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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Aha! Uhu! O Glauber é nosso!

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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia  

Como noticiou há pouco, o 247, o presidente Jair Bolsonaro foi à Vitória da Conquista, no interior da Bahia, mostrar, mais uma vez, que sua alma é diminuta e não tem grandeza para o cargo. Ao inaugurar uma obra iniciada nos governos petistas que ele tanto abomina, não se dignou a pronunciar o nome do homenageado, um dos maiores cineastas do Brasil, Glauber Rocha, reconhecido no mundo inteiro como inovador e responsável por levar a cara do país mundo afora. Glauber deu nome ao aeroporto e, se vivo fosse, teria completado 80 anos em março deste ano.  

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A atitude, ao que tudo indica, teria sido motivada pelo não comparecimento de Paloma Rocha, filha do cineasta. “Quero esclarecer que repudio o ato do Presidente Bolsonaro, pois considero um oportunismo político com o uso indevido do nome de meu pai e mais um golpe contra a cultura e o cinema brasileiro que se encontra ameaçado pela censura e pela extinção da Ancine. Esta obra foi idealizada no governo Lula e realizada pelo atual Governo do Estado da Bahia”, afirmou.

Porém, além desse aspecto apontado por Paloma, há que levar em conta que Bolsonaro o vê como um “inimigo” da ditadura que tanto defende. Nos arquivos da Polícia Política guardados no Arquivo Nacional, consta um, datado de 21 de setembro de 1971, emitido pelo gabinete do ministro da Aeronáutica e distribuído para os órgãos de repressão, em que consta a seguinte ficha sobre Glauber:

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  • Em 1965 foi preso por ter vaiado o então presidente Marechal Castello Branco, no Hotel Glória/GB.  
  • Esteve na Europa de abril de 1969 a agosto de 1970, quando foi acusado do difundir “calunias contra o nosso país”, em entrevista à Revista Times em fevereiro de fevereiro de 1970, (denunciando as torturas no Brasil).  
  • Ainda em Londres, em fevereiro de 1970, criticou um festival de cinema realizado pela embaixada brasileira em Londres.  
  • Em agosto de 1970 recebeu do Instituto Nacional de Cinema – INC – o prêmio “Coruja de Ouro” e mais 10 mil cruzeiros.    
  • Integrou entre 1957 e 1961, o grupo “MAPA” composto de estudantes de nível universitário, na Bahia, editando uma revista “de cunho Cultural”. (Já nesta época cultura era pura subversão)  
  • Entre os integrantes desse grupo estava Noênio Spindola, Paulo Gil Soares, Geraldo Fidelis Sarno, e a atriz Helena Inês, com quem Glauber foi casado, além de Oney São Paulo.
  • Seu ator preferido em peças de contestação era Othon Bastos, nome conhecido pelo envolvimento político e ideológico.  
  • É ligado a Luiz Carlos Barreto, o “porta-voz” da esquerda cinematográfica nacional, e Joaquim  Pedro de Andrade, elemento de formação marxista, e que já esteve preso por duas vezes.    
  • É um dos líderes da esquerda no cinema e move na Europa uma campanha política contra o Brasil.  
     

“Deus e o Diabo na Terra do Sol”, é uma das suas obras primas e foi levado para o festival de Veneza, segundo me contou o ator José Lewgoy, no fundo de sua mala, misturado às suas roupas, a fim de que pudesse participar do festival, de onde saiu consagrado. Lewgoy correu o risco a pedido de D. Lúcia, mãe de Glauber, o que garantiu o sucesso do filho.  

Melhor assim. Seu nome deve ser reverenciado por nós. Melhor não ter sido pronunciado por Bolsonaro.  

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