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Urariano Mota

Autor de “Soledad no Recife”, recriação dos últimos dias de Soledad Barrett, mulher do Cabo Anselmo, entregue pelo traidor à ditadura. Escreveu ainda “O filho renegado de Deus”, Prêmio Guavira de Literatura 2014, e “A mais longa duração da juventude”, romance da geração rebelde do Brasil

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Acender uma vela pelo Brasil

Se assim pudéssemos, o STF em peso o jogaria em impedimento e posterior cadeia, por todos os motivos de imoralidade, descumprimento da Lei e escárnio contra a democracia. Ah, se os nossos desejos pudessem ser mágicos como a crença da melhor gente do Brasil!

(Foto: Agência Brasil)
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No povo, principalmente entre os seguidores dos cultos afro-brasileiros, é costume acender uma vela para a realização de um desejo. Se uma filha vai fazer um concurso, se um filho tem uma prova difícil, no mesmo dia ou antes a mãe acende uma vela em lugar discreto, para que tudo ocorra bem. Esse é um ato de fé onde se inclui a beleza da chamada dos deuses, como há séculos os poetas invocavam para escrever uma obra mais alta.

Também se acende uma vela para agradecimento a uma santa ou santo por uma graça alcançada. Isso é comum entre as pessoas católicas, espíritas e crentes dos terreiros. No morro da Conceição no Recife tem sido assim, aos pés da grande imagem, com pequenas fogueiras de cera que todos devemos respeitar. Lá no Padre Cícero no Juazeiro, e para a Aparecida também em São Paulo. E como uma característica nacional, em todos os lugares do Brasil onde habite o desejo de vencer situações difíceis, acendem-se velas.

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Acendem-se velas ainda em memória dos mortos, com afeto e tristeza. Mas na gravidade da hora deste presente, em mais de um sentido, em todos os sentidos, penso que deveríamos acender muitas velas, milhões de velas  pelo Brasil. Pelo bem do povo brasileiro, tão sem saúde e machucado. Pelos indígenas, sem saúde e sem terra. Pelos negros, sem saúde e mortos nas ruas. Pelas mulheres, sem saúde e desrespeitadas como animais odiados. Pelos intelectuais, artistas, pelos cientistas, que emigram em busca de um lugar onde possam trabalhar. Por todo Brasil, enfim, talvez fosse a hora de se acenderem muitas velas.    

Se a chama do voto pudesse tudo fazer, de voto  no sentido de urna eletrônica, e neste caso, de oferenda aos santos do Brasil, uma grande fogueira deveria subir até os céus brasileiros. Diferente em tudo dos incêndios das florestas, diferente em tudo do fogo do calor que seca os rios e represas, em tudo diferente do fogo de armas nas mãos dos bárbaros, bilhões de velas deveriam arder em luminosas chamas até as nuvens do azul do Brasil. Se assim pudesse, a luz votiva  faria no espaço mágico a derrubada, a destruição de Bolsonaro, do fascismo de todo o seu governo, mais que derrubar, puniria com no mínimo prisão a ele e a todos os seus ministros, criminosos por covardia, corrupção ou ideologia fascista.

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Então, as chamas das velas realizariam um “queima Bolsonaro”, uma superação do inferno em que vivemos pelo fogo do povo brasileiro. Ah, por Deus e por todos os deuses, poderíamos ser então merecedores do que manda o coração? Abaixo Bolsonaro em procissões de círios que falassem e agissem, com atos e realizações o que até aqui não temos conseguido, oprimidos que estamos por um congresso vendido em troca de verbas, enquanto afundam os direitos básicos e inalienáveis da gente brasileira. Se assim pudéssemos, o STF em peso o jogaria em impedimento e posterior cadeia, por todos os motivos de imoralidade, descumprimento da Lei e escárnio contra a democracia. Ah, se os nossos desejos pudessem ser mágicos como a crença da melhor gente do Brasil!

Mas como as chamas unidas não podem trazer a felicidade, e como o fogo em cera não realiza o que é concreto da ação política, façamos então um trato com a fé: acendamos uma vela pelo Brasil, enquanto levemos afora de todas as maneiras o nosso protesto. E depois do próximo 7 de setembro fascista, poderemos  cantar um hino com estes versos de Vinícius de Moraes:

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“Vontade de beijar os olhos de minha pátria 

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De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos... 

Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias 

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De minha pátria, de minha pátria sem sapatos 

E sem meias, pátria minha 

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Tão pobrinha! 

 

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho 

Pátria, eu semente que nasci do vento 

Eu que não vou e não venho, eu que permaneço 

Em contato com a dor do tempo, eu elemento 

De ligação entre a ação e o pensamento 

Eu fio invisível no espaço de todo adeus...

 

Tenho-te no entanto em mim como um gemido 

De flor; tenho-te como um amor morrido 

A quem se jurou; tenho-te como uma fé 

Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito”

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