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Pedro Augusto Pinho

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A sempre presente política de Getúlio Vargas

Na composição do Ministério, 31 de janeiro de 1951 a 24 de agosto de 1954, Getúlio buscou competências, alianças e apoios, como se observa nesta relação

Getúlio Vargas (Foto: Divulgação)
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A revista Carta Capital (Ano XXVIII, nº 1233, de 09/11/2022) apresenta o artigo do ex-primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, “O Poder do Carisma”. Talvez pudesse ter um dúbio subtítulo: o desconhecimento da filologia. Não só pelo indevido uso da palavra “polarização”, pela imprensa brasileira, mas o péssimo emprego dos vocábulos, que faz o derrotado presidente.

O artigo também nos faz recordar o excelente trabalho do pesquisador e sociólogo Ronaldo Conde Aguiar, “Vitória na Derrota – A morte de Getúlio Vargas” (Casa da Palavra, RJ, 2004).

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Na citação que abre o livro, encontramos de Gisela Magalhães e Joel Rufino dos Santos: “o passado é como uma planície onde correm dois rios. Um, de margens precisas, é o rio da História. Outro é um rio sem margens – chama-se Mito: o nada que é tudo”.

Não faltaram grandes políticos em nossa história, a começar por José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, sendo Luiz Inácio Lula da Silva, o mais recente. Porém o grande estadista, aquele que promoveu a mais importante guinada em nossa história, foi Getúlio Dornelles Vargas (19 de abril de 1882 - 24 de agosto de 1954).

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No entanto, nossos grandes políticos tiveram fim trágico, até ignorados por “esse povo de quem fui escravo (e que) não mais será escravo de ninguém”. José Bonifácio, preso, exilado, esquecido; Vargas levado ao suicídio; Juscelino, Jango, assassinados; Brizola, doente e abandonado.

Mas todos foram rios de margens claras e bem definidas, que, hoje e sempre, servem de guia nos períodos mais difíceis da Nação.

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Lula vive um destes períodos. E, subindo com o povo a rampa do Alvorada, pode ter diante de seus olhos a mensagem de Vargas, ao retornar à Presidência, em 1950:

“as prioridades do governo são a nacionalização dos setores estruturais da nossa economia (com destaque para o monopólio da atividade petrolífera)”, no caso atual, da renacionalização, para que o Brasil volte a ter a soberania, que até os governos militares souberam defender (1967-1980);

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“o controle sobre a ação dos trustes internacionais”, agora das finanças apátridas e marginais;

“a contenção do custo de vida (com a atualização do salário mínimo) e a extensão a todos os brasileiros das garantias sociais e trabalhistas” e, como a característica e marca do Governo Lula, nenhum bairro, nenhum distrito brasileiro sem uma escola de tempo integral, projeto de dois imensos educadores brasileiros: o baiano Anísio Teixeira e o mineiro Darcy Ribeiro.

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Getúlio sucedeu também um homem medíocre, moralista, arbitrário, como o qualifica Conde Aguiar, casado com a viúva de apelido “santinha”, de poderosa influência sobre o obtuso presidente, mormente em questões ditas morais. Deve-se a esta influência o desemprego de milhares de pessoas, que direta e indiretamente trabalhavam nos cassinos.

Na composição do Ministério, 31 de janeiro de 1951 a 24 de agosto de 1954, Getúlio buscou competências, alianças e apoios, como se observa nesta relação:

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Para a área militar:

Ministros da Guerra:

general Newton Estillac Leal, Rio de Janeiro;

general Ciro do Espírito Santo Cardoso, Paraná;

general Euclides Zenóbio da Costa, Mato Grosso do Sul;

Ministro da Marinha:

vice-almirante Renato de Almeida Guillobel, Rio de Janeiro;

Ministros da Aeronáutica:

brigadeiro Nero Moura, Rio Grande do Sul;

brigadeiro Epaminondas Gomes dos Santos, Rio de Janeiro;

Para a área das relações internacionais:

Ministros das Relações Exteriores:

João Neves da Fontoura, Rio Grande do Sul;

Mário de Pimentel Brandão, Rio de Janeiro;

Vicente Rao, São Paulo;

Vasco Leitão da Cunha, Rio de Janeiro;

Para a área política:

Ministro da Justiça e Negócios Interiores

Francisco Negrão de Lima, Minas Gerais;

Francisco Badaró Júnior, Minas Gerais;

Tancredo de Almeida Neves, Minas Gerais;

Para a área econômica:

Ministros da Fazenda

Horácio Lafer, São Paulo;

Alberto Andrade de Queirós, Pará;

Osvaldo Euclides de Sousa Aranha, Rio Grande do Sul;

Otávio Gouveia de Bulhões, Rio de Janeiro;

Ministros da Agricultura:

João Cleofas de Oliveira, Pernambuco;

Osvaldo Aranha, Rio Grande do Sul;

Apolônio Jorge de Faria Sales, Pernambuco;

José Antônio da Costa Porto, Pernambuco;

Ministros de Viação e Obras Públicas

Álvaro Pereira de Sousa Lima, Minas Gerais;

Francisco Mendes, Minas Gerais;

José Américo de Almeida, Paraíba;

Ministros do Trabalho, Indústria e Comércio

Danton Coelho, Rio Grande do Sul;

José de Segadas Viana, Rio de Janeiro;

João Belchior Marques Goulart, Rio Grande do Sul;

Hugo de Araújo Faria, Rio de Janeiro;

Para área social:

Ministros da Educação e da Saúde Pública

Ernesto Simões da Silva Freitas Filho, Bahia;

Péricles Madureira de Pinho, Bahia;

Antônio Balbino de Carvalho Filho, Bahia;

Edgar Santos, Bahia;

Ministros da Saúde (a partir de 25 de julho de 1953)

Antônio Balbino, Bahia;

Miguel Couto Filho, Rio de Janeiro;

Mário Pinotti, São Paulo.

Getúlio era suficientemente inteligente e culto para não ter dúvida que encontraria acérrima oposição, independente do que fizesse. Resolveu imprimir a marca nacionalista e do interesse popular. Mas trouxe também, para executar este propósito, políticos conservadores, confiante em sua liderança. Governou quatro anos.

Não se deve esquecer que recusou o envio de tropas brasileiras à Coreia, pedido dos Estados Unidos da América (EUA), numa guerra tipicamente colonial onde não havia qualquer interesse brasileiro.

O Clube Militar foi palco da grande discussão pelo controle da energia no Brasil, como narra o então diretor do Departamento Cultural, Nelson Werneck Sodré.

E, como não restam dúvidas na análise fora das emoções do momento, faltou o partido de massa a dar sustentação ao Projeto Vargas. O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado em 1945, ainda não se instalara por todo País. Lula já tem este partido, o Partido dos Trabalhadores (PT), que precisa abrir sua direção para a militância, caso contrário será mais um partido de elite, de cúpula sem base, no Brasil.

Fundado em 1980, o PT, em dezembro de 2021, contava com 1.606.892 filiados. Mas se a participação popular é fundamental para garantia do governo, o exemplo do Partido Comunista da China (PCCh) mostra a importância de um partido onde todos os temas de interesse nacional são discutidos e a maioria vence. Não se aplicam golpes de astúcia, que cedo ou tarde levarão ao descrédito e à desfiliação da militância.

Abre-se grande oportunidade para o Brasil, quando se investe de autoridade e autonomia a opção multipolar, dos BRICS, onde o País é fundador, e do Cinturão e Rota, do qual mais de 140 países, de todos os continentes, já participam.

Mas na era da comunicação instantânea, das “fake” tudo, a comunicação de massa e a comunicação dirigida estão destruindo famílias, sociedades e a civilização que custou mais de cinco séculos para construir.

A importância da comunicação supera a econômica, a sensação de fome e o desalento do desemprego chegarão primeiro pelo facebook (Meta, Inc), pelo instagram (Facebook), pelo whatsapp (Facebook), pelo YouTube (Alphabet Inc), e pelo chinês WeChat, entre outros. E seus robôs de comunicação criarão em sua mente uma realidade paralela, artificial, principalmente de medo.

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