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Roberto Xavier

Cientista Político, Mestre em Gestão de Políticas Públicas

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Alckmin "guerreiro do povo brasileiro"

A escolha mais acertada de Lula foi entregar o Ministério da Indústria e Comércio para o vice-presidente, Geraldo Alckmin

Vice-presidente Geraldo Alckmin visita Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo - 13.05.2023 (Foto: Divulgação)
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Eu vivi para ver o Alckmin ser chamado de "guerreiro do povo brasileiro" em uma feira de produtos orgânicos dos assentamentos do MST. 

Também estou vivo para ver que, juntamente com o Aloísio Mercadante, o petista histórico que preside o BNDES e com quem Alckmin teve renhidas disputas pelo governo de São Paulo, anunciar que prepara um pacote de medidas para retomar a industrialização do país, incluindo a retomada da fábrica da Ford na Bahia por uma montadora de ônibus chinesa, contrariando os interesses da poderosa FIESP que já financiou várias campanhas do atual vice presidente de Lula. 

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Essas medidas indicam que o Alckmin de hoje está defendendo interesses nacionais para além dos interesses do estado de São Paulo, que há algum tempo deixou de ser o principal protagonista no processo de industrialização do país. São Paulo nos anos 1990 respondia por 75% de toda a produção de veículos do país e, hoje, esse percentual está em cerca de 40% e as plantas da Ford no estado têm mais chance de se transformarem em centros de distribuição logística ou shopping centers do que voltarem a produzir veículos. 

Indica também que Geraldo Alckmin pode ter sido a melhor escolha de Lula para um Ministério. Lula fez excelentes indicações para seu ministério, tanto como representatividade de raça, gênero e trajetória política quanto de representação partidária no novo Congresso.

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Nomes como Silvio Almeida, Sonia Guajajara, Cida Gonçalves e Anielle Franco, atendem muito bem a representação de raça e gênero, assim como Haddad, Camilo Santana e Luiz Marinho reconhecem a trajetória política do próprio PT e Simone Tebet, Carlos Luppi e Renan Filho, entre outros, cumprem o papel de trazer a representatividade política da base aliada no Congresso para o Governo. Sem falar, obviamente, no acerto dos escolhidos por suas capacidades técnicas como Nísia Trindade para a Saúde e Flávio Dino para a Justiça, por exemplo.

No entanto, em minha opinião, a escolha mais acertada de Lula foi entregar o Ministério da Indústria e Comércio para o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e explico o porquê. 

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Esse pequeno movimento tem potencial para tornar se uma jogada de mestre porque tem o poder de tirá-lo da redoma de vidro do Palácio do Jaburu e da Vice-presidência e deixá-lo durante quatro anos preparando o terreno para sua candidatura em 2026, seja como Oposição, seja como Situação, podendo adequar seu discurso à conjuntura desse momento futuro. Ou pior ainda, antecipando essa chegada ao poder por vias não eleitorais, se é que vocês me entendem.

 O Ministério da Indústria e Comércio tem algumas características que servem para controlar qualquer tentação antidemocrática e de infidelidade do vice-presidente e por isso entendo, tenha sido o escolhido para abrigá-lo.

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Primeiro, com desafios e demandas nacionais, a atuação nesse ministério o forçará a contrariar alguns importantes interesses do empresariado paulista, sobretudo da Fiesp e seus patos amarelos e sapos verdes, reduzindo a base de apoio politico e financeiro de suas diversas campanhas para governador e para presidente.

Segundo, com a responsabilidade pela condução de um ministério eminentemente técnico, será reduzida sua capacidade de articulação partidária com o Congresso que um ministério como o das Relações Institucionais lhe daria. Esse foi um dos erros de Dilma em relação a Temer em 2015 e deu no que deu.

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Por fim, retira dele qualquer apelo popular que um ministério ligado a uma política pública finalista consegue proporcionar ao seu ocupante. Não por acaso a preferência número zero de Simone Tebet, candidatíssima à presidência em 2026, era pelo Ministério do Desenvolvimento Social que faz a gestão do Bolsa Família e diversos outros Programas de Assistência Social.

Sabiamente Lula entregou os Ministério das Relações Institucionais e do Desenvolvimento Social respectivamente a Alexandre Padilha e a Wellington Dias, dois petistas de carteirinha e parte do núcleo duro do Partido.

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Esse é o tipo de jogada política de Lula onde é difícil perder: se Alckmin tiver sucesso na missão delegada, contribuirá para o sucesso do governo como um todo, sobretudo na área econômica sem, no entanto, ter uma visibilidade política associada que aumente seu patrimônio político eleitoral.

Se ele fracassar nessa missão se descredenciará dentro da Oposição, ou até mesmo da base do próprio Governo, ao posto de pré-candidato à sucessão de Lula e postergará um pouco a disputa eleitoral de 2026, além de poupar o Governo de enfrentar a Oposição em duas frentes: uma no Congresso e outra dentro do próprio Governo.

 Acho que o Lula sabe das coisas da política. Só acho.

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