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Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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Amor fake ou golpe do amor

Do amor romântico ao love bombing, um espelho entre a vida cotidiana e a política

(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
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Psiquiatras e psicanalistas vêm falando de uma forma de amor, que não é amor e não é paixão, mas em tudo se parece com amor e paixão, e que é, na verdade, um golpe. 

Na verdade, há muito ódio embutido nisso que podemos definir como um amor fake ou amor golpista. 

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Não tem nada a ver com as paixões passageiras, fogosas e que produzem o seu sentido pelo encantamento, a diversão ou a experiência afetiva e cognitiva que provocam, afinal, amantes sempre saem mais espertos das experiências vividas. 

Amar se aprende amando e há muita sabedoria nisso, mas muitas vezes também muito sofrimento. Só não sofre quem não ama. E quem não ama – ou nunca amou – talvez devesse procurar uma terapia para ver se não está mergulhado na prepotência.

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Mas estamos falando de um novo jogo, de homens – e também mulheres, bem como outros gêneros – que usam a sedução como método para cometer crimes. O golpista do amor, procura uma pessoa com dinheiro, status ou posição social para se beneficiar dos atributos do seu parceiro conquistado para servi-lo.

Há casos e mais casos de pessoas que fingiram estar apaixonados para roubar diretamente os seus parceiros, há outros que chegam a casar esperando que seus parceiros morram para ficar com seus bens, pensões, ou quaisquer vantagens. Pessoas ingênuas, carentes, solitárias, inocentes ou que simplesmente acreditam no amor, são alvo disso. A mentira e a enganação não são percebidas, porque a vítima é enredada na própria falta de amor que ela sente, na esperança de ter alguém que a possa amar e desejar.

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Quem ainda acredita em algo como “amor” se sente muito otário no meio disso. 

 A abordagem chamada “love bombing” é uma metodologia usada no golpismo do amor, designando o momento em que surge “a alma gêmea” apaixonada que traz uma dose de afetividade poderosa e inebriante, deixando a vítima paralisada ou hipnotizada de encantamento, até que um dia haverá o abandono e o descarte, não sem antes um ciclo de violências envolvendo gaslighting, humilhação e desprezo. 

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O tema vem sendo trabalhado por psicólogos e psiquiatras como parte do chamado distúrbio de personalidade narcisista, cuja principal característica é usar o outro como um meio para alcançar alguma forma de poder, seja econômico, político ou social, manipulando a sua capacidade de amar, mentindo, enganando, desorientando. Falta de ética pura e simples, resume o que esta em jogo. 

Nesse tipo de personalidade que engana gente ingênua na vida cotidiana e doméstica, percebe-se o paralelo com a afetividade política. Bolsonaro e outros fascistas manipularam a população brasileira da mesma forma que os golpistas do amor manipulam enamorados desavisados. Daí o desespero dos que são abandonados. Os que acordam sofrem menos, porque a verdade sempre pode ser um prazer substitutivo e muito mais sofisticado. 

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A diferença entre os golpistas do amor é que eles encenam estar apaixonados, mas logo que o butim é obtido, seguem em frente para a próxima extorsão. Os estelionatos amorosos funcionam assim. E são sempre praticados por pessoas que não tem escrúpulos, mas no caso dos narcisistas, pode demorar muito para que ele seja descoberto. Certas relações podem durar anos. Um mesmo narcisista pode levar vários relacionamentos “sérios” ao mesmo tempo. Eles podem também dar o golpe da “relação aberta” ou do “casamento de fachada” para obterem sexo fácil. Mimetizadores, por que vazios de si, os narcisistas perversos são sujeitos sem personalidade, que precisam imitar parceiros. São homens e mulheres que não desejam alguém, mas querem “ser” quem eles fingem desejar.

Infelizmente, não há amor, apenas inveja. E só sente inveja, quem é impotente para amar e para ser. O narcisista é uma pessoa que se acha o máximo, justamente porque sabe, no fundo, no fundo, que ele é simplesmente aquilo que se chama vernacularmente de “um merda”. 

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