A segurança da Ásia é assunto próprio, e nenhuma parte externa deve interferir
O futuro da Ásia não será ditado por potências externas nem confinado por narrativas ultrapassadas. Ele será construído com base na autonomia regional
Por Song Ping, do China Daily – Em 2012, dois estudiosos americanos publicaram "Uma História de Duas Ásias" na revista Foreign Policy, argumentando que a Ásia estava presa em um dilema estrutural: de um lado, a crescente integração econômica; do outro, o aumento das tensões de segurança. Eles sustentavam que, embora os países asiáticos estivessem cada vez mais ligados economicamente à China, dependiam cada vez mais dos Estados Unidos para sua segurança.
No entanto, essa narrativa não reflete a realidade, como ficou ainda mais evidente na última década. O que ela ignora é um fato simples, mas essencial: as tensões de segurança da Ásia não surgem naturalmente nem estão além do controle da região. Elas têm sido provocadas e manipuladas por potências externas — principalmente pelos Estados Unidos.
Sob o pretexto de "liberdade de navegação", Washington interveio repetidamente no Mar do Sul da China, fomentando tensões em áreas sensíveis, como o Recife de Ren'ai. Ao mesmo tempo, os EUA vêm acelerando a formação de blocos militares e de segurança exclusivos por meio de mecanismos como a parceria trilateral EUA-Japão-Filipinas, a AUKUS (acrônimo do Inglês Australia, United Kingdom, United States) e o Quad (Diálogo de Segurança Quadrilateral, também conhecido como Quad), todos voltados para reviver confrontos no estilo da Guerra Fria na região. Essas ações fazem parte de sua ampla "estratégia Indo-Pacífico" para remodelar a arquitetura de segurança regional com o objetivo de conter a China.
Na questão de Taiwan, forças externas desafiaram repetidamente o princípio de Uma Só China, complicando e desestabilizando a situação. Algumas narrativas ocidentais vão além, culpando os desafios de segurança da Ásia por "ressentimentos históricos" ou "impulsos nacionalistas", enquanto minimizam o papel desestabilizador da interferência externa.
As ações da China na promoção da integração regional, da estabilidade e do desenvolvimento falam por si mesmas. A Iniciativa do Cinturão e Rota ajudou a transformar o cenário econômico da Ásia. Antes isolado e sem acesso ao mar, o Laos hoje está melhor conectado regionalmente graças à Ferrovia China-Laos. O projeto do trem-bala Jacarta-Bandung melhorou a conectividade na Indonésia. Há anos, a China é o maior parceiro comercial da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), oferecendo estabilidade econômica em meio à incerteza global.
Na Ásia Central, a cooperação da China com cinco países abrange segurança, comércio e intercâmbios culturais. De esforços conjuntos contra o terrorismo ao desenvolvimento de infraestrutura com o Expresso Ferroviário China-Europa, e parcerias educacionais através de plataformas institucionais, a China se tornou uma parceira fundamental no progresso da região.
Institucionalmente, a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP) — o maior acordo de livre comércio do mundo, cobrindo um terço da economia global — demonstra a preferência da Ásia pela cooperação em vez da confrontação. Mesmo com disputas históricas não resolvidas e sensibilidades de segurança, os países asiáticos estão optando pelo diálogo e pela criação de regras, em vez da divisão.
Tudo isso reflete o esforço histórico da China para construir uma "comunidade asiática com futuro compartilhado". Países como Laos e Camboja até integraram essa visão em seus planos nacionais de desenvolvimento. Isso demonstra uma compreensão regional cada vez mais profunda — em que segurança e desenvolvimento caminham juntos, construídos com base no respeito mútuo.
Se a Ásia foi capaz de assinar o RCEP, certamente tem capacidade de moldar seu próprio futuro de segurança. O obstáculo não está dentro da região, mas na persistente interferência de potências externas.
De fato, a Ásia há muito demonstra seu desejo e sua capacidade de moldar um futuro pacífico. Já em 1955, a Conferência de Bandung reuniu 29 países da Ásia e da África para clamar pela coexistência pacífica, pelo respeito mútuo à soberania e pela não intervenção em assuntos internos.
A Iniciativa de Segurança Global da China oferece um caminho claro para isso. Proporcionando orientação prática para implementar o espírito de Bandung, seu sucesso não é apenas teórico — em março de 2023, a China facilitou a normalização das relações entre Arábia Saudita e Irã, em Pequim, provando que relações pacíficas podem ser alcançadas por meio do diálogo e do respeito mútuo.
O futuro da Ásia não será ditado por potências externas nem confinado por narrativas ultrapassadas. Ele será construído com base na autonomia regional, na coexistência pacífica e na prosperidade compartilhada. A China está comprometida em trabalhar com seus vizinhos para realizar essa visão — não apenas com palavras, mas com ações concretas que fomentem estabilidade, cooperação e confiança.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




