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Cláudio da Costa Oliveira

Economista aposentado da Petrobras

160 artigos

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A Shell pode até vir a ocupar o espaço da Petrobrás no Brasil, mas jamais substitui-la

Com a economia brasileira e de modo particular a administração da Petrobras controladas por especuladores de bolsa, ao que tudo indica, os donos do capital internacional elegeram a Shell para administrar os negócios do petróleo no Brasil. Ninguém mais se importa com a soberania nacional e com os interesses do povo brasileiro

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INTRODUÇÃO

No mundo empresarial nada acontece por acaso. Os donos dos imensos volumes de recursos alocados nos maiores Fundos de Investimento enxergam o planeta como um grande tabuleiro onde buscam organizar as peças para maximizar seus lucros. 

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Equipes altamente especializadas trabalham com afinco e utilizando todas as armas possíveis e imagináveis neste planeta para alcançar seus objetivos. 

No Brasil a descoberta do pré-sal em 2006 aguçou o interesse destes grupos que sempre trabalham de forma organizada e concatenada.

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Apesar da descoberta do pré-sal ter ocorrido em 2006, sua consolidação veio à partir do campo de Buzios, descoberto em 2010, causando o estabelecimento do modêlo de partilha e do leilão de Libra em 2013. 

A Petrobrás apresentou lucro constante de 1991 a 2013. Passou por momentos de crises mundiais, altas e quedas no preço dos barril , sem se abalar. Era uma empresa operacionalmente  estruturada para lucrar. 

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Hoje, depois da venda de ativos estratégicos e do estabelecimento de uma política de preços de auto flagelo, temos uma empresa operacionalmente estruturada para dar prejuízos. Só apresenta lucro com a venda de ativos, como o registrado em 2019, ou com altos preços de petróleo. Com isto a companhia see tornou uma fácil presa para o capital internacional

Este artigo procura mostrar como a Royal Dutch Shell nos últimos 10 anos, desapercebidamente, vem ocupando importantes espaços deixados pela petroleira brasileira. 

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CRIAÇÃO DA RAIZEN – 2011 

Em fevereiro de 2011 foi oficializada a criação da Raizen através da união de interesses entre a Shell e a Cosan, maior esmagadora de cana de açúcar do mundo.

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O nome veio da junção das palavras raiz (de cana de açúcar) e energia. 

Com a união a marca Shell passou a ser utilizada para distribuição dos produtos, retirando-se do mercado a marca Esso. 

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Esta associação se tornaria fundamental na consolidação dos negócios da Shell no Brasil. 

PARTICIPAÇÃO NO LEILÃO DE LIBRA – 2013 

Em outubro de 2013 foi realizado o primeiro leilão no pré sal em regime de partilha. O campo de Libra.

Este leilão contou com a participação de um único consórcio a apresentar proposta oferecendo o percentual mínimo fixado no edital de 41,65% do óleo excedente para a União. 

A Petrobras liderou o consórcio com 40% de participação seguida pela Shell e a Total com 20% cada e as chinesas CNPC e CNOOC com 10% cada. 

A Shell dava início em sua participação no pré sal brasileiro. 

SHELL COMPRA A BG - 2015 

Em abril de 2015 a Royal Dutch Shell fechou acordo para compra do BG Group por US$ 70 bilhões. 

A BG era parceira da Petrobras no campo de Lula com 25% e de participação e em outras áreas relevantes como Sapinhoá, Lapa e Iara.

Em 2015 a BG já produzia no Brasil cerca de 144 mil barris dia de petróleo. 

Com esta aquisição a Shel se tornou a principal parceira da Petrobras na exploração do pré sal.  

NOVA POLITICA DE PREÇOS DA PETROBRAS – 2016 

Em outubro de 2016, o então presidente da Petrotrás, Pedro Parente, implantou uma nova política de preços para a empresa chamada de Preço de Paridade de Importação -PPI. 

Esta política estabelecia que os preços dos combustíveis (diesel e gasolina) nas refinarias da Petrobras passariam a ser calculados com base nos custos de importação acrescidos de um percentual de lucro. 

Assim Petrobras entregou de forma criminosa parte de seu mercado para as refinarias estrangeiras. 

A “justificativa” apresentada foi a de que “o Brasil era um mercado livre e as distribuidoras teriam de ter garantido o direito entre comprar os derivados das refinarias da Petrobrás ou importa-los” 

Um argumento falso pois neste planeta nenhuma empresa entrega de forma espontânea seu mercado para os concorrentes, e seus dirigentes deveriam ser processados por este crime.

De qualquer forma, como é sabido, no Brasil existem apenas 3 grandes distribuidoras : a BR Distribuidora a Ipiranga e a Raizen.  

Para a BR Distribuidora e a Ipiranga a nova política de preços não trouxe qualquer problema ou vantagem. Para elas passou a ser indiferente compra o derivado da Petrobras ou importar. 

Para a Raizen entretanto, a nova política de preços caiu como uma “luva”. 

Por um lado o PPI elevou o preço da gasolina no mercado interno, possibilitando à Cosan (sócia da Raizen) levar proporcionalmente o preço do etanol . 

Por outro lado a Shell possui 3 refinarias no Golfo do Mexico, em sociedade com a Saudi Aranco, de onde passou a importar derivados para distribuir no mercado brasileiro, colocando na ociosidade as refinarias da Petrobrás. 

As importações dos produtos da Shell são feitas através da empresa Blueway Trading. 

Atualmente a Shell coloca no mercado brasileiro mais de 200 mil barris dia de derivados. 

NOVOS LEILÕES DO PRE SAL – 2017/2018 

Durante o governo Temer, foi sancionada a Lei 13.365/2016, de autoria do senador Jose Serra, que retirava da Petrobras a obrigatoriedade de participar de todos os leilões. 

Estava aberta a “porteira” para as petroleiras estrangeiras participarem , como operadoras, do pre sal. 

Entre 2017 e 2018 foram realizados 5 leilões e a Shell abocanhou e passou a operar em importantes áreas como : Sul de Gato Preto com 80%, Alto de Cabo Frio Oeste com 55% e Saturno com 50%. 

VENDA DA BR DISTRIBUIDORA – 2017/ 2019 

A venda da BR Distribuidora foi realizada em duas etapas. A primeira durante o governo Temer (2017) onde foi vendida 28% de participação da Petrobrás na empresa. Mas a Petrobrás até aí mantinha o controle acionário. 

Em 2019 no governo Bolsonaro com a venda de ações no mercado a Petrobrás perdeu o controle acionário da BR Distribuidora. 

É bom lembrar que a BR Distribuidora é a segunda maior empresa brasileira (Revista Exame “Maiores e Melhores), superada apenas pela própria Petrobrás. 

Com a sua venda a Petrobrás perdeu mais de 10% de sua receita consolidada. Perdeu importante papel no controle dos preços para o consumidor brasileiro. Perdeu sua característica (mantida por todas as grandes petroleiras) de ser uma empresa “do poço ao posto”. Ficou muito vulnerável à queda de preços do petróleo 

Em recente artigo “Quem comprou o controle da BR Distribuidora ?” o economista André Mota Araujo mostra que a Shell pode ser a grande beneficiária do negócio. Araújo salienta : 

“E quem comprou o controle da BR, qual o “investidor estratégico” que não aparece ? Calma, ele não apareceu porque convém esconder o jogo para não desvendar a “pechincha” que foi a compra do controle do mercado de combustíveis no Brasil. Desconfio que seja a SHELL, atrás do “biombo” Raizen, mas não tenho certeza. 

A operação foi bem montada, coisa de profissionais, o que não é de estranhar, a economia brasileira está sendo administrada por especuladores de bolsa, montar essas transações é da atividade deles, é seu único projeto de política econômica agora e depois.” 

A VENDA DAS REFINARIAS - 2020 ? 

A Petrobrás vem anunciando a intenção de vender 8 de suas refinarias com a justificativa de aumentar a competitividade do mercado brasileiro de combustíveis. Todos sabem que esta é uma enorme mentira que só não é desmascarada devido ao fato de que a mídia hegemônica brasileira foi, há muito tempo, cooptada pelos interesses estrangeiros. 

Notícias já começam a surgir dando conta de que a Raizen está a frente dos interessados na compra das refinarias 

https://www.conversaafiada.com.br/economia/raizen-da-shell-avanca-sobre-refinarias-da-petrobras 

Assim, ao que tudo indica, a Shell passará a ser a nova companhia atuando “do poço ao posto” no mercado brasileiro, já que a atual administração da companhia “vende” a idéia de que este não é um bom negócio para a Petrobrás. Pelo jeito so e bom para a Shell. 

CONCLUSÃO  

Com a economia brasileira e de modo particular a administração da Petrobras controladas por especuladores de bolsa, ao que tudo indica, os donos do capital internacional elegeram a Shell para administrar os negócios do petróleo no Brasil. 

Ninguém mais se importa com a soberania nacional e com os interesses do povo brasileiro. 

Inclusive nossos militares estão mais preocupados em cassar pseudo “comunistas” do que defender nosso recursos naturais da sanha dos interesses dos capitais estrangeiros, sejam eles do domínio da “banca” financista americana ou do interesse expansionista chinês que, inclusive, vem adquirindo muitas de nossas hidroelétricas. 

Fica a pergunta : quem defende o Brasil ? 

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