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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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Abril cinzento para o governo Lula

O governo Lula, com todas as diferenças, vive uma situação insólita. As conquistas não estão se traduzindo em maior aprovação ao governo

Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
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Num passado não tão distante, um governo progressista-reformista, bem avaliado pela população, viu juntar-se contra ele, nas ruas, no Congresso e também lá fora,  um conjunto de forças que o fez sair dos trilhos e desmoronar. Era chefiado pela primeira mulher eleita presidente, Dilma Rousseff.

A história não se repete mas nós somos tentados a buscar no passado elementos que nos ajudem a compreender o presente.  São muitas as diferenças entre o governo Dilma e o governo Lula 3, mas alguns fatos recentes nos fazem lembrar daquele período, entre 2015 e 2016, que abriu para o Brasil a caixa de pandora.  Como ela mesmo previu, não ficou pedra sobre pedra, e terminamos no desgoverno neofascista de Bolsonaro.

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O governo Lula, com todas as diferenças, vive uma situação insólita. Pegou um país destruído por quatro anos de desgoverno, venceu uma tentativa de golpe, recriou as políticas sociais imprescindíveis ao enfrentamento da pobreza e até da fome,  reanimou a economia colhendo crescimento surpreendente no primeiro ano, controlou a inflação, fez o emprego reaparecer e resgatou o respeito externo pelo país.

Aí está o IBGE informando que a renda média dos brasileiros cresceu 11,5% e a renda dos mais pobres, 12,6%.  A FGV atesta que 8,3% da população, ou 16,9 milhões de pessoas, que em 2023 estavam abaixo da linha de extrema pobreza, deixaram essa condição.

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Estes feitos notáveis, entretanto, não estão se traduzindo em maior aprovação ao governo e em aumento da popularidade do presidente. Nem estão impedindo que o Congresso – onde ninguém depende de boa comunicação governamental para saber o que se passa no país - viva gerando crises, reiterando ameaças, acenando para a instabilidade.  

Embora seja abril,  tempo de céu limpíssimo em Brasília, nuvens pesadas marcaram a relação entre os poderes. O Senado confrontou o STF aprovando a PEC das drogas, um retrocesso. Falou-se em impeachment de ministros da corte. Uma pauta bomba de R$ 40 bilhões foi armada na CCJ com o projeto que cria quinquênios para magistrados, procuradores e caroneiros. Por que o STF quer premiar o Judiciário enquanto hostiliza a  suprema corte?

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Na Câmara, um presidente com os nervos à flor da pele ameaçou instalar CPIs em pencas e derrubar vetos e decretos presidenciais e tocar a “pauta da vingança”.

Dois bombeiros agiram para baixar o fogo, o ministro Rui Costa e o líder José Guimarães. Lira sossegou um pouco, não havia falado em vingança.  A birra com o ministro Padilha é coisa pessoal. O presidente voltando da Colômbia, fez na sexta uma pajelança com a equipe palaciana para entender a confusão. Lula, bom nordestino, sabe como ninguém amansar cabritos bravos. Vai encontrar-se com Artur Lira e com Rodrigo Pacheco.  O mal estar será contornado mas haverá um preço a pagar. Possivelmente, a liberação de R$ 3 bilhões dos R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão que ele vetou. Mas daqui a algum tempo, o chão vai tremer de novo.

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Desde que Eduardo Cunha impôs a Dilma a liberação impositiva das emendas individuais , a governabilidade no Brasil é bancada pelo orçamento. Sob Temer, o Congresso tornou obrigatória também a liberação das emendas de bancada. Com Bolsonaro, avançou mais, criando o orçamento secreto. Lula o refugou, com a ajuda do STF, mas vem pagando faturas transparentes.

É certo que Lira busca eleger um sucessor para não ficar ao relento no futuro mas, com ele ou sem ele, o Congresso pegou o osso e não vai largar. Em relação a Eduardo Cunha, é preciso reconhecer que Lira tem uma diferença: não quer passar-se por um irresponsável fiscal, aprovando pautas bomba. Menos mal.

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Na rua, a oposição a Dilma veio com as manifestações de 2013. A extrema direita estava rompendo a casca do ovo e surfou a onda. Mas foi o Congresso, o PSDB de Aécio e o PMDB de Temer principalmente, que armaram a bomba do impeachment. Tiveram aliados, como o TCU, a mídia, o mercado, a Fiesp etc.

Já o que espreita Lula, o que nos espreita a todos no campo democrático,  é o bolsonarismo, agora fortemente acasalado com a extrema direita trumpista nos EUA. Os ataques de Elon Musk ao ministro Alexandre de Morais, sua articulação com deputados trumpistas para denunciar “a ditadura no Brasil”, são expressão clara disso. 

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O caso Musk-X pilhou a militância extremista que estará com Bolsonaro neste domingo na praia de Copacabana.  Malafaia avisa que vai descer a lenha em Alexandre de Morais. Quer ser preso para com isso levantar o clamor dos evangélicos.  A palavra de ordem será novamente anistia, mas agora ampla. Não apenas para os vândalos de 8 de janeiro, mas para Bolsonaro, com a revogação de sua inelegibilidade. Ele e Trump querem voltar. Mangalô três vezes!!

Tudo isso está acontecendo sem que o campo progressista consiga levantar-se para fazer frente à ofensiva da extrema direita, para defender o STF sob ataque e o governo que se move pisando em ovos e evitando crateras. É como se a esquerda só existisse no Parlamento, onde é minoritária e dependente do Centrão. 

E não estou nem falando na algaravia que vem do mercado, BC, FMI e outros atores do mundo econômico por conta do ajuste temporal na política fiscal.

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