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Matheus Brum

Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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Abaixo aos “caciques” da esquerda

"Os grandes líderes políticos, forjados na efervescência social do final da década de 70 e início de 80, encaram hoje, pelo comando partidário, a juventude que se beneficiou da melhoria socioeconômica da década passada e da expansão universitária"

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Olá, companheiros e companheiras. Como vão? Hoje quero trazer aqui um tema que está correlacionado com as manifestações que acontecem ao redor do Brasil: a renovação dos partidos progressistas. Mas, para isso acontecer, é preciso que tenhamos a coragem de retirar os “caciques” do comando da burocracia parlamentar-partidária que temos hoje. 

Muitas vezes, criticamos o lado de lá. Falamos mal dos velhos “caciques” tucanos, emedebistas, etc. Porém, esquecemos de olhar para o nosso próprio umbigo. O campo progressista brasileiro passa por um hiato geracional. Os grandes líderes políticos, forjados na efervescência social do final da década de 70 e início de 80, encaram hoje, pelo comando partidário, a juventude que se beneficiou da melhoria socioeconômica da década passada e da expansão universitária. 

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Entretanto, na grande maioria dos casos – para não dizer sempre – a juventude, que tem colocado a cara na rua e deseja fazer uma política diferente, não consegue espaços dignos dentro das estruturas burocratizadas dos partidos mais à esquerda, sendo reféns das velhas lideranças. Com o pêndulo da balança tão desproporcional, é praticamente inviável que candidaturas jovens consigam espaços para construírem uma campanha vitoriosa. 

Quero deixar claro que respeito e admiro demais os militantes que lutaram contra a ditadura, que se organizaram em sindicatos e que estruturaram os partidos que temos hoje nos representando. Só que o tempo destas pessoas passou. A sociedade da década de 70/80 não é a mesma de hoje e nem será a mesma desta década que se aproxima. 

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As relações de trabalho mudaram. A exploração do Capital sobre os trabalhadores, também. Hoje, a classe trabalhadora é bem mais heterogênea. Enfrentamos o “boom” do autoemprego, com as dezenas de aplicativos de transporte e entrega de mercadorias; a maior organização dos sindicatos patronais e das gestões empresariais, que desarticulam qualquer tentativa de organização dos trabalhadores; a própria mudança de conceito, retirando o termo “trabalhador” para emplacar o “colaborador”; a criação de diversos cargos e profissões que não regulamentados e que, por isso, não possuem organização de classe para representá-los, entre outros aspectos. 

Para encarar os desafios do mundo de agora, nada melhor do que o jovem que enfrenta esta dura realidade. Somos a juventude mais intelectualizada e preparada da História deste país. Só que ao mesmo tempo, quase um quarto de homens e mulheres de até 24 anos, não conseguem emprego. O mercado de trabalho não dá oportunidades para a juventude. 

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O pacto da redemocratização, que criou a Nova República – que alguns historiadores dizem que acabou com o impeachment de 2016 – já não nos representa. A burocracia partidária já não consegue fazer brilhar os olhos desta juventude que quer construir sua própria história e seu próprio espaço. 

Por isso que as manifestações de 2013 foram um fracasso para a esquerda. Por isso que há um medo de que as de 2020 se tornem um novo problema. Quem está na rua, hoje, tem dificuldades de acreditar que a esquerda parlamentar - que fica enfurnada em reuniões e mais reuniões de análise de conjuntura e que se manifesta apenas por notas de repúdio - possa ser uma aliada. Na verdade, o temor é que os partidos façam uma cooptação do movimento, enfraquecendo-o por dentro. 

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E é neste contexto que precisamos, mais que nunca, que os partidos abram espaços de renovação. Os velhos caciques já fizeram sua contribuição. Só que o momento é outro. Da mesma forma que eles escreveram a história do país a partir de 1970, queremos construir a nossa, através da luta deles. 

A renovação partidária é ainda mais importante quando observamos como que a “antipolítica” tem força popular. A negação da política traz consequências péssimas para a democracia. Vimos isso em 2018 e enfrentamos a repercussão agora. Precisamos de novos projetos políticos, que ouçam a sociedade, os diferentes setores e segmentos. Para que novos líderes sejam criados. 

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As manifestações de agora mostram mais uma vez que o “caciquismo” da esquerda têm afastado o povo das nossas ideias e representações. Que possamos refletir sobre uma renovação e colocar em práticas estratégias para que possa ocorrer essa passagem de bastão. 

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