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Alex Saratt

Alex Saratt, professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS e dirigente sindical do Cpers/Sindicato.

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Alguns apontamentos sobre a Frente Ampla

A Frente Ampla de Salvação Nacional coloca na cabeça de qualquer iniciativa a Política e a luta antifascista, eis o mote, eis o norte. Outras ilações correspondem a incapacidade cognitiva ou má-fé

Experiências de Frente Ampla no mundo e no Brasil
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Há uma discussão rica, profícua e necessária no campo democrático e popular sobre as táticas, instrumentos, alcances e conveniências no processo de luta contra o fascismo claudicante que se instalou na arena política e social. Desde visões exclusivistas, passando por concepções que reivindicam a unidade das Esquerdas até aquelas mais ousadas que preveem uma Frente Ampla, existem posições e (in)compreensões variadas e seria salutar tratá-las para que se pudesse chegar a um entendimento mínimo (o que não é o mesmo que aceitação, tampouco proibitivo de que outras ideias sejam defendidas).

Sem rodeios é preciso reconhecer que no campo político de Direita existe um histórico de pactuação, uma convergência quanto às políticas e diretrizes econômicas, jurídicas e sociais através de uma agressiva agenda contrarreformista ultraliberal e uma divisão recente que envolve questões de poder, hegemonia e democracia. Extrema-Direita e Centro-Direita se uniram no Golpe de Estado contra Dilma Rousseff, comungam e votam juntas nas pautas legislativas, porém não tem acordo no quesito político.

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Essa diferença é a brecha que se abre para explorar contradições e disputas no lado adversário. Não se guardam ilusões sobre o programa da oposição feita pelo PSDB e DEM. A Esquerda radicada em suas leituras mais arraigada numa passagem imediata para a estratégia socialista parece ignorar que a correlação de forças desmente essa possibilidade, dado o desgaste, isolamento e desorganização da própria Esquerda. Estamos muito mais próximos de sofrer um outro golpe que realize o Estado de Exceção com todos seus caracteres do que vingar uma viragem democrática, quiçá socialista.

O segmento intermediário anuncia, por sua vez, uma “Frente Ampla de Esquerda”, terminologia mesmo contraditória, haja visto que uma configuração desse porte e conteúdo reuniria um contingente limitado, embora fosse alvissareiro pensar na unidade das Esquerdas como um primeiro passo e núcleo de um movimento-organismo mais influente e atuante. Continua dialogando pouco ou quase nada com setores que estiveram envolvidos na desestabilização do mandato da Presidenta Dilma e no seu apeio, na perseguição a Luís Inácio Lula da Silva e na sua injusta prisão e até na concessão de apoio eleitoral para impedir a vitória da chapa Haddad e Manuela.

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Em ambos os casos, constata-se uma confusão prática: imaginam que qualquer aproximação, acordo ou aliança implica ceder em questões programáticas e anuir o ultraliberalismo. Não estão errados em seus temores e desconfianças, porém ora subestimam o risco real do fascismo tomar conta de fato, ora superestimam sua capacidade de reagir ao extremismo reacionário, obscurantista e ditatorial.

Aqueles que advogam por uma autêntica Frente Ampla (agregando o chamado à “salvação nacional”) não o fazem por ingenuidade ou imperícia, tampouco desconhecem o passado recente da involução política do país. Antes, se inspiram em exemplos históricos de envergadura e funcionalidade, particularmente na orientação frentista emanada pelo líder e teórico comunista George Dmitrov em seu seminal documento que balizou a III Internacional a partir de 1937 na luta renhida contra o fascismo.

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Distingue-se nos pormenores as condições dadas pelo exame da realidade concreta. Postula-se um claro objetivo pontual, imediato e urgente. Recusa-se à adesão às teses e práticas ultraliberais. Propõe-se uma ação conjunta tomando por referência tanto a manifestação da Centro-Direita em defesa do Estado Democrático de Direito, da Constituição Federal e da indisposição quanto aos intentos golpistas e ditatoriais e encontra reforço na postura e condução dessa fração da burguesia no problema da pandemia.

Fora desse esquadro, aqueles que estipulam tal unificação das oposições não dão aceite a qualquer item de programa ou projeto que dispense a recuperação dos direitos sociais e trabalhistas ou que incidam sobre temas caros como soberania e desenvolvimento nacional. A Frente Ampla de Salvação Nacional coloca na cabeça de qualquer iniciativa a Política e a luta antifascista, eis o mote, eis o norte. Outras ilações correspondem a incapacidade cognitiva ou má-fé. Também não pretende ser dona da verdade, nem censura formulações divergentes, ainda que mantenha suas convicções originárias. Admite inclusive a “unidade e luta” no seu interior, compondo naquilo que se avalia correto e disputando sobre o que destoar de seus princípios.

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O exercício intelectual e político é exaustivo, a flexão nem sempre será bem vinda sob o risco que quebrar a vara, entretanto, se não acertarmos o prumo e desperdiçarmos a bala de prata, as consequências podem ser funestas. Ensina a sabedoria popular que “cavalo encilhado não passa duas vezes” e esta parece ser a situação vivida. Todos Contra Bolsonaro! Abaixo o Fascismo! Democracia, sim; Ditadura, não.

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