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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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A sedução da barbárie

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na rodovia Castelo Branco, em Barueri (SP) 02/11/2022 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli/File Photo)
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Capitaneados por Jair Bolsonaro, militantes pregando golpes de estado saíram às ruas para defender o que nas urnas não haviam conseguido. É uma turba autorizada a fazê-lo pelo chefe de Estado, seus silêncios e hesitações, enquanto o restante do mundo saudava Luís Inácio Lula da Silva, com um “oh!” de alívio, como o novo Presidente constitucional do Brasil. Aconteceu o que já se sabia... Que por trás da sociedade pacífica e consciente das necessidades de seus semelhantes, uma outra, oriunda das trevas, aguardava o momento de se erguer e, com um braço levantado e o brado de “Sieg Heil”, ao som do Hino Nacional, revelasse suas intenções. Na Alemanha também houve isso. Terminada a I Grande Guerra, quando as pessoas voltaram a cuidar de seus afazeres, os nacional-socialistas mostraram a que vinham: violentos, brutais, dispostos a arrancar à força o que o ambiente em torno não lhes fornecia. 

O filme de Fritz Lang M, com Peter Lorre, assim rebatizado depois que a censura proibiu o título original (chamava-se O assassino está entre nós) retratava com habilidade, antes de acontecer, o que estava para surgir. Ali se conta a história de uma tragédia na qual, de repente e inesperadamente, crianças começam a desaparecer assassinadas. Investigações não chegavam a resultados. Para impedir que uma repressão policial se desencadeasse, o sindicato do crime começou a realizar as suas investigações. Logo chegaria ao culpado. O criminoso, um homem bom, cuidadoso com os frágeis, um trabalhador de hábitos simples, que escondia um lado terrível, era ele. A história de Lang não parecia ter a ver com a crise social e política que se avizinhava e tinha tudo a ver com ela. 

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Bloqueios nas rodovias e manifestações nos meios urbanos pedindo golpes de força estiveram desde o início ligados a correntes das trevas. Explicitavam-se nas atitudes de Jair Bolsonaro. Ele não se divertiu com os mortos da Covid, no auge da pandemia, apenas por um lado de irresponsabilidade infantil. Também não se manteve alheio aos graves problemas sociais que nos afligiam por mera insensibilidade ligada à formação nos quartéis. Nos bloqueios de estrada mobilizaram-se adultos que utilizaram mulheres e crianças, pondo-os em risco, ocupados apenas por seus devaneios. Acidentes graves que se anunciavam possuíam responsáveis nos pais e mães a pedir tropas nas ruas, por favor, diante da derrota eleitoral. Sem dúvida, foram colhidas pelas tais correntes das sombras que amam a barbárie... 

Como se vê, não é difícil explicar, diante do nazismo de Hitler e do fascismo de Mussolini por onde se insinua o poder de sedução que exerciam sobre suas populações. Nazifascistas esperam às vezes por anos uma oportunidade de exercitarem suas vocações. Não se interessam pela ordem. Querem a balbúrdia, o descontrole, o caos dos maremotos e das tempestades. Viver tranquilamente passa ao largo de suas expectativas, daí a alegria que sentem diante de um Bolsonaro. Quando ele enche a boca e se diz líder da direita conservadora não está sendo completamente sincero. Devaneia com o poder da destruição e da morte. Por isso, quando passava de moto pelas ruas, não viu, apenas não viu, os famintos proliferando nas calçadas. Imaginou com Maria Antonieta que, simplesmente, não gostavam de brioches.  

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