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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Ao avançar sobra a Caixa, Alckmin repete desastre de 2006

"Numa campanha presidencial na qual tem mais a esconder do que a mostrar, equipe de Alckmin debate a privatização da Caixa," escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Num país com as desigualdades e carências do Brasil, essa medida equivale a uma bala de prata para eliminar programas sociais como Bolsa Família e programas de habitação para a população de baixa renda do Minha Casa, Minha Vida, que são organizados e sustentados pela Caixa". PML lembra que em 2006, quando tentou a presidência pela primeira vez, "Alckmin não conseguiu enfrentar o debate sobre as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso e terminou a campanha com um desempenho inédito: teve menos votos no segundo turno do que no primeiro".  

"Numa campanha presidencial na qual tem mais a esconder do que a mostrar, equipe de Alckmin debate a privatização da Caixa," escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Num país com as desigualdades e carências do Brasil, essa medida equivale a uma bala de prata para eliminar programas sociais como Bolsa Família e programas de habitação para a população de baixa renda do Minha Casa, Minha Vida, que são organizados e sustentados pela Caixa". PML lembra que em 2006, quando tentou a presidência pela primeira vez, "Alckmin não conseguiu enfrentar o debate sobre as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso e terminou a campanha com um desempenho inédito: teve menos votos no segundo turno do que no primeiro".   (Foto: Paulo Moreira Leite)
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No compreensível esforço para chamar a atenção dos brasileiros e brasileiras, que não têm demonstrado grande interesse por suas ideias  presidenciais, Geraldo Alckmin voltou a conhecida melodia do PSDB -- privatização.

Depois que Temer-Meirelles já entregaram boa parte do patrimônio do país --  no momento se dedicam a abrir caminho para que a Boeing tome posse da Embraer e à venda da Eletrobras -- a Folha informa que assessores do governador já começam a preparar um projeto para privatizar a Caixa Econômica Federal.

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A julgar pelo fiasco do governo  Alckmin  na área social -- num espetro de derrotas que inclui educação e segurança pública -- a ideia pode se tornar um dos atrativos de uma campanha que, do ponto de vista da maioria dos brasileiros, terá pouco para mostrar e muito para esconder.  

 Num país com o perfil histórico do nosso, a medida seria um desastre colossal. Uma das cinco maiores instituições financeiras aqui instaladas, a Caixa é responsável pela organização dos programas sociais do governo federal e por mais de 60% dos financiamentos em habitação. É o único banco 100% público com essa estatura -- ao contrário do Banco do Brasil, semi-privatizado nos anos FHC, desde então submetido a critérios e rotinas típicas de uma instituição privada, inclusive uma política de resultados que nada tem a ver com a função social de uma instituição estatal.

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 Ensaiada por Temer e derrotada por um acordo no Senado, a privatização da Caixa equivale a uma bala de prata contra programas sociais. Mesmo um calouro de Economia já estudou a incompatibilidade estrutural entre projetos de distribuição de renda e combate à miséria e a prioridade rentista que orienta instituições privadas.

 A experiência ensina que ideias privatizantes costumam fazer muito sucesso nos salões onde se reunem empresários e executivos mas seu impacto sobre o país é negativo. Não vamos falar do desmanche da Petrobras, escandaloso demais para permitir um debate sério.   

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Reunidos no indispensável "O Brasil Privatizado", de Aloysio Biondi (1936-2000), um dos grandes jornalistas de economia de sua geração,  há casos inesquecíveis sobre a onda privatizante do governo FHC que ajudam a entender o problema. O Banerj, banco público do Rio de Janeiro que poderia ser de grande utilidade no combate ao sufoco em que o Estado se encontra, foi vendido por R$ 330 milhões, em companhia de um empréstimo camarada de R$ 3,3 bilhões -- dez vezes aquilo que foi desembolsado.  Na privatização da Rodovia Bandeirantes, em São Paulo, a empreiteira que venceu o leilão já recebia R$ 220 milhões de pedágio por ano antes de começar a construir a nova pista -- ou seja, foram os próprios usuários, com dinheiro vivo de seu bolso, deixaram nos guichês da estrada, que patrocinaram o negócio. Já a Companhia Siderúrgica Nacional, orgulho da Era Vargas, foi comprada por R$ 1, 05 bilhão, dos quais mais de 90% nas chamadas moedas pobres, vendidas aos interessados num financiamento de 12 anos. Fazendo um balanço global das privatizações de FHC, Biondi demonstra que o governo arrecadou R$ 85,2 bi enquanto abriu mão de recursos que somaram R$ 87,6 bi. Na ponta do lápis, um prejuízo de R$ 2,4 bi. Está lá, na página 98 do Brasil Privatizado.       

Na realidade, os escândalos em torno da privatização já atingiram o mesmo Alckmin em 2006, quando ele foi candidato a presidente pela primeira vez, sendo batido por Lula no segundo turno. "Querem privatizar o que resta neste país. Como eles nunca trabalharam, querem vender o que têm", disse Lula, na reta final.  

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Num esforço para ficar longe de um espantalho desfavorável, Alckmin  participou de um exercício de marketing que se tornou uma das grandes anedotas eleitorais do país. Vestiu uma jaqueta de piloto de Formula-1, enfeitada por etiquetas de empresas estatais que ainda não haviam sido entregues ao setor privado. Mas era tarde demais para convencer uma população que, apesar do pensamento único dos oligopólios de comunicação, conserva a convicção de que é preciso proteger as riquezas do país como atitude indispensável para defender as futuras gerações.  Alckmin não só perdeu a eleição mas conseguiu uma faça rara em disputas de segundo turno. Teve menos votos na segunda rodada do que na primeira.

(Eu já havia publicado este texto quando Alckmin declarou-se favorável a privatização da Petrobras. Até este momento, não voltou usar a jaqueta em estilo Formula-1 para se desmentir). 

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