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Petronio Portella Filho

Economista formado na UnB, com mestrado na Universidade de Minnesota e doutorado na Unicamp. Consultor concursado do Senado Federal. Autor de três livros: A Moratória Soberana, Os Sapatos do Espantalho e Mentiras que Contam Sobre a Economia Brasileira.

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Apoio de fascistas togados não legitimiza uma farsa

Há uma palavra que descreve os que têm desapreço pelos direitos humanos

Sergio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: Marcos Corrêa/PR | Pedro de Oliveira/ALEP)

Apoio de fascistas togados não legitimiza uma farsa

Se um julgamento não foi baseado em PROVAS nem realizado por juiz IMPARCIAL, ele foi uma FARSA. E será reconhecido como farsa em todos os países democráticos do mundo.

A Constituição determina que:

1) Todos são inocentes até prova em contrário. 

2) A imparcialidade do juiz é o pressuposto da validade de um julgamento. 

Assim sendo, devemos nos fazer duas perguntas: Havia provas contra Lula? Sergio Moro foi um juiz imparcial? 

No que diz respeito às provas, o próprio Sergio Moro reconheceu duas vezes — nos autos do processo — a inexistência de provas: 

“Enfim, de fato, não há prova de que os recursos obtidos pela OAS com o contrato com a Petrobrás foram especificamente utilizados para pagamento ao Presidente.”  

"Este juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela Construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram usados para pagamento da vantagem indevida para o ex-Presidente". 

As citações acima podem ser consultadas na Internet. 

Quanto à parcialidade de Moro, ela foi mais do que evidente. Ela foi OSTENSIVA. Moro aceitou ser Ministro do candidato que ele ajudou a eleger. 

Como se fosse pouco, o próprio Moro se vangloriou de sua parcialidade duas vezes durante sua breve campanha presidencial. 

Em 26/01/22, durante sua entrevista ao podcast Flow, Sergio Moro declarou “eu comandei a Lava a Jato”. No julgamento de Lula, a Lava a Jato representava a acusação. O juiz confessou ter comandado a acusação — e o fez com o tom de quem contava vantagem. 

Outra confissão, também voluntária, foi feita à Rádio Capital FM. Ele declarou que “a Lava Jato combateu o PT de forma eficaz”. Ou seja, Moro declarou que a força-tarefa (que ele confessou ter comandado) praticou lawfare.

Sergio Moro é vaidoso demais para fingir ser algo diferente do que é. Ele não esconde sua parcialidade. Ela a exibe, com orgulho. 

Reconhecer a parcialidade de Moro é reconhecer o óbvio ululante. Não foi por acaso que o Comitê de Direitos Humanos da ONU e o Supremo Tribunal Federal concluíram que o ex-juiz foi parcial em seu julgamento.

Lula não teve, portanto, a sentença anulada por filigranas jurídicas. Ele foi vítima de uma FARSA JUDICIAL e passou 580 dias preso — injustamente — para que Bolsonaro ganhasse a eleição. 

Ah, mas dois tribunais confirmaram a sentença de Sergio Moro! 

Amigos, uma condenação sem provas — ainda por cima por juiz parcial — vai continuar sendo uma farsa judicial não importa quantos magistrados a apoiem na segunda, terceira ou milésima instância. Em todas as perseguições político-judiciais da história, os juízes opressores tiveram cúmplices. 

Quando dois tribunais confirmam uma sentença destrambelhada e injusta, tal confirmação não tem o condão de transformá-la em sentença técnica e justa. Pelo contrário. Tal confirmação diz pouco sobre a sentença e MUITO sobre quem a confirmou. 

Há uma palavra que descreve os que têm desapreço pelos direitos humanos. Os que aplaudem condenações sem provas. Os que idolatram a figura de um juiz parcial,  autoritário e inescrupuloso. Fascista.  

O apoio de fascistas togados a uma farsa judicial não a torna legítima. Apenas desnuda a deterioração institucional do Judiciário do Brasil.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.