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Josué Silva Abreu Júnior

Psicólogo e doutor em Antropologia

15 artigos

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Academia de matemática ou academia de política? As contradições das pesquisas partidárias na Venezuela

A Academia busca de forma desesperada encobrir o sucesso da Venezuela no combate à Covid-19, gerando o pânico na população com o intuito de desestabilizar o governo

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No dia 10 de maio, a Venezuela registrava apenas 414 casos de Covid-19, o que significava um número extremamente baixo quando comparado a outros países da região como Brasil, Peru, Colômbia, Equador e Chile. Alegando que o país realizava pouco mais de 80 testes de PCR diariamente, o que é pouco, a Academia Venezuelana de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais realizou um estudo para verificar se as medidas restritivas rígidas e antecipadas adotadas pelo governo venezuelano estavam, de fato, surtindo efeito. Para tanto, tal Academia fez duas projeções para o número de pessoas que seriam contaminadas diariamente no mês de setembro: Um cenário de contágio leve (mil pessoas diariamente), que mostra o comportamento esperado em uma baixa taxa de contágio, graças as restrições de mobilidade no país e, um segundo cenário de contágio moderado no qual 4 mil pessoas se contaminam diariamente. Embasado em uma interpretação equivocada da pesquisa, o jornal venezuelano, El Nacional, publicou a seguinte manchete: En junio el pico de covid-19 en Venezuela podría ser de 4.000 casos diarios (Em junho, o pico de covid-19 na Venezuela poderia ser de 4 mil casos diários). Tal matéria foi compartilhada por diversos sites. No entanto, apenas 171 pessoas foram diagnosticadas no dia de maior contágio no mês de junho. De forma curiosa, o jornal Efecto Cocuyo, republicou a pesquisa no mês de agosto, mais de três meses depois, destacando, desta vez, a previsão mais otimista, já que naquele momento havia grandes indícios que a previsão pessimista estava equivocada. A manchete, no entanto, não parecia positiva. O jornal publicou a seguinte frase: “Um pico de mil casos de COVID-19 diários, projeta a Academia de Ciência Físicas”. Um forte trabalho midiático já estava em marcha para limpar a reputação das pesquisas enviesadas. 

O mês de setembro chegou e o número de contaminados cresce de forma análoga a projeção otimista, isto é, em um número pouco maior que mil pessoas diárias (1.049 na média dos três primeiros dias). No dia 3 de setembro, a Venezuela registrou 994 pessoas contaminadas, um número mais baixo que a previsão otimista. Ora, de acordo com a metologia utilizada pela Academia Venezuelana, a conclusão óbvia seria que as políticas de restrição de mobilidade funcionaram no país. No entanto, como tal Academia age de forma partidária, a doutora Mireya Goldwasser, representante da Academia, afirmou que “tivemos muito respaldo de instituições que disseram: ‘a Academia tinha razão’”. No lugar de analisar os dados de acordo com a metodologia proposta, a doutora chama a atenção para a subnotificação. No entanto, a Venezuela aumentou o número de testes de PCR realizados diariamente em mais de 20 vezes. No primeiro estudo realizado pela Academia, os testes não passavam de 90 diários e, atualmente a doutora Goldwasser admite que a Venezuela está “fazendo cerca de 2 mil, por dia”. A doutora considera pouco, e afirma que deveriam ser entre 8 e 10 mil. Para que a estimativa pessimista estivesse correta, a doutora teria que pressupor um número de contaminados 4 vezes maior, considerando a subnotificação. No entanto, não foram realizados estudos que justifiquem esta pressuposição. Na primeira estimativa realizada por esta Academia, o número de contaminados era apenas duas vezes maior que o registrado. Além disso, conforme apontado, atualmente o número de testes de PCR realizados diariamente é 20 vezes maior que na época da pesquisa. Neste contexto cabe ressaltar também que a Venezuela realiza mais de 27 mil testes rápidos diariamente e que as pessoas diagnosticadas por estes testes são isoladas e têm amostras recolhidas para o teste de PCR. Somando os testes rápidos e os de PCR, a Venezuela é o país que mais testa na América Latina. 

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Com as informações acima, é possível observar que a Academia Venezuelana de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais expressou o seu viés ideológico ao buscar confrontar os números divulgados pelo governo. Em um segundo momento, foi possível observar sites opositores realizando um trabalho para suavizar as distorções da pesquisa, por meio da publicação do portal Efecto Cocuyo em agosto, mais de dois meses após a publicação da pesquisa. Finalmente, o portal Voa Notícias, entrevistou a doutora Goldman que se recusou a analisar os dados da forma apresentada na metodologia. Considerando todas estas questões, conclui-se que a referida Academia de Matemática está mais próxima a uma Academia de Política com vieses partidários ligados à oposição ao governo venezuelano. A Academia busca de forma desesperada encobrir o sucesso da Venezuela no combate à Covid-19, gerando o pânico na população com o intuito de desestabilizar o governo. 

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