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Alberto Dias Mendes

Funcionário Público e pesquisador LPP - UERJ

3 artigos

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A vida pede passagem

A crise que se instalou no mundo, motivada pela pandemia do coronavírus, vem mostrando e demonstrando o quanto a vida é valiosa

(Foto: MANUEL SILVESTRI/REUTERS)
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A crise que se instalou no mundo, motivada pela pandemia do coronavírus, vem mostrando e demonstrando o quanto a vida é valiosa. Ao atingir a camada social do topo da pirâmide, o vírus comprova que ninguém está acima de ninguém. E mais, ele é a prova incontestável de que a luta pela preservação do planeta deve estar em primeiro lugar, pois ela significa a preservação da própria vida.

Pode parecer contraditório, mas é real. Nunca se uniu tanta gente quanto agora, com a obrigatoriedade do isolamento social. O patrão ou patroa deve perceber o quanto seu (sua) empregado (a) é importante. A sociedade deve se convencer o quanto ela não conseguirá se desenvolver sozinha, sem a solidariedade e sem apoio mútuo. Não há caminho para superação dos problemas com os valores que foram cultivados pelo capitalismo: individualismo, egoísmo e acumulação.

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Há um ditado popular que diz: “há males que vêm para o bem”. Se existe lado bom nessa pandemia, certamente é a possibilidade que temos de mudar nossos valores, de pensar mais no outro e de desenvolver nossa capacidade de nos reinventarmos. A vida pede passagem e não é para o futuro, é para o imediato presente. Não há nada mais importante, nesse momento, do que salvar vidas.

O plano de “destruição em massa” dos direitos das pessoas, gestado pelo governo brasileiro, deve ser abortado imediatamente, pelo bem do Brasil. Todos os protocolos de segurança e de saúde pública das autoridades mundiais e nacionais demonstram que as propostas de reformas do Estado brasileiro em curso levariam ao caos social e não teríamos nem o mínimo que temos hoje para cuidar de nossas pessoas.

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O Sistema Único de Saúde – SUS –, criado a partir da retomada popular da democracia que resultou na Constituição de 1988, alterou, significativamente, o modelo que até então predominava no país em relação ao atendimento básico à população e ao próprio conceito de saúde. O direito humano inalienável passou a ser gratuito e universal, com obrigatoriedade do Estado garanti-lo ao povo. Incluiu-se ainda o saneamento básico como parte indissociável do que podemos compreender como saúde, conforme preconizado pela OMS.

O modelo, entretanto, de capitalismo dependente neoliberal, implantado no país pelos governos de “transição”, acabaram por ir na contramão da saúde pública, pois negligenciaram a vida. A ocupação desordenada do espaço urbano, desmatamento, êxodo, são resultado de uma política antipopular de desenvolvimento econômico e social. O país concentrou renda nas mãos de poucos e represou investimentos nas áreas essenciais. A experiência de governos democrático-populares entre 2003 e 2016 revitalizou o SUS e inseriu o Brasil na liderança internacional, com todas as contradições que possamos apontar.

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A partir do golpe de 2016, os serviços públicos tornaram-se, novamente, alvo dos ataques do perverso sistema econômico, sedento de aumentar sua acumulação. Com a eleição da extrema direita em 2018, agravou-se o ataque à saúde e educação, a fim de facilitar a privatização do pouco que nos resta e entregar áreas essenciais ao parasitismo dos monopólios internacionais.

A crise gerada pelo coronavírus veio revelar, assim, o tamanho do problema que teríamos se o governo federal atual tivesse conseguido acabar com o SUS, conforme é sua intenção. Nos hospitais que aceitaram a EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – (a “sanguessuga” dos serviços de saúde), as condições de enfretamento da crise são bem piores. Essa afirmativa tem fundamento e pode ser verificada no exemplo do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ), um dos poucos a não trabalhar com a referida fundação privada.

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As universidades públicas e os Institutos públicos de pesquisa (Fiocruz, Butantan e outros) destacam-se, nesse cenário, como os lugares privilegiados para pesquisas e desenvolvimento de diagnósticos e antídotos para a doença. Esses órgãos públicos já o fazem há muito tempo em relação a outras doenças, mas agora sua relevância ganha maior destaque para vencer essa pandemia. A urgência agora é, portanto, revogar o teto dos gastos e investir o máximo de recursos nessas instituições para salvaguardar a vida da população. Isso inclui pedir ajuda internacional de países como Cuba e China, que já desenvolveram medidas e medicamentos que ajudam no controle. Não é momento para “vaidades” ou orgulhos inexplicáveis. É momento de união e de salvar vidas.

A situação atual, sabemos bem, não pede para ficar colocando “chifre em cabeça de burro”. A gravidade dela, entretanto, obriga-nos a ficar atentos e vigilantes contra os aproveitadores que querem retirar direitos das pessoas e fazem propaganda falsa. É preciso dizer bem alto que quem salvará a população é o SUS, é o SERVIÇO PÚBLICO e o SERVIDOR (A) PÚBLICO (A), principalmente da área da saúde. São essas pessoas que estão na linha de frente do combate ao coronavírus, que resistiram aos ataques privatistas e estão colocando sua própria vida em risco para salvar o povo, já tão maltratado.

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Vivemos uma crise civilizatória muito acentuada, fundamentalmente pela opção da maioria dos governos mundiais em aceitar as chantagens das corporações privadas e priorizar o lucro e acumulação, no lugar de distribuir a riqueza e cuidar da preservação do planeta. Já diziam os profetas que as pessoas se unem mais ou nos momentos de alegria ou de tristeza. Infelizmente, é a tristeza que está nos reinventando. Podemos, porém, ao sermos reinventados, dar mais valor à solidariedade e humanidade. Tenhamos coragem e fé na vida, pois, assim, venceremos essa batalha.

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