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Alexandre Aragão de Albuquerque

Escritor e Mestre em Ciência Política pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).

119 artigos

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Aparências enganadoras

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No campo da neuropsicologia há um importante conceito definido por “Realidade Virtual” (RV) como sendo um conjunto de tecnologias computadorizadas que quando combinadas estabelecem uma relação com o mundo cibernético de tal forma convincente que o observador considera que está realmente num ambiente real. Trata-se da emulação da realidade. A literatura especializada tem definido a “presença virtual” como um estado de consciência que permite aos indivíduos sentirem a sensação subjetiva de estar fisicamente no local projetado mais do que no local onde se encontram efetivamente (Seabra e Santos. Utilização de técnicas de realidade virtual. Revista Educação Gráfica, 2005).
Para Sanchez-Vives e Slater (Da presença à consciência através da realidade virtual. Nature Reviews, 2005), o termo presença é considerado como a propensão das pessoas para responder a estímulos de forma proporcional à forma como seria capaz de se comportar se esses mesmos estímulos fossem reais. Os autores sugeriram que existe presença quando as ações do participante no ambiente virtual são consistentes comas respostas genuínas, isto é, as respostas que teria no mundo real. 

O tempo presente da política brasileira tem atestado que o foco da ação bolsofascista é o da emulação da realidade (por meio de fake news, notícias falsas, mentiras programadas), para conduzir a revoada de papagaios seguidores segundo seus objetivos de dominação. Para tanto, fazem uso intenso do ambiente digital com a finalidade de gerar cenários (imagens) capazes de estimular o seu rebanho a produzir respostas de manada, induzindo-o a acreditar na veracidade das mentiras arquitetadas, criando uma massa acrítica de fiéis combatentes. O bolsofascismo investe na criação de imagens capazes de inverter o sentido do real (ressignificação de fatos e de conceitos), capturando indivíduos a partir de coisas não existentes mas que ganham vida pelas imagens produzidas. Como bem registra Platão em sua Alegoria da Caverna, as imagens revelam e escondem simultaneamente, “pois na obscuridade da matéria, os humanos tornam-se escravos de seus sentidos” (exemplo clássico de tal manipulação do real é o famigerado powerpoint de Dallagnol contra o Presidente Lula, no início da operação Lava Jato).

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Em nova armação, depois das três granadas lançadas e mais de cinquenta tiros de fuzil disparados planejadamente por Roberto Jefferson – líder da ala mais radical do bolsofascismo – contra policiais federais no último dia 23, Bolsonaro teve a cara de pau de afirmar pela rede digital que não tinha nenhuma foto com ele. Mas antes desta cínica declaração, havia enviado o seu ministro da Justiça para fazer a mediação da rendição do bandido agressor. Como decifrar esta contradição tão explícita? Teria o plano concebido pela coordenação da campanha, visando tumultuar a eleição na sua semana final, saído do controle, resultando num efeito contrário, como ocorreu por exemplo com o atentado terrorista planejado pelas Forças Armadas denominado “bomba do Riocentro” em 1981?

Some-se a isso que seus vassalos, diante do efeito imprevisto, mudaram a narrativa imediatamente, disparando mensagens pelos grupos virtuais, afirmando que Jefferson (extrema-direita) seria um criminoso ligado à esquerda. Curiosamente um de seus militantes, sem se aperceber da ressignificação em curso, perguntou: “finalmente, a gente está aqui para defender ou para atacar Roberto Jefferson?”.

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Essas orientações e contradições desenvolvem-se também nas áreas mais profundas e escondidas do governo no que tange à política econômica (o anunciado congelamento do salário mínimo e aposentadorias), ambiental (desmatamento da Amazônia e do Pantanal), energética (privatização de Eletrobrás, Petrobrás e política de preços altos dos combustíveis), geopolítica (submissão do Brasil à potência estadunidense), segurança (aprovação do Excludente de Ilicitude), nos negócios obscuros com comunidades terapêuticas religiosas e assim por diante.

Ontem, 24, mais uma ação de emulação da realidade foi lançada pelo bando. A manobra, anunciada pelo ministro Fábio Faria, consiste agora em querer fazer a opinião pública acreditar que a campanha do candidato Bolsonaro teve 154 mil inserções de rádio a menos do que previsto no Nordeste do Brasil (região onde o Presidente Lula ganha disparadamente), visando a criar um tumulto que coloque em xeque o processo eleitoral. Em resposta, o ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, afirmou que tal narrativa não foi acompanhada de qualquer prova ou documento sério, limitando-se o representante a juntar um suposto e apócrifo relatório de veiculações em rádio, sem indicar eventuais veículos, dias e horários em que não teriam sido veiculadas as referidas inserções, nem tampouco houve a indicação da metodologia ou fundamento de como se chegou à determinada conclusão.

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Alexandre Moraes ainda acrescentou que tal acusação é extremamente grave, porque pela ausência de provas e sem base documental alguma, a Coligação em questão poderá incorrer em crime eleitoral ao se constatar sua motivação de tumultuar o pleito eleitoral em sua última semana.

Esses são os fatos mais recentes que demonstram o capim que alimenta o gado bolsofascista: a mentira, o tumulto, a arrogância e o terrorismo. Quem tem olhos para ver, veja. Nessa reta final de campanha, o gado fará de tudo para criar emulações da realidade visando tumultuar a eleição. A reação das instituições democráticas precisa ser imediata, garantindo efetivamente a realização da vontade soberana do povo brasileiro.

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