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Matheus Brum

Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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A sociedade brasileira ruiu. Tem como recriá-la?

"Sinceramente, a maior parte da culpa do que vivemos hoje é das próprias pessoas. A mesquinhez e falta de empatia dominaram uma parcela da população brasileira. Basicamente, cada um olha para o próprio umbigo"

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Olá, companheiros e companheiras. Tudo bem? Chegamos a mais uma semana de pandemia com cada vez mais flagrantes de pessoas desrespeitando o isolamento social. Seja uma voltinha na praia, uma viagem no final de semana, ou uma simples ida à praça, a cada dia que passa, temos a percepção de que mais pessoas estão nas ruas. 

E isso se traduz em números. Segundo o site In Loco, usado por pesquisadores em seus estudos, no domingo (21), o isolamento social foi de apenas 47,3% no país. Bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde. Ou seja, mesmo no domingo, onde os maiores índices são encontrados, poucas pessoas ficaram em casa. 

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A percepção que temos é que a quarentena já acabou. Na realidade, se analisarmos os últimos três meses, chegamos à conclusão de que nunca foi implementada de fato. Quem ficou em casa nestes mais de 90 dias agora não fica mais. Está vendo que uma parcela significativa da sociedade brasileira não respeita e não pratica o isolamento social. Cansaram de ficar em casa vendo outras pessoas “curtindo a vida normalmente’. 

E este sentimento deve aumentar entre as pessoas. O desrespeito ao isolamento social não traz só o crescimento da propagação da covid-19. Gera também o aumento da angústia da falta de esperança de que iremos viver dias melhores no país. 

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Sinceramente, a maior parte da culpa do que vivemos hoje é das próprias pessoas. A mesquinhez e falta de empatia dominaram uma parcela da população brasileira. Basicamente, cada um olha para o próprio umbigo. A maioria dos empresários só se preocupa com o lucro do final do mês; muitas pessoas só se preocupam em manter o “shape” em dia, esbanjando o “histórico de atleta” em orlas e calçadões pelo Brasil; os mais jovens se acham imunes à doença e fazem sociais e festinhas ao redor do país; alguns governantes só pensam na própria imagem e não se preocupam em serem gestores públicos. 

Isso sem contar nas atrocidades de vermos idosos e grupos contrários ao isolamento social agredindo manifestantes que defendem uma melhor condução política da pandemia; das pessoas brigando, literalmente, pelo uso da cloroquina, remédio que não é recomendado por nenhum especialista sério do mundo; de parlamentares e membros da sociedade civil invadindo hospitais para comprovar se há pacientes internados por covid-19; dos sucessivos ataques à imprensa e das manifestações antidemocráticas. 

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Claro que podemos colocar muito destes problemas nas costas de políticos. Mas, será mesmo que a capacidade de influência deles é tão grande a ponto de moverem tantas pessoas para as ruas? Não consigo crer. Penso que o próprio egoísmo e ignorância das pessoas faz com que as orientações para enfrentar a pandemia sejam negadas. O político só atesta esta vontade já existente. 

Para qualquer pessoa sensata, viver no Brasil de hoje é um desafio. Entretanto, acredito que para nós, jovens, seja ainda pior. Como sempre digo, crescemos ouvindo que seríamos o país do futuro. O futuro chegou e cadê o país que gerava emprego, renda e expandia o acesso ao ensino superior? Somos a geração mais intelectualizada e preparada da História do Brasil. Mas, o que nos sobra? Praticamente nada. 

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A junção de todos estes problemas me leva a crer que a sociedade brasileira ruiu. Simplesmente, acabou o respeito pelo próximo. A história de que o povo brasileiro é gentil, como preconizado por muitos estudiosos, caiu por terra há muito tempo. Nossa ruína começou em 2016. E de lá para cá, só vem piorando. 

Tento me manter otimista, mas é difícil. Há três meses não consigo visitar meus pais, minhas avós e meu afilhado, por exemplo. E é angustiante não saber quando poderei fazer isso de novo, porque simplesmente as pessoas não ficaram em casa quando a pandemia começou a se espalhar no país. 

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Volto a dizer: a culpa não é de não ter feito o “lockdown” no início da pandemia. E sim das pessoas, que não seguiram orientação alguma desde março, deixando com que os problemas chegassem ao patamar que estão. Se todos tivessem seguido as recomendações e não tivessem lotado supermercados, não tivessem dado voltinha na praia, entre outras atitudes, poderíamos estar começando a flexibilizar agora, como tem acontecido em outros países do mundo. 

Mas, não. Politizaram a pandemia. Chegamos ao ponto de politizar remédios! A ciência foi jogada no lixo por grupos mais exaltados. Virou uma disputa de narrativa brutal. E por trás disso, mais de 50 mil mortos. Um verdadeiro cenário de guerra. Diversas histórias que simplesmente viraram números e que nem são respeitadas por segmentos da sociedade. 

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A pandemia mostrou, de maneira escancarada, os paradoxos da sociedade brasileira. Como que a classe média só pensa, em sua esmagadora maioria, nela mesma, e como que os mais pobres arcam com toda a crise que acontece no país. A pergunta que fica é: como viver neste país? Como encarar mais uma década que, possivelmente, será perdida em termos políticos e econômicos? Como encontrar forças para lutar e acreditar no país que foi projetado no início do milênio? Tento ser positivo e encontrar as respostas. Porém, elas me faltam. Espero que você possa me ajudar! Se cuide! Fique em casa, por todos nós!

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