atenção primária. Montanha construída sobre três alicerces:

- O ensino médico nacional é visceralmente elitizado. Qualifica o profissional para atender às especialidades nos consultórios, sem qualquer retorno para o Estado. Isso gerou uma cultura na sociedade e na própria classe, para as quais, o prestígio do médico está intrinsecamente conectado com o seu grau de especialização. Junte-se a isto, a cruel realidade de que 89% das vagas nas faculdades de medicina (privadas e públicas) eram preenchidos por alunos inseridos nas classes A e B. Difícil imaginar, esses jovens habituados às mordomias urbanas, pensando em se enfurnar nas profundezas das brenhas amazônicas ou na aridez das caatingas nordestinas

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- Do total das vagas para residência médica, 6% eram destinadas para Saúde da Família e Comunidade e apenas um terço delas eram devidamente preenchidas.

- A Organização Mundial da Saúde, baseada na realidade inglesa, definiu que para atingir um padrão de boa assistência, o sistema público de saúde deveria manter 2,7 médicos para cada mil habitantes. No Brasil, essa relação não ultrapassava 1,8 médicos e o faro monetário apontando para os grandes centros urbanos. Absurda concentração!

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Nefasta consequência: 50 milhões de brasileiros condenados pelas gigantescas desigualdades sociais a habitarem os esquecidos grotões e rincões deste imenso país, sem ter acesso a uma única assistência médica.
E foi aí que a sensibilidade social da presidente Dilma teve que enfrentar com muita garra o corporativismo insensível da classe médica e os dentes arreganhados da velha imprensa elitizada

Os 8,5 mil médicos cubanos foram inseridos nesta realidade dentro do programa Mais Médicos que foi gerado num pacto entre a União e a Organização Pan-Americana de Saúde, com o apoio entusiasmado da OMS

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Profissionais extraídos de um dos mais competentes sistemas de saúde do mundo foram remetidos para atender nossos pobres irmãos brasileiros espalhados pelos mais longínquos e miseráveis lugares do país, sobrevivendo espetados em palafitas, enfurnados em casas de taipa e expostos a uma infinidade de patologias. A maioria jamais sequer havia tido o prazer de conhecer um médico

Em cinco anos de atividades, 113 milhões de atendimentos

O futuro governo extremista acusa os cubanos de terem promovido uma ruptura unilateral, com viés ideológico e exigia modificações no contrato.

O contrato foi ratificado em 2017 pelas leis brasileiras através do STF, foi renovado pelo governo Temer, que passeia no mesmo calçadão ideológico bolsonarista ( apoiou com toda força as medidas do atual governo ) e essa história de "ruptura unilateral" merece uma observação retrospectiva das manifestações do presidente eleito, em relação aos médicos cubanos.

Manifestações agressivas e carregadas de preconceitos ideológicos.

- A ditadura cubana explora seus compatriotas
- Não temos qualquer comprovação de que eles sejam médicos
- Numa canetada vamos mandar todos esses cubanos de volta pra lá

Exigiu o pagamento integral aos médicos. Ora, a parcela repassada ao governo cubano serve exatamente aos reinvestimentos nas áreas sociais.
É uma fonte de renda que garante ao seu país manter um sistema de saneamento competente, o analfabetismo em taxa próxima de zero, zero de criança abandonada, zero de sem-teto, 100% de assistência integral ao idoso, além de um dos melhores Sistemas de Saúde do mundo
E são 62 países que continuam muito satisfeitos com o contrato e a competência dos médicos cubanos

A preocupação dos prefeitos de mais de 3 mil cidades brasileiras que perderam a assistência em seus municípios, referenciada em nota oficial da Frente Nacional de Prefeitos contrasta com a insensibilidade do presidente eleito, que critica o regime cubano sem lembrar de sua admiração pela ditadura militar

- "O cancelamento abrupto dos contratos em vigor representará perda cruel para toda a população, especialmente para os mais pobres"

A nota fala ainda dos 29 milhões de pobres brasileiros jogados à plena desassistência e solicita a compreensão de Bolsonaro pra que "recue de suas decisões drásticas"

O discurso violento, as prioridades voltadas em armar os brasileiros, um programa de governo enxergando a elite que lhe elegeu e a absoluta ausência de sensibilidade social, lamentável nobres prefeitos, mas impossível!

Seus pobres e miseráveis conterrâneos vão seguir carregando a mesma cruz que caracterizou todos os governos que antecederam o período do lulopetismo.

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