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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Ainda bem que ninguém falou em ressuscitar o fusca

Após iniciativa do governo de retomar os carros populares, Solnik relembra o episódio envolvendo Itamar Franco e o Fusca

Itamar Franco (Foto: Memorial da República/Divulgação)
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Ao visitar o Salão do Automóvel de São Paulo de 1992, o presidente Itamar Franco ficou espantado com os preços. Os modelos mais em conta estavam na faixa de US$23 mil. Absurdo, pensou. Todo brasileiro merece ter um carro. Começou a burilar a ideia do “carro popular”. 

Volkswagen quer dizer “carro do povo”, e Volkswagen era sinônimo de fusca, que deixou de ser fabricado em 1986. Logo… esquecendo-se de que o “carro do povo” alemão tinha sido criado sob encomenda de Hitler e a ditadura militar, com nítidos traços nazistas, havia acabado há pouco e deixado cicatrizes abertas, ele começou a pressionar pela volta do carro que o publicitário Alex Periscinoto definiu como “o bom senso em automóvel”.

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Os diretores da montadora torceram o nariz, os tempos eram outros, enfrentavam a concorrência feroz dos carros importados desde que Collor chamou os nacionais de carroças, mas Itamar, mais teimoso que seu impávido topete,  bateu o pé: chamou a Brasília o chefão internacional da Autolatina - dona da Volks e da Ford. E o acordo foi fechado. 

O motor teria de ser 1.0, o IPI seria de apenas 0,1% e o preço final ao consumidor não poderia passar de US$7 mil. 

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O lançamento, em agosto de 1993, foi apoteótico. Itamar tirou fotos dentro de um modelo conversível fabricado para a ocasião, mas nunca em série, achando que tinha ressuscitado a indústria automobilística e dado ao brasileiro o que o brasileiro tanto desejava. Celebridades do futebol, da TV, da publicidade fizeram fila à espera do seu. A começar do presidente.

A febre durou pouco. Três anos depois, vendidas 46 mil unidades, o fusca Itamar encalhou, até sair de linha. Itamar não era mais presidente. Ficou com a fama de ressuscitar o carro popular e não de enterrá-lo. O seu virou peça de museu.

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Quando, agora, trinta anos depois, ouço falar em carro popular, esse episódio me vem à cabeça. Felizmente ninguém ainda falou em ressuscitar o fusca. 

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