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Rogério Puerta

Engenheiro agrônomo, atuou por doze anos na Amazônia brasileira em projetos socioambientais. Atuou em assentamentos da reforma agrária no Distrito Federal por dez anos e atualmente vive em São Paulo imerso em paixões inadiáveis: música e literatura. Escreveu diversos livros

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Antidemocrático. E por que não?

Antidemocracia e golpismo

(Foto: Intervenção digital em gravura de Rodrigo Trompaz)
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Após o dramático momento cronológico da Humanidade quando gerou-se o culto às personalidades de Trump e seus embasbacados admiradores possessos por taras de fetiche incondicional, idolatria, endeusamento e, sabe-se lá mais o que tais pessoas façam em suas intimidades, após tais comportamentos profundamente desequilibrados, nada mais ou pouquíssima coisa vem a surpreender.

Trump no cargo foi visitar o maluco norte-coreano. Pode ter sido por interesse econômico ou por um investimento calculado em sua autoimagem, ele um pretendente a pacificador mundial, a entrar para a história por tal feito, um reconhecimento internacional. A considerarmos o que nos chega de informação, a Coreia do Norte bem longe está de uma verdadeira e saudável democracia.

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Talvez, inconfessa, a excitação quase carnal de Trump pelo ditador norte-coreano se dê, às escusas, por aquela coisa meiga de alguns governantes autoritários, o tal tiro na nuca e fatura do projétil para a família do executado da China, ou as mãos cortadas de ladrões ao rigor fundamentalista islâmico, ademais talvez um descartável pênis decepado de um estuprador de etnia rival, sem quaisquer provas concretas do atroz delito. Na Coreia do Norte, naquela escuridão noturna de racionamento de energia, sabe-se lá o que façam às oposições e adversários políticos.

Uma das estratégias preferidas por gente que adora violência e vingança certamente é aquela bem conhecida e demais temida: vizinhos no bairro de um perseguido pelo Governo que não o denunciem à autoridade são igualmente detidos e severamente punidos. Isto sim um terrorismo de Estado. Imagine-se o pavor do pessoal que morar ao lado de um perseguido político, desconfiando ou não das atitudes de tal sujeito ou sujeita.

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O mote "Bandido bom é bandido morto" do neofascismo. Talvez na contemporaneidade fomentado e parido pelo recente presidente da distante Filipinas, fez ele coro e catalisou com a sharia islâmica fundamentalista-religiosa.

Lembremos que em físico-química podem haver dois compostos de efeito x que quando misturados se potencializam em uma escala logarítmica, um e outro combinados se turbinam, não geram o poder de 2x, mas de 3x e assim por diante.

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Cristãos não ficam tão atrás em termos de fundamentalismo, ao menos na História. O crime de apostasia, trocar uma fé por outra ou abandonar a fé original era, ou ainda é, dentre os pecados capitais mais abomináveis. Pobre Cristo, até hoje mal-interpretado.

O Velho Testamento campeoníssimo em absurdos, ao pé da letra não é sequer alcançado pelo filme de terror mais sádico e grotesco jamais exibido. E muitos cristãos se espelham na letra crua do Velho Testamento, pior, ainda hoje.

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Aqui para nós, o bolsonarismo e seus seguidores fiéis por regra tácita parecem simpatizar com a sharia islâmica, com o comportamento pregresso justiceiro e vingativo do maluco Duterte das Filipinas. Por correlação, aqui os radicais de camiseta amarela do Neymar que benzem e oram aleluias a caminhões e seus escapamentos de fumaça preta.

Tais iludidos fanatizados achariam ótimo se aqui houvesse pena de morte. Melhor, pior, se houvesse prisão perpétua acrescida de trabalhos forçados extenuantes e insalubres, algo tal qual o que havia na Ilha do Diabo, Guiana Francesa, das aventuras verídicas e hiperbólicas de Papillon já há quase um século.

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Após a aparição terrena do dito messias Bolsonaro, emissário direto e inconteste de Deus vivo, milhões de brasileiros e brasileiras pareceram simpatizar com uma monarquia absolutista, semelhante a vários países islâmicos aos quais viajantes endinheirados retornam embasbacados por presenciarem tamanho luxo e ausência de criminalidade.

Monarquia absolutista ou líder político autocrático, portanto autoritário e repleto de poderes quase insuperáveis, pouco importa. Menos de um passo de distância disso a uma intervenção militar inconstitucional e golpista que bote no trono um capitão reformado do Exército Brasileiro de histórico terrorista junto aos seus próprios pares militares.

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Você bem se lembra, um bocado de propaganda de tevê, o ator negro Milton Gonçalves defendia o presidencialismo, era o ano 1993, alguém da família real de sobrenome pomposo também aparecia em referência ao plebiscito iminente, defendendo o regime monárquico brasileiro.

Em disputa no plebiscito, ainda por votos em papel, as formas de Governo: Monarquia ou República. Também os sistemas de Governo: Parlamentarismo ou Presidencialismo.

Nas propagandas obrigatórias na tevê, no horário nobre do Jornal Nacional popularíssimo naquela época, além de Milton Gonçalves defendendo o presidencialismo, sabe-se lá, provavelmente por uma combinação entre convicção e justa remuneração, também havia na propaganda alguns depoimentos de gente do povo que acharia lindo se houvesse uma rainha da Inglaterra no Governo do Brasil. Gente que ia ao êxtase ao ver pela tevê as carruagens reluzentes, detalhes em ouro, das monarquias nababescas europeias.

Uma história do Velho Mundo construída por meio de saques pretéritos em suas colônias. Ou nem tanto suas colônias. O Brasil nunca foi colônia do Reino Unido, mesmo assim britânicos e holandeses se refestelaram por aqui, o litoral original luxuriante de vida tropical pertencente aos tupiniquins, tupinambás e tantos outros povos nativos rivais entre si, um litoral vilipendiado à luz do dia, sem qualquer escrúpulo ou moral.

Também franceses por aqui carregaram seus navios repletos de centenas de peles de onças esfoladas, algum pouco ouro, enormes araras amazônicas vivas, carne salgada de centenas de antas, pacas, peixes-boi, além de qualquer coisa a qual tivessem vontade de levar, ou sequer curiosidade por fazê-lo.

Os relatos dos inventários de mercadorias embarcadas no primeiro século pós-fundear das embarcações de Cabral impressionam, além das centenas de peles de bichos da mata esfolados, também nestes inventários dezenas de seres humanos, nativos tomados por curiosidade, que se deixaram levar ao Velho Mundo talvez por ingenuidade, tais quais pitorescas peças de um bizarro museu vivo.

Relatos oficiais portugueses e posteriormente espanhóis talvez mais confiáveis, além destes, as descrições não oficiais dos saques por navios britânicos, holandeses e franceses, além das inúmeras e bem pouco conhecidas frotas clandestinas sem nacionalidade definida, tripulações de aventureiros do mundo, que punham o pescoço em risco por uma paga bem considerável.

Monarcas da dita civilizada e orgulhosa Europa. Atualmente monarquias decorativas, em geral ladeadas a parlamentos liderados por partidos políticos adversários. Hoje algo muito diferente às monarquias absolutistas da Idade Média, os reinantes tais quais verdadeiros ungidos pela vontade suprema e sacralíssima de Deus, benzidos e autorizados pelos Papas da época.

No papelzinho do plebiscito de 93, aquele mesmo papelzinho que seus amigos ainda meio punks encheram de atentatórios pênis ejaculantes em protesto chulo, naquele papelzinho do voto uma opção que hoje soa quase um vilipêndio, imoral e pecaminosa. Onde se viu coisa destas? No papel: "Forma de governo. Monarquia ou República". Imagina, onde se viu? Que coisa antidemocrática!

Uma atitude não republicana! Citar para algum político de carreira hoje em dia algo não republicano o ofende, ao menos quando iluminado pelos holofotes, escamoteado talvez tenda a agir diferentemente dentre seus pares, pastores evangélicos de gente ingênua e carente. Pois em 1993 muita gente achou lindo que tivéssemos no Brasil uma rainha da Inglaterra.

Seria, portanto, uma Monarquia constitucional, não absolutista, os primeiros-ministros mandando e desmandando cada qual em sua época, o rei e rainha decorativos. Mas, após o bolsonarismo messiânico e irracional, por que não poderia um grupo de crentes ir às portas do STF defender uma Monarquia Absolutista?

Afinal, houve no Brasil recente o plebiscito para escolha ou não de um tipo de monarquia. Propor ou defender, ainda que ruidosamente, um plebiscito para mudança de forma ou sistema de governo, mudança referendada posteriormente pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do momento, tal manifestação ruidosa e apaixonada muito longe está de uma ruptura democrática, de um golpe de estado.

Supondo que assim os bolsonaristas o desejem, o rei mandou, acatou, calem-se as bocas discordantes. Afinal, por aquilo que vimos no desgoverno Bolsonaro, alguém ainda tem mínima dúvida de que os ditos e desditos oriundos de seu clã não eram mandamentos sacralíssimos oriundos de Deus próprio em glória e majestade?

EUA lindos e serelepes defendendo democracias mundo afora, por óbvio, zilhões de dólares envolvidos e a garantia de saciar a sede dos veículos Hummer à gasolina estadunidenses, sejam os militares ou os de versão civil.

Por óbvio a Monarquia tirana da Arábia Saudita não é considerada vil nos EUA, vistas grossas e ouvidos moucos, Hummer sedentos. Afinal, o que são algumas centenas de cabeças a cada ano rolando decepadas publicamente por lá? Coisa pouca frente aos infinitos benefícios econômicos ianques. Aqui uma boa dose de desequilíbrio emocional numa ironia jocosa, explícita e sem a mínima graça.

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