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Daniel Quoist

Daniel Quoist, 55, é mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos

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Alô, Dilma! Golpistas à vista!

Algumas medidas são urgentes para retomar o fio da História. Uma delas é acelerar ao máximo o debate sobre a democratização dos meios de comunicação

Algumas medidas são urgentes para retomar o fio da História. Uma delas é acelerar ao máximo o debate sobre a democratização dos meios de comunicação (Foto: Daniel Quoist)
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A mídia brasileira apresenta o mais formidável aparelhamento da direita mais obtusa e reacionária do continente: são esses principais veículos de comunicação – Globo, Abril, Folha e Estadão - a potencializar gritos golpistas travestidos de impeachment e, ao mesmo tempo, a minimizar manifestações populares em defesa do governo democrático e popular da petista Dilma Rousseff.

            Passadas essas primeiras refregas de 2015, menos de 90 dias da posse de um governo legitimamente eleito com mais de 54.000.000 de votos, incluídos 3.500.000 de dianteira sobre o derrotado tucano Aécio Neves, é chegado o momento para o governo retome as rédeas de sua relação historicamente amistosa com a população brasileira, desde aqueles vastos contingentes que residem no Brasil profundo até aqueles que engrossam os cinturões na periferia de todas as regiões metropolitanas do país.

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            Algumas medidas são urgentes, todas igualmente importantes, mas aqui aleatoriamente elencadas, para retomar o fio da História:

1.      Abrir – e acelerar ao máximo – o debate sobre a democratização dos meios de comunicação, defendendo logo de saída o fim dos oligopólios midiáticos, a concentração econômico-financeira dos que se autointitulam porta-vozes da opinião pública brasileira. E, ao assim fazer, deixar bem claro à população que está levando avante seu dever intransferível de promover a regulamentação de dispositivos constitucionais de nªs 220, 221, 222, 223 e 224, dormentes desde a promulgação de nossa Carta Maior em 5 de outubro  de 1988.

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2.      Rever – e reduzir ao máximo – investimentos a título de publicidade institucional do governo federal e das empresas estatais em veículos como a TV Globo, revistas do Grupo Abril, jornais como O Globo, Folha de S.Paulo e Estado de São Paulo. E, ao assim fazer, destacar com números o rápido declínio em número de telespectadores, assinantes, leitores ante o portentoso avanço dos meios noticiosos virtuais, com vasta multiplicidades de portais, sítios, blogues e novas formas de interatividade com a população cada vez mais conectada e mais sequiosa de acessar pluralidade de pensamento, opiniões, ideologias.

3.      Instituir – e seguir à risca – calendário de entrevistas coletivas com a imprensa em bases decenais, ou seja, a cada 10 dias, uma ampla coletiva no Palácio do Planalto para manter a população bem informada dos rumos, desafios e trunfos do governo. E, ao assim fazer, tomar a si a parte que lhe cabe e que lhe é de todo indelegável na narrativa do desenvolvimento do país. Tratar com a mesma importância os blogueiros progressistas, uma vez que são estes que fazer o contraponto diário e incansável contra a narrativa reacionária de uma imprensa claramente venal e golpista.

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4.      Dar relevo - como prioridade do governo - à articulação política, sem açodamento, sem queda de braço a cada votação no Congresso Nacional, designando interlocutores do Planalto para tratativa no Senado e na Câmara dos Deputados que se destaquem pela lhaneza no trato, cordialidade, confiabilidade e que, nem de longe, se portem como macacos soltos em loja de louça.

5.      Divulgar trimestralmente realizações do governoem conformidade com as promessas claramente enunciadas ao longo da campanha presidencial de 2014. E, ao fazer isso, afastar por completo o discurso maroto - e mentiroso - da oposição de que teria ocorrido estelionato eleitoral. Há que se esclarecer para a população que existem coisas maiores a serem protegidas para o bem-estar geral da população e, dentre essas, o diuturno combate ao ressurgimento da inflação. Nesse caso, há que se perder os anéis, nunca os dedos.

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6.      Redesenhar – e com a maior brevidade possível – o modelo de comunicação institucional do governo, mudando de pronto a chefia da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (SECOM) e escolhendo profissional com ampla experiência e credibilidade na área, pessoa de excelente convivência com o meio publicitário, perfil ornado com especial faro para o bom uso das novas tecnologias da informação. A comunicação do governo Dilma é uma das piores já vistas em qualquer governo de matriz democrática e popular do hemisfério sul.

7.      Incluir na interlocução regular, rotineira, quase diária, da presidenta da República os principais líderes do maior partido de sua base de sustentação, isto é, e com todas as letras, o PMDB. Desde a redemocratização do Brasil nenhum governo conseguiu dizer a que veio sem o apoio constante e decisivo do PMDB. Grande parte do desgaste do atual governo nasce da miopia dos caciques governistas que imaginam algum outro tipo de governabilidade que não peça a bênção ao PMDB.

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8.      Reconhecer – em gestos, palavras e ações – a importância fundamental, inquestionável e robusta do animal político representado pela figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o bom êxito do governo Dilma Rousseff. Não é momento de curtir vaidades e nem de campeonato de turrões. Teimosia em um governo que se diga popular é acenar com saraivada de tiros no pé a cada semana, a cada quinzena, a cada mês. E, ao reconhecer o papel de Lula como o principal fiador da governabilidade, espaço deve lhe ser oferecido para que possa opinar antes do anúncio de decisões que possam impactar a vida dos brasileiros. Lula é, de longe, muito maior que o Partido dos Trabalhadores, continua muito bem avaliado e é realmente querido no coração do povo brasileiro.

9.      Chamar as pessoas e as coisas por seu nome real:todos os que falam em impeachment são golpistas, maus perdedores, aventureiros, e flertam com um país conflagrado, falido, à mercê de interesses imperialistas, saudosistas que são do famigerado regime militar que enfermou a nação nos idos de abril de 1964. Responder diretamente aos ataques de uma oposição ensandecida e sem qualquer projeto de país a oferecer, municiando líderes partidários com dados confiáveis e robustos sobre o acerto das decisões tomadas pelo governo.

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            Nos últimos três anos estive em Buenos Aires. A última viagem ocorreu há exatas duas semanas. E em todas as vezes observei uma faceta de nossos hermanos: dia sim dia não tem manifestação política contra o governo Cristina Kirchner na imensa avenida 9 de julho. Lá as manifestações fazem parte de um tipo de calendário cívico e as pessoas engrossam a multidão portando de bandanas a bandeiras, levam crianças de colo, carregam mochilas com lanches, vestem as cores nacionais e gritam, gritam muito.

E nem por isso toma corpo o grito de guerra dos golpistas brasileiros a exigir na marra o impeachment da presidente argentina. Uma coisa é certa, os hermanos sabem muito bem a desgraceira que é a derrubada de um governante democraticamente eleito e a instabilidade política que na esteira vem, o que inclui um possível retorno dos militares  (ditadura, tortura, supressão do estado de direito).  

E isso eles não querem. Será que nós queremos?

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