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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Aécio sonha em ser primeiro-ministro depois do golpe, como o avô

"Já que não deu para ser presidente da República, nem vai dar nos próximos anos, pois sua biografia está na UTI, Aécio tem um plano B: implantar o parlamentarismo e se tornar o primeiro primeiro-ministro do novo regime, tal como foi seu avô Tancredo durante a crise de 1961", prevê o jornalista Alex Solnik; em sua coluna no 247, ele destaca que, "da primeira vez o parlamentarismo foi inventado depois de um golpe; agora, a história se repete"; "Parece que os políticos brasileiros não aprenderam nada desde então. Em 1963, submetido a plebiscito, o parlamentarismo caiu. No ano seguinte, os militares derrubaram Jango de vez e a ditadura começou", recorda Solnik

aécio temer (Foto: Alex Solnik)
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Já que não deu para ser presidente da República, nem vai dar nos próximos anos, pois sua biografia está na UTI, Aécio tem um plano B: implantar o parlamentarismo e se tornar o primeiro primeiro-ministro do novo regime, tal como foi seu avô Tancredo durante a crise de 1961.

Daquela vez o sistema foi implantado a fórceps. Encurralado pelos três ministros militares de Jânio, liderados por Odilio Denis, da Guerra, que não aceitaram a posse de João Goulart na presidência depois da renúncia e exigiam que o Congresso votasse seu impedimento, pois a ideia era impedir Jango “sem que parecesse golpe”, não se dobrou totalmente à exigência, mas sugeriu a troca do presidencialismo pelo parlamentarismo. Desse modo, Jango seria um presidente que não mandaria nada; mandaria o primeiro-ministro escolhido pelos deputados e senadores e aprovado pelo marechal, que acabou sendo Tancredo Neves.

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Assim como em agosto de 1961 a grande questão política do Brasil era como impedir o vice-presidente João Goulart de assumir o cargo máximo da nação, a questão agora é como impedir Lula de concorrer à presidência da República sem que pareça golpe.   

Passam-se décadas, mas os episódios parecem se repetir, desmentindo a célebre profecia de Karl Marx.

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Ele não conhecia o Brasil.

Da primeira vez o parlamentarismo foi inventado depois de um golpe; agora, a história se repete.

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Embora tenha sido vendida ao país a ideia de que Jânio renunciou por ser um bêbado maluco que não sabia o que fazia e assim mergulhou o Brasil numa “crise sem precedentes” que desaguou no golpe militar de 64, nada disso é verdade.    

Jânio foi pressionado a renunciar para não ser derrubado por um golpe encabeçado pelo governador do Rio, Carlos Lacerda, com apoio do Marechal Dinis e do governo americano uma semana depois de condecorar o Ministro da Indústria e Comércio de Cuba, Ernesto Che Guevara com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, às 7 da manhã de 19 de agosto de 1961.

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No mesmo dia, às 7 da noite, numa espécie de desagravo ao governo americano que rompera com Cuba havia dois anos, Lacerda entregou a chave simbólica do estado da Guanabara ao líder anti-castrista Manuel Antônio Verona declarando:

“As portas da cidade estão sempre abertas para os combatentes da liberdade cubana”.

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No dia 20, recebeu no Palácio Guanabara os generais Emilio Rodrigues Ribas Jr., imediato do Ministro da Guerra Odilio Dinis e Ademar de Queirós, comandante de todas as tropas aquarteladas na Vila Militar.

Ele não estava para brincadeira, portanto.

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Naquele tempo, apenas um ano depois da inauguração de Brasília – que foi inaugurada sem estar concluída - o Rio dividia com ela o título de capital do país: muitos ministérios lá permaneciam e o presidente da República passava os fins de semana no Palácio das Laranjeiras, ainda sua residência oficial.

No dia 21, o deputado republicano August E. Johansen declarou em Washington que a atitude de Jânio para com o regime de Fidel era “uma dissimulação hipócrita e traiçoeira”.

Os americanos estavam muito nervosos. Fidel tinha derrubado, nas suas barbas, o regime capitalista e espoliador de Cuba em 1959; naquela semana os soviéticos começaram a erguer o muro de Berlim.

Kennedy não aceitava sofrer mais uma derrota para os comunistas com a guinada da política externa de Jânio em direção a Cuba, União Soviética e China ao mesmo tempo.

Foi derrubado, portanto. E depois exilado. No embarque, falando aos jornalistas, comparou seu caso com o de Getúlio: “Mandam-me embora. Mas anotem: por breve tempo”.

Embora o regime fosse democrático e a constituição determinasse que o vice deveria ocupar a cadeira, os ministros militares, que foram confirmados no posto pelo presidente da Câmara, Ranieri Mazzili, que assumiu em lugar de Jânio, disseram que Jango não poderia assumir. E, se voltasse da China, onde estava em missão determinada por Jânio, a ordem era prendê-lo. Aviões foram revistados pela polícia suspeitos de trazerem Jango.

Se havia um presidente civil, Ranieri Mazzili, mas quem mandava no país eram os militares mais graduados, não há dúvida de que eles renunciaram Jânio e tentaram implantar um regime militar.

A renúncia de Jânio não foi renúncia, mas golpe. Contra ele.

E o parlamentarismo a resposta anti-democrática.

Parece que os políticos brasileiros não aprenderam nada desde então.

Em 1963, submetido a plebiscito, o parlamentarismo caiu.

No ano seguinte, os militares derrubaram Jango de vez e a ditadura começou.

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