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Pablo Nacer

Jornalista, autor do livro Meu Avô A´uwê - sobre três viagens a uma aldeia indígena xavante -, ex-Brasil 247 e atualmente trabalha na comunicação digital da SSI (Settlement Service International), na Austrália.

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A verdade venceu, Presidente!

Carta que enviei ao presidente Lula, em 2018, quando eu trabalhava no Brasil 247 e ele estava na prisão política em Curitiba

Lula em São Bernardo antes da prisão (Foto: Francisco Proner)
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Por Pablo Nacer

Querido Presidente,

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No momento em que redijo esta carta para você (pensei em escrever senhor, mas imagino que prefira você), estou com uma camiseta vermelha com o seu rosto estampado em branco, os dizeres Lula Livre embaixo e uma estrela entre as palavras “Lula” e “Livre”.

Mas confesso que nem sempre o carreguei no peito com o orgulho que o carrego agora.

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Nascido em uma família típica de classe média paulistana, tendo sempre estudado em colégios particulares, morado em condomínios, digamos, bem equipados, e com raízes familiares bastante conservadoras, infelizmente, tucanos e figuras ainda piores tinham muito mais ressonância no meu círculo familiar e social do que os partidos e as lideranças de esquerda.

Mas isso não impediu que em 2003, ao assistir pela TV você e Dona Marisa atravessarem a Esplanada em carro aberto arrastando aquela multidão ensandecida, eu me arrepiasse, me emocionasse e, inconscientemente, comecei a repetir: “é o povo no poder, é o povo no poder”, mas sem ter ideia da dimensão do que significaria.

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Pois bem, anos se passaram, tive uma experiência muito rica com a linhagem mais tradicional do povo xavante, lá no Mato Grosso, onde foram plantadas algumas sementes muito importantes na minha vida, morei alguns anos na Austrália, onde a condição de imigrante e a proximidade dos refugiados ajudou a florescer essas sementes e, ao conhecer a mulher da minha vida em um pub de Sydney em 2011, filha de um ex-filiado do Partidão e de uma petista de carteirinha que foram de carro do Rio de Janeiro à Brasília no Réveillon 2002/03, onde abriram um espumante à meia-noite na porta da Granja do Torto para celebrar a sua vitória e conseguiram comprimentá-lo quando você deixou a casa, minha vida começou a mudar. E fazer sentido.

Através dos livros que eu devorava do meu sogro, o saudoso Luiz Fernando Ribeiro de Almeida, uma das cabeças mais incríveis que conheci na vida, e de nossas conversas, muita da inquietação da minha vida, grande parte provocada pelas sementes plantadas pela experiência xavante, pela condição de imigrante na Austrália e, claro, pela realidade secular do Brasil e de grande parte do planeta, começou a ser verbalizada através de duas poderosas palavras: justiça social.

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Palavras que foram repetidas no velório do meu sogro, em 2015, mas que me possibilitaram compreender o tamanho não somente dos seus governos, como também o seu lugar na história do Brasil e do mundo. Saiba de uma coisa: além da mesquinhez da nossa elite, o motivo pelo qual muitas das políticas que vocês implantaram foram tão combatidas é o fato delas estarem muito à frente do tempo. Só para citar a mais atacada - o Bolsa Família -, o futuro da humanidade passa por renda básica universal.

Mas, voltando, em 2016 tive o privilégio de morar em Brasília naquele momento tão crucial, ano de aula política na prática, na ruas. Já eleitor da Dilma, estive em todas as manifestações em defesa do governo, inclusive naquela fatídica quinta-feira de calor insuportável que você chegou a assumir a Casa Civil, mas que logo foi impedido. Tenho certeza de que você poderia ter salvo o mandato da presidenta. O problema é que eles também e, conforme você bem disse, o Supremo estava acovardado. No dia em que a Dilma deixou o Planalto, outra manhã de calor insuportável em Brasília, e que você chegou de surpresa no meio do povo que se aglomerava na frente do Planalto para um último suspiro de republicanismo, me emocionei profundamente quando pude encostar em você pela primeira vez.

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De volta a São Paulo, comecei a trabalhar no Brasil 247 em março deste ano, uma semana depois de sua entrevista no canal. Por pouco não nos conhecemos. Infelizmente, menos de um mês depois os canalhas, canalhas, canalhas o privaram de seu liberdade, me levando a uma atitude extrema: torcer para o Corinthians.

É verdade, Presidente. Sou são-paulino e confessei publicamente através de artigo no nosso 247 que torci para o Timão por sua causa. O artigo começa assim:

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Ontem, domingo, enquanto almoçávamos, estouraram alguns rojões nos arredores e uma amiga de fora imediatamente perguntou se era para comemorar a prisão de Lula. Respondi que provavelmente não, que deveria ser por conta da final do Campeonato Paulista. É hoje? O São Paulo joga? Infelizmente, estamos fora. E quem joga? Palmeiras x Corinthians. Você vai torcer pra quem?

Uma pergunta dessas para um são-paulino, racionalmente, não faz o menor sentido. Em qualquer outro domingo, eu teria respondido para ninguém. Mas ontem foi diferente.

Sábado estive em São Bernardo do Campo, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e vivi a catarse proporcionada pela missa em homenagem à Dona Marisa e pelo discurso de Lula. Milhares de pessoas revoltadas, centenas chorando, de jovens a idosos, "Não se entrega", "Resiste", suplicava a multidão.

E termina assim:

No domingo, sabendo que Lula teve o pedido aceito para assistir à final do seu time de coração em sua solitária, não pensei duas vezes ao responder à amiga de fora: vou torcer para o Corinthians. Por Lula. Ele precisa dessa alegria hoje. E, conhecendo a estrela de ambos, assim que Rodriguinho abriu o placar no primeiro lance da partida após bela jogada do Mateus Vital pela esquerda, tive a certeza de que acontecesse o que acontecesse, aquela tarde seria do Corinthians. E de Lula. Foi sofrido, foi polêmico, angustiante, histórico e, no final, retumbante, assim como a trajetória de Luiz Inácio. Campeão.

"Todos vocês, daqui pra frente, vão virar Lula e vão andar por este país fazendo o que você tem que fazer, e é todo dia! Todo dia!"

Eu sou Lula.

Presidente, por mais você seja uma ideia e que sejamos seus braços e pernas aqui fora, você ainda é de carne e osso e está preso injusta e politicamente por uma das elites mais deploráveis que já pisou neste planeta. Toda sexta-feira, quando vou pra casa, lembro das palavras do companheiro Paulo Pimenta, que quando foi ao 247, numa sexta-feira à noite, falou que ali começava os piores momentos de sua semana, pois os próximos dois dias seriam sem visitas. Desde então, não há uma sexta-feira que não penso em você com uma profunda dor no coração quando deixo o escritório.

Não acredito mais na Justiça do país, mas acredito e muito na estrela entre as palavras Lula Livre da minha camiseta, a estrela do PT, a estrela de tantas revoluções, sonhos e esperanças e, acima de tudo, a estrela de Luiz Inácio da Silva, a criança pobre de Caetés que se tornou o 35º presidente do Brasil, o maior de todos.

Eu, pessoalmente, e todos nós, do 247, estamos na linha de frente de sua defesa na trincheira da comunicação. Faço aqui uma menção especial ao companheiro Aloizio Mercadante, que está constantemente conosco.

A verdade vencerá, Presidente!

Um abraço afetuoso,Pablo Nacer

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