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A verdadeira reforma que o PT precisa

O PT não está esgotado, foi, outrossim, pela quarta vez eleito para dirigir o país e, ainda que tenha sua popularidade decrescido por conta da conjuntura política, é a principal referência dos trabalhadores, população de baixa renda do Brasil e da opinião

O PT não está esgotado, foi, outrossim, pela quarta vez eleito para dirigir o país e, ainda que tenha sua popularidade decrescido por conta da conjuntura política, é a principal referência dos trabalhadores, população de baixa renda do Brasil e da opinião (Foto: Cássio Nogueira)
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Recentemente, os petistas históricos Frei Beto e André Singer escreveram artigos, concederam entrevistas e participaram de debates com uma linha única: o PT estaria esgotado, seria necessário voltar às origens e construir uma frente de esquerda para enfrentar a conjuntura. Visões, no mínimo, impertinentes numa conjuntura marcada pelo ataque feroz ao governo da presidenta Dilma e ao Partido dos Trabalhadores pela direita. Ao invés de travar a luta contra a oposição, optaram pelo internismo e o academicismo.

O PT não está esgotado, foi, outrossim, pela quarta vez eleito para dirigir o país e, ainda que tenha sua popularidade decrescido por conta da conjuntura política, é a principal referência dos trabalhadores, população de baixa renda do Brasil e da opinião pública democrática.

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Voltar às origens é uma reflexão perigosa que, de um lado, implica em falar de um partido pequeno, que não governava o país e não tinha acesso à gestão pública e ao parlamento, nos três níveis de governo, para mudar a vida da população como mudou nos anos 90 e, principalmente, após eleger Lula presidente da República em 2002.

O PT nasceu como expressão política de operários, camponeses, ex-guerrilheiros e exilados, artistas progressistas. Conseguiu torna-los legisladores e gestores públicos que desenvolveram políticas que democratizaram a administração pública, via participação social, e implementaram políticas que permitiram a inclusão social desta base que o pariu. Voltar aos anos 80 significa retroceder à ideia de que permanecer da primeira etapa desta construção é, não apenas suficiente, mas o necessário do ponto de vista moral.

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Falar em frente de esquerda significa se isolar no parlamento, isolar politicamente o governo e dialogar socialmente apenas com a base social tradicional do partido, jogando fora a estratégia de centro-esquerda num contexto em que a esquerda não tem maioria política, social e ideológica no país; favorecer a reunificação das elites, em plano nacional, e de "todos contra o PT" em nível local. Isso equivaleria a se comportar como oposição estando, há quase 16 anos, no governo central. Ou seja: regredir à época em que governar era quase visto internamente como um desvio burocrático e conciliatório. A verdade é bem outra quando sabemos que tiramos dezenas de milhões da miséria.

Sobre a ideia de frente de esquerda, há quem proponha adotar um modelo como o da Frente Ampla uruguaia. Entretanto, o PT já nasceu mais ou menos sob estes moldes, nada assegura que partidos como PC do B ou PSOL adeririam (se não, estariam no próprio PT como tendências), sem contar que a legislação não permite que movimentos sociais componham, formalmente, chapas eleitorais. O resultado, então, efetivamente, seria o PT restrito, de Norte a Sul, a coligações majoritárias e proporcionais a estes partidos, isolado e se incluindo esquemática e dogmaticamente nas conjunturas eleitorais.

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A reforma que o PT precisa é outra e a principal pergunta a ser respondida seria: Frente Ampla ou La Campora (se for para se inspirar além das fronteiras)?

O PT precisa se inspirar é nos ventos que embalaram a reeleição da presidenta Dilma, pois sua principal tarefa deve ser seguir governando o país intensificando as transformações sociais. Lá, foi apresentada uma agenda de esquerda, amparada na mobilização dos movimentos sociais em sentido amplo e da inteligência, justamente por este perfil adotado, na energia da militância e no diálogo direto, sem filtro da mídia, com a sociedade em geral, para defender nosso legado, e com os beneficiários das políticas sociais, arrastando a aliança institucional nos 27 estados.

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Neste momento, o PT não pode titubear em defender o governo, com as medidas que já vem tomando em favor do povo; defender o patrimônio de políticas acumulado nestes 12 anos, ao mesmo tempo em que faz a defesa de mais avanços baseados nos termos da reeleição: criminalização da homofobia, oposição à redução da idade penal, manutenção do Banco Central dirigido pelos rumos escolhidos pelas urnas, reforma política com plebiscito, regulação econômica da mídia, integração regional, cooperação com os BRICS, etc.

Depois, é preciso que o PT seja protagonista na criação de condições para o programa eleito se realize. Isso significa liderar um amplo diálogo social com os partidos da base, os movimentos sociais e os agentes econômicos - do sistema financeiro, da agricultura, da indústria – que tenham acordo geral com a ideia de crescer com distribuição de renda via democratização da política e regulação do poder público, pactuando uma agenda factível.

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É preciso avançar no modelo organizativo e isso não significa se restringir a regulamentação do PED e, sim, construir um canal permanente com os artistas e intelectuais que apoiaram a reeleição da presidenta Dilma; criar espaços de interação e formulação com o segundo, o terceiro escalão (a "cozinha") dos nossos governos, nos três níveis federativos, onde há muita inteligência, inclusive jovem; criar, no mesmo sentido, espaços de interação com os beneficiários dos programas sociais do governo federal, especialmente com os jovens beneficiários. É fundamental valorizar os jovens dirigentes do PT, não apenas os da cota geracional das instâncias dirigentes, mas, sobretudo, os "jovens" de "45 anos para baixo.

Este caldo tem que servir de base para um novo tipo de articulação nos territórios, que, cotidianamente, dialogue diretamente nas escolas, comunidades, universidades, portas de empresa, pontos de ônibus, feiras, praças, juntando discussão política conjuntural aberta com iniciativas de melhora da vida das pessoas onde moram, construindo uma rede militante com iniciativas de voluntariado juntos aos mais diversos espaços sociais, como faz o agrupamento argentino La Campora. A relação com os movimentos sociais é fundamental, mas não é suficiente para enfrentar os desafios do momento político.

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Esta é a verdadeira reforma que o PT precisa. Esse é o novo perfil organizativo que o petismo precisa adotar para superar a sua própria crise e a cultura do ódio e desinformação promovida pela mídia.

O PT também deve superar seu divórcio histórico com a importante tradição trabalhista brasileira, os legados de Getúlio e João Goulart, reivindicando esta tradição, lideranças e história. Isso contribui para qualificar nosso programa em seu horizonte estratégico, as reformas de base como caminho nacional para o socialismo democrático, como proclamava Darcy Ribeiro e Santiago Dantas, e contribua para a sociedade identificar suas tendências e sua evolução rumo à soberania política, independência econômica, justiça social e a construção da Pátria Grande latino-americana.

Por fim, o PT deve ter uma direção firme na defesa do partido, de seus líderes, de sua história, de seus governos, sem fazer concessões a velha mídia e à direita, com suas pressões, sobre corrupção e outros diversos temas. Uma direção que convoque a militância para reagir e tomar a iniciativa na disputa política, chamando as coisas pelo nome, formulando ideias e propostas e sem medo "de ser feliz". Nossa reação política não pode se sustentar em notas oficiais, resoluções formais e, muito menos, notas de escritórios de advocacia.

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