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Daniel Quoist

Daniel Quoist, 55, é mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos

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Aécio vai encarar o golpe? Dilma não é Jango, nem é Collor!!

É urgente que alguém assessore melhor o senador mineiro. E esse alguém deve lhe dizer com todas as letras que ele não passará por cima da massa de 54 milhões de pessoas que elegeram Dilma Rousseff

É urgente que alguém assessore melhor o senador mineiro. E esse alguém deve lhe dizer com todas as letras que ele não passará por cima da massa de 54 milhões de pessoas que elegeram Dilma Rousseff (Foto: Daniel Quoist)
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A obsessão do senador Aécio Neves para derrubar a presidente Dilma Rousseff da presidência beira a paranoia tresloucada.

A cada semana uma nova investida, um novo chamamento para o impeachment da presidente eleita pela maioria do povo brasileiro há poucos mais de 180 dias para governar o Brasil.

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Chega a ser constrangedor o país ouvir tão longo e tão insano choro de perdedor. Mas de um perdedor que parece ter perdido completamente a noção do que é certo e do que é errado, do que é lícito e do que é ilícito, do que é legal e do que é ilegal, e, principalmente, do que é golpe e do que é mandato eletivo legitimado pelas urnas.

Alguém com um mínimo de autoridade moral precisa dizer ao senador mineiro que na legislação eleitoral vigente não existe o instituto do terceiro turno: os candidatos fazem campanha pela presidência da República a cada quatro anos, nela apresentam suas plataformas, debatem, realizam comícios, formam alianças, produzem programas eleitorais para o rádio e para a tevê e num certo domingo de outubro são julgados pela população através de voto universal, secreto e imune a fraudes. Caso o mais votado não obtenha 50% mais 1 dos votos válidos dentre todos os votantes, os candidatos voltam a fazer campanha, bem mais curta e algumas semanas depois os eleitores retornam às cabines de votação para escolher dentre os dois candidatos que receberam maior número de votos quem será o presidente do Brasil.

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Qual é a parte dessa história que o senador mineiro diz não entender, parece desconhecer ou luta para não entender e aceitar?

LACERDA NA CABEÇA É COMO LOBOTOMIZAR A DEMOCRACIA

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A verdade é que o país não pode ficar a mercê da ameaça golpista, e nem submetido ad aeternum aos rancores de um redivivo Carlos Lacerda, o príncipe dos políticos golpistas, o patrono insubstituível dos que odeiam o regime democrático, o falastrão contumaz criador de expressões sórdidas, o timoneiro-mor do seu fabricado mar de lama, o inspirador de toda gama de conluio golpista, o franco atirador contra todas as liberdades civis e democráticas no Brasil.

E o senador mineiro neste momento em que mais necessita de saudável aconselhamento parece se sentir só, abandonado: não há viva alma caridosa que lhe diga que ele é o menos indicado a comandar um golpe para derrubar a presidente do Brasil.

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Porque o seu capital de "neto de Tancredo" se esfarela a olho nu enquanto seu capital de "filho de Lacerda" ganha robustez a cada nova pantomima, a cada nova fala incitando a um golpe que, em seu peculiar linguajar, assume diversos nomes, "recontagem dos votos no TSE", "delações premiadas", "pedalada fiscal", "estelionato eleitoral", "solução a la Eduardo Cunha", "baixa aprovação do Datafolha", "doações de campanha seletivamente criminosas", "sociedade não é bolivariana", "coxinização em alta".

É urgente que alguém assessore melhor o senador mineiro. E esse alguém deve lhe dizer com todas as letras que ele não passará por cima da massa de 54 milhões de pessoas que elegeram Dilma Rousseff presidente do país em 2014, e também nem ao menos fará piscar alguns milhões de eleitores que no primeiro turno sufragaram o nome de Marina Silva, e bem menos ainda o conservador potentado paulista que, como nos mostra a história, preferirá no pleito de 2018 mil vezes os nomes de Geraldo Alckmin e de José Serra ao invés do seu.

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Será que Aécio Neves não aprendeu nada com a história política recente do Brasil?

HISTÓRIA DEVE SER VACINA CONTRA GOLPISMO

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Da derrubada de João Goulart em 1964 para julho de 2015 o país mudou muito, a consciência política do povo se acendeu, as recordações cruéis do tempo em que o país era uma "casa de mortos-vivos" ainda estão muito presentes e a Comissão da Verdade recém-encerrada está aí para nos dizer isso.

O impeachment de Fernando Collor em 1992 contou com alguns ingredientes incendiários que neste 2015 simplesmente inexistem: Collor submeteu o país como um todo a um perverso confisco econômico, confisco que afetou perversamente a vida de todos – ricos e pobres igualmente e levado a cabo por Zélia Cardoso de Melo; Collor tinha como partido um arremedo de agremiação política que fora o famigerado PRN, sem lideranças, sem estruturas sólidas em nenhum dos estados da federação, sem apelo popular; Collor tinha contra si um tesoureiro malévolo como o famigerado PC Farias e um irmão tresloucado e doentio de ciúmes e inveja como Pedro Collor; Collor tinha contra si toda a imprensa tradicional, ainda majoritariamente analógica, impressa e em 1992 praticamente inexistia a internet, as redes sociais, a imprensa alternativa, cidadã e já acessível a mais de 2/3 da pópulação brasileira que temos hoje em 2015.

Mas... e hoje, em 2015? O PT não é o PRN. Muito ao contrário o PT é o partido melhor estruturado do país, tem o maior número de filiados, conta com o apoio histórico das maiores centrais sindicais e líderes dos diversos movimentos populares; o PT governa estados de Minas Gerais, Bahia, Ceará, Piauí e Acre; tem uma combativa bancada composta por 13 senadores; tem a maior bancada na Câmara Federal com 66 deputados; conta com 90 deputados estaduais por todo o país e administra nada menos que 619 prefeituras dentre as 5.570 existentes no país.

Será que Aécio e seus seguidores irão encarar?

A LUTA PARA CHAMAR GOLPE POR QUALQUER OUTRA COISA

Na política nacional não existe pior epíteto para qualquer político que pense em vencer futuras eleições que ser chamado ou reconhecido como golpista. Porque todo golpista é um tirano, um usurpador dos direitos da cidadania, dos direitos da maioria. Porque todo golpista é inescrupuloso em sua essência e seus interesses pessoais estarão sempre à frente de quaisquer outros interesses. Porque todo golpista é ardiloso, conspirador. E não é e nunca será digno de confiança.

Daí os malabarismos verbais do próprio Aécio Neves para chamar de qualquer outra coisa o que vem incitando que não golpe. Mas não engana a ninguém. E, qualquer que seja o desfecho, está evidente que o mineiro pagará um preço bastante alto por essa rematada aventura golpista.

Se for bem sucedido no golpe com que vem flertando, dia sim e dia não também, e desde o anúncio que brotou das urnas ao fim do dia 26 de outubro de 2014, Aécio Neves testemunhará no Brasil o pior dos mundos: levantes, greves intermitentes, vazamentos diversificados de tudo a que a ele estiver relacionado, seja verdadeiro ou não e pesadas doses de convulsão social, mês a mês, capitais externos deixarão de vir ao país, ensejando que a economia conheça novamente o significado de espiral inflacionária.

Além de isolamento diplomático do Brasil no caso de um golpe que derrube a presidente Dilma Rousseff – há que se refletir se, como ocorreu no passado, os Estados Unidos reconheceria de pronto a transição de governante sem a ocorrência de eleições limpas e contando apenas com a ocorrência sistemática de conluios entre a oposição a Dilma Rousseff e setores da mídia, de instâncias da cúpula do Poder Judiciário e também do que se convencionou inferir como o Guantánamo do Paraná, aquele lugar onde inexiste presunção de inocência, todo processo em sigilo de justiça é revelado semanalmente nas revistas Veja e Época e repercute de imediato na escalada do Jornal Nacional desde que seja para incriminar o Partido dos Trabalhadores, a presidente Dilma Rousseff ou simplesmente caluniar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Se for vitorioso no golpe, seja usando o Poder Judiciário ou as artimanhas do Tribunal de Contas da União (TCU), seja potencializado por uma mídia venal e capenga, em franca corrida para o declínio, Aécio Neves descobrirá que fazer oposição é talvez uma das maiores expertises do Partido dos Trabalhadores que, em hipótese alguma, deixará que seu legado de inclusão social, de políticas estruturantes e transformadoras sejam desfiguradas, interrompidas, obliteradas.

FATOR LULA NÃO DEVE SER SUBESTIMADO

Em caso extremo desses o líder e fundador do Partidos dos Trabalhadores também não ficará inerte, porque simplesmente a inércia não é da sua natureza. E Lula irá à luta começando com um surpreendente giro pelo exterior revelando os bastidores sórdidos do golpe que Aécio Neves encabeçou no país. Lula é, queiramos ou não, a mais importante personalidade política surgida no Brasil nos últimos 40 anos. E testemunho disso são as quatro dezenas de premiações que recebeu por uma dúzia de países europeus, por uma dezena de estados norte-americanos, por países da África e da Ásia igualmente.

E, ao seu lado no périplo internacional, Lula contará com ninguém menos que a presidente derrubada. E também nesse quesito Aécio Neves deveria saber mais que ninguém que alguém que sofreu na pele os rigores da ditadura militar brasileira, que esteve em paus-de-arara, que teve sua mandíbula quebrada por socos e cassetetes pode ser qualquer coisa – menos uma covarde, menos alguém que se deixa lesar, alguém que foge da luta e do bom combate. Numa situação extrema dessas Dilma Rousseff terá diante de si todos os fóruns internacionais e todos os púlpitos para revelar a sordidez dos que ousaram trair a vontade do povo brasileiro e surrupiar, com golpe jurídico-midiático, a sua presidência, o seu mandato.

Aécio Neves quer pagar para ver se tal cenário se tornará realidade? Que tente, então. E verá.

Mas, e se o mineiro for mal sucedido na aventura golpista? Bem, esse é de longe o cenário mais provável: porque o golpe não passará e não importa por qual nome seja chamado. Aqui não se trata de terminologia: derrubar uma presidente é coisa séria e é para profissionais do golpismo. E estes precisam mensurar todos os cenários – tanto internos quanto externos.

Ainda, assim, será perdedor pela terceira vez em um mesmo pleito eleitoral. Restará então ao senador mineiro usar todo o tempo de seu solitário egocentrismo – além de seus variados e contínuos rompantes de estrelismo - para explicar porque se dispôs a conspirar contra a Constituição, a engendrar subterfúgios para interromper o robusto processo de liberdades democráticas e de estado de direito por que passa o Brasil desde 1985.

Será que ninguém informou a Aécio Neves que qualquer que seja o resultado de suas investidas para derrubar Dilma Rousseff ele já se apresenta como único e imbatível perdedor? E tem um detalhe bastante comprometedor: suas falas, entrevistas e discursos estão todos gravados e cuidadosamente serão editados; seus artigos na imprensa falam por si e trazem sua assinatura; os que o acompanham e que dizem falar em seu nome também robustecem o verbete do golpismo pós-1964.

PT NÃO É PRN E DILMA NÃO É JANGO NEM COLLOR

O impeachment de Fernando Collor em 1992 contou com alguns ingredientes incendiários que neste 2015 simplesmente inexistem: Collor submeteu o país como um todo a um perverso confisco econômico, confisco que afetou perversamente a vida de todos – ricos e pobres igualmente e levado a cabo por Zélia Cardoso de Melo; Collor tinha como partido um arremedo de agremiação política que fora o famigerado PRN, sem lideranças, sem estruturas sólidas em nenhum dos estados da federação, sem apelo popular; Collor tinha contra si um tesoureiro malévolo como o famigerado PC Farias e um irmão tresloucado e doentio de ciúmes e inveja como Pedro Collor; Collor tinha contra si toda a imprensa tradicional, ainda majoritariamente analógica, impressa e em 1992 praticamente inexistia a internet, as redes sociais, a imprensa alternativa, cidadã e já acessível a mais de 2/3 da população brasileira que temos hoje em 2015.

Mas... e hoje, em 2015? O PT não é o PRN. Muito ao contrário o PT é o partido melhor estruturado do país, tem o maior número de filiados, conta com o apoio histórico das maiores centrais sindicais e líderes dos diversos movimentos populares, governa estados de Minas Gerais, Bahia, Ceará, Piauí e Acre; tem uma combativa bancada composta por 13 senadores, tem a maior bancada na Câmara Federal, com 66 deputados, conta com 90 deputados estaduais por todo o país e administra 619 prefeituras.

O tempo dos golpes e das insurreições passou. Vivemos a era dos Direitos, para usar a feliz expressão do grande jurista italiano Norberto Bobbio. Não faz muito tempo alguém traçou o seguinte raciocínio para explicar o espírito golpista do senador Aécio Neves:

"O cálculo político é simples: o senador mineiro, que tenta de todas as formas alimentar a instabilidade política no País, não pretende esperar por 2018; Aécio sabe que, daqui a quatro anos, outros nomes dentro do próprio PSDB, como os governadores Geraldo Alckmin e Marconi Perillo, assim como o senador José Serra, terão mais força para postular uma candidatura presidencial; nesse cenário, Aécio teria que retornar a Minas, onde recomeçaria do zero e enfrentaria o governador Fernando Pimentel que ainda tem quatro anos para desmontar seu 'choque de gestão'; resumindo, o que hoje move o carbonário da política brasileira é, sobretudo, seu interesse pessoal."

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