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Carlos Reis R. Sousa

Professor de Filosofia do Instituto Federal do Maranhão, mestre em Filosofia Contemporânea e autor do livro Diálogo e Direito

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A zoada de Bolsonaro foi educativa

Quanto a Bolsonaro, que com esse episódio lembra o episódio bíblico em que o diabo tenta enganar Jesus no deserto, não sabemos a quem ele tentou enganar, se foi aos caminhoneiros, ao mercado financeiro ou a todos juntos

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A fala de Bolsonaro sobre a intervenção na Petrobrás e Eletrobrás (“eu vou meter o dedo na energia”) pelo menos serviu para duas coisas: entender a reedição da expressão: “o petróleo é nosso”, e o sentido da frase “o Brasil vai virar uma Venezuela”.

Após manifestação do presidente no último sábado, com a promessa de baixar o preço dos combustíveis e da energia elétrica, imediatamente iniciou-se uma maratona dos rapinersde riquezas públicas para que Bolsonaro não se desviasse do caminho da fé neoliberal. Tudo levava a entender que o presidente da república dava sinais de que poderia se tornar um Judas Iscariotes, discípulo infiel que colocaria a cabeça do mercado em risco, em troca de apoio de caminhoneiros e  consumidores-eleitores, insatisfeitos com o preço exorbitante dos combustíveis. O conselheiro da Petrobrás Marcelo Mesquita, em entrevista à Globo News, chegou a chamar Bolsonaro de comunista. E, nessa confusão, a zoada do presidente rebaixou o valor de mercado da maior estatal brasileira para menos 100 bilhões.   

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Os meios de comunicação da mídia de rapina, após a aparente postura intervencionista de Bolsonaro, fizeram três dias seguidos de vigília pelo ‘deus mercado’ e contra a intervenção no preço dos combustíveis e energia. Segundo eles, Bolsonaro ao trocar o presidente Castello Branco por um general do exército brasileiro, do mesmo modo que Judas enganou Jesus, estaria traindo o apóstolo mais fiel do capital, Paulo Guedes. Jornalistas comprometidos com o setor rapiner proclamavam que o presidente teria sido contaminado pelo mal do socialismo, ao abandonar o dogma liberal da não intervenção do Estado na economia. 

Ora, mas a Petrobrás não é uma empresa estatal? Na realidade, esses setores de rapina estão escancaradamente declarando aos brasileiros que não estão preocupados com quem amarga os altos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, mas apenas com os lucros resultantes da apropriação do Estado pelo mercado. Dessa forma, os carcarás de riquezas brasileiras, ou seja, meia dúzia de ricos, estão dizendo aos brasileiros: “o petróleo é nosso e não de vocês”, e assim fazem uma reedição dessa frase histórica. 

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E persistindo na analogia com a história bíblica da traição de Jesus, nota-se que temos uma legião de brasileiros, vítima dessa exploração pelos rapiners do mercado financeiro, que se junta a Herodes em defesa da cartilha de exploração neoliberal, disposta a sugar a última gota de sangue do Estado Brasileiro.

O presidente Bolsonaro, já conhecido por ser um presidente que alimenta seus “30 por cento fieis” com falsas declarações, fez um recuo gigante. E como um boizinho de presépio foi a público, ao lado dos presidentes do Senado e da Câmara, para prometer de joelhos curvados que continuará diminuindo o Estado, com a agenda de privatizações do Brasil, anunciando inclusive o começo da privatização da Eletrobrás. Bolsonaro escancara que é um capitão do mato do mercado financeiro ao renovar suas promessas batismais de 2018, declarando fidelidade e prometendo entregar o Estado às elites financeiras: “nossa agenda de privatizações continua a todo vapor e nós queremos sim enxugar o Estado, diminuir o tamanho do mesmo para que nossa economia possa dar a resposta que a sociedade precisa”.

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E sobre a expressão “o Brasil vai virar uma Venezuela” o que podemos aprender? As declarações de Bolsonaro sobre a intervenção no preço dos combustíveis inspirou o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco a afirmar: “boa tarde, Venezuela”, numa ironia de que o Brasil iria virar uma Venezuela se o governo mexesse na estatal. Portanto, nesse caso parece que virar Venezuela significa o Estado dirigir soberanamente as próprias riquezas do país, inclusive seu petróleo. Ou seja, não virar uma Venezuela significa abrir mão da soberania, das riquezas públicas, do Estado. A pressão que Bolsonaro sofreu em 72 horas é a mesma que a Venezuela sofre há anos pelo petróleo. 

A falsa visão de mundo de que a Venezuela é o inferno, para o qual devemos evitar é pregada às massas como algo religioso. E a grande missão do “crente” é renunciar suas riquezas estatais, seguir a cartilha do mercado financeiro, reverenciar o papa do sistema Paulo Guedes e jamais falar mal da própria “igreja-rapiner”. Quanto a Bolsonaro, que com esse episódio lembra o episódio bíblico em que o diabo tenta enganar Jesus no deserto, não sabemos a quem ele tentou enganar, se foi aos caminhoneiros, ao mercado financeiro ou a todos juntos.

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