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Lais Gouveia

Mineira, jornalista e ativista da mídia livre

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A xenofobia possui várias camadas e nem sempre é na lata- um relato das agressões que vivi na Espanha

Fica o sentimento de vulnerabilidade, de medo e de estranhamento, em um país que escolhi para viver o próximo período

(Foto: Pixabay)
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Vivo na Espanha há dois meses (aprendendo uma nova língua, por questões profissionais e para fazer companhia ao meu companheiro, que estuda parte de seu doutorado aqui) e na última sexta-feira ocorreu algo que deixou várias feridas. Saindo da estação de trem, já no caminho para casa, fui assaltada e lançada ao chão através de uma rasteira por uma dupla de jovens que conseguiram roubar meu celular, cartão, 50 euros e molho de chaves. 

Meu companheiro tentou recuperar minha bolsa, em vão. 

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No entanto, ao sair do local com o joelho sangrando, sem conseguir mexer o meu braço, as violências não cessaram, no entanto, agressões essas mais veladas.

A começar quando me deparei, minutos depois do assalto, com uma viatura. A passividade dos policiais era gritante e eles simplesmente não tentaram ao menos ir atrás dos assaltantes. A forma em que tentavam “nos ajudar” era um esboço facial de tédio. 

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Na sequência, achamos um restaurante aberto para comprar água, enquanto esperávamos o chaveiro de emergência chegar em nossa casa. (meu companheiro não foi assaltado e estava com seu cartão). 

O tratamento naquele local foi cruel, grotesco e desolador. 

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Entramos e nos deparamos com um grupo na porta. Procurando acolhimento, começamos a contar sobre o assaltado, quando fui interrompida por um homem espanhol: 

“Já ouvi essa historinha várias vezes. Querem beber de graça aqui? eu pago”.

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Na sequência, o dono do restaurante, espanhol, chegou.

“Não me interessa o que aconteceu. Parem de gritar aqui ou vão embora. Anda, calem a boca!”.

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Não estávamos gritando, apenas assustados e contando o que havia acabado de acontecer. 

Enfim, o chaveiro abriu a porta, entramos em casa e ainda estamos processando o ocorrido. 

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Se tem um agradecimento que  faço, esse sim é à portuguesa e ao cubano que nos acolheram no dia seguinte, que são donos de um comércio na cidade, explicando os primeiros passos burocráticos. 

No mais, fica o sentimento de vulnerabilidade, de medo e de estranhamento em um país que escolhemos para viver nossas vidas no próximo período. Lamentável. A xenofobia existe sim, com várias camadas, e  acabei de viver tal atrocidade na pele.

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