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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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Alexandre de Moraes, uma parada indigesta para Bolsonaro e bolsonaristas

"Moraes é um freio à intempestividade bolsonarista, que ainda irá mostrar a cara. Quando isso acontecer, o troco estará engatilhado", diz Paulo Henrique Arantes

(Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE)
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O discurso de Alexandre de Moraes ao tomar posse na Presidência do Tribunal Superior Eleitoral foi corretíssimo, até duro. Não seria nada demais se vivêssemos na plenitude democrática, já que defender o sistema eleitoral, a posse do eleito e a prevalência do desejo popular compõe o beabá do Estado de Direito. Quando o chefe do Executivo conspira contra tudo isso, tais palavras tornam-se brado de guerra.

Moraes é ousado, sempre foi. E tem sido um magistrado a honrar o Poder Judiciário ao não contemporizar com o golpismo em suas diversas faces - sim, o uso de fake news como instrumento de campanha, que ele tanto combate, é uma forma de golpe que se soma às inúmeras tentativas de insuflação de cidadãos contra as instituições da República.

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Interessante constatar que o Brasil continua, como sempre na História, a traçar seu caminho a partir de personas, não de ideologias ou projetos. Acima do saber jurídico, o que torna Alexandre de Moraes protagonista da luta pela preservação da democracia brasileira é sua personalidade, seu perfil talhado ao confronto. Fosse um Luiz Fux alçado neste momento o comando do TSE, estaríamos lascados.

A solenidade de posse de Moraes no TSE encontra a leitura da Carta da USP e nos alenta ao mesmo tempo que entristece. É desolador que o Brasil precise voltar a apregoar liberdade, direitos humanos, eleições, Estado laico. É inacreditável que, depois de tantos anos de pesadelo e outros tantos de reconstrução democrática, brasileiros tenham que voltar a repudiar uma visão militarista sobre a administração pública.

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Há poucas horas à frente do TSE, Alexandre de Moraes já é um freio à intempestividade bolsonarista, que, registre-se, ainda irá mostrar a cara.  Quando isso acontecer, provavelmente no 7 de Setembro, o troco estará engatilhado.

Moraes foi advogado e promotor de Justiça. É professor de Direito da USP e autor de livros jurídicos. Na administração pública, seu currículo é eclético: foi secretário de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo de 2002 a 2005 e secretário municipal dos Transportes de São Paulo de 2007 a 2010, quando acumulou ao cargo as presidências da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da SPTrans (Companhia de Transportes Públicos da Capital). Depois, foi secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo e ministro da Justiça.  Trafegou com desenvoltura ao lado de Geraldo Alckmin, Gilberto Kassab e Michel Temer, pelas mãos de quem chegou ao Supremo Tribunal Federal.

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Na Segurança Pública, Moraes adquiriu, de certo modo, a fama de truculento que carregou para o STF, a mesma fama que segue pespegada em Geraldo Alckmin (com razão, frise-se). Porém, os conceitos que defendia sobre segurança, combate às drogas e quejandos podem ser classificados de progressistas, conforme disse ele em entrevista a este jornalista, em 2015, quando ocupava a Pasta da Segurança paulista.

Eis as palavras do Alexandre de Moraes secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo:

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“Segurança pública não se faz só com polícia. Nós não vamos, na Secretaria de Segurança Pública, abrir mão das nossas responsabilidades, mas segurança se faz também com o Ministério Público e o Judiciário coordenados com as polícias, com alterações legislativas e, na área social, com incentivo à educação, principalmente. A somatória é que vai permitir que nós alcancemos um nível de segurança de país desenvolvido.”

A se confirmar Alexandre de Moraes, na corte eleitoral, como bom de princípios e de briga, Bolsonaro e bolsonaristas terão pela frente uma parada indigesta.

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