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Marcelo Auler

Marcelo Auler, 68 anos, é repórter desde janeiro de 1974 tendo atuado, no Rio, São Paulo e Brasília, em quase todos os principais jornais do país, assim como revistas e na imprensa alternativa.

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Após omitir-se, STF acerta rumo contra milícia bolsonarista

Jornalista Marcelo Auler avalia a prisão do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, preso pela Polícia Federal por determinação do ministro Alexandre de Moraes. "Eustáquio, que se diz jornalista, na verdade é um disseminador de falsas notícias"

Blogueiro Oswaldo Eustáquio (Foto: Reprodução)
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Por Marcelo Auler, em seu Blog

Preso na sexta-feira (26/06), em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, o blogueiro Oswaldo Eustáquio, 42 anos, oficialmente se apresenta como um “jornalista investigativo, apaixonado pela verdade, inimigo da corrupção e conservador”. Independentemente da qualificação profissional que ele tenha, fato é que suas postagens ficam muito longe da verdade pela qual se declara apaixonado.

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Sua prisão decorre da investigação do Inquérito (INQ 4828) em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Nele se apura a organização e, principalmente, o financiamento de atos “antidemocráticos”. Mas Eustáquio, assim como a maioria dos demais investigados e presos nessa mesma investigação – Sara Fernanda Girimoni (a Sara Winter), Emerson Rui Barros dos Santos, Érica Vianna de Souza, Renan de Morais Souza e Arthur Castro – também estão umbilicalmente ligados à investigação do INQ 4781. Aquele que gira em torno da disseminação de fake news e ataques à corte e a seus ministros.

Eustáquio, que se diz jornalista, na verdade é um disseminador de falsas notícias ou de notícias sem maiores apurações, com mensagens dúbias. Tudo que pode se encaixar no guarda-chuva que encobre as chamadas fake news. A ele é atribuída uma lista grande de notícias mentirosas, muitas delas enxovalhando a honra alheia. Por conta de algumas delas, inclusive, foi condenado judicialmente, obrigado a retirar postagens das redes sociais e indenizar suas vítimas. Foi o que ocorreu com o jornalista Gleen Greenwald, tal como noticiou a revista Fórum (Oswaldo Eustaquio é condenado a pagar 15 mil por ofender a mãe de Glenn Greenwald).

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Uma das suas notícias mais recentes (leia na ilustração acima) foi publicada no feriado de Corpus Christi (quinta-feira, 11/06) em torno do assassinato do advogado Igor Martinho Kalluf, de 40 anos, em uma loja de conveniência no bairro do Batel, em Curitiba (PR). O crime ocorreu por volta de 18H00. Poucas horas depois, antes mesmo de qualquer apuração jornalística seria, Eustáquio, bolsonarista convicto, correu às redes sociais na tentativa de envolver o ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro com o crime.

Discurso errôneo

Sem qualquer fato que sustentasse sua tese mentirosa, tal como ficou comprovado depois e o BLOG reportou no sábado, 13 de junho, em Crime em Curitiba: exemplo da sociedade que Bolsonaro quer.

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Teoricamente, Eustáquio e seus aliados podem até alegar que não houve mentira. Mas a dubiedade da informação pretendia envolver o ex-ministro, hoje adversário político destes grupos extremistas de bolsonaristas, em um crime no qual ele não tinha qualquer envolvimento.

O discurso daqueles que criticam as investigações que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, preside em torno dos grupos bolsonaristas mais radicais tem o viés errado. Desfraldam, de forma errônea, a bandeira da liberdade de expressão, como se esta admitisse informações falsas, dúbias, com insinuações sem provas, que atacam a honra alheia ou pregam medidas autoritárias, contra o estado democrático de direito.

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O mesmo discurso é feito por ninguém menos que o procurador-geral da República, Augusto Aras, no que contribui para a suspeita de muitos de ele se alinhar, às vezes de forma camuflada, às bandeiras do presidente Jair Bolsonaro.

Indubitavelmente, Aras demonstra ressentimento com o INQ 4781. Discorda da forma como ele foi instaurado, apesar de sua validade ter sido confirmada por 10 ministros do STF. Por isso, critica-o usando os mesmos argumentos dos grupos radicais. Como mostrou a reportagem de Caio Junqueira – CNN tem acesso ao inquérito das fake news – apresentada no canal de televisão e publicada no site do mesmo. Lá, consta como manifestação de Aras no inquérito:

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“A leitura dessas manifestações demonstra, a despeito de seu conteúdo incisivo, em alguns casos, serem inconfundíveis com a prática de calúnias, injúrias ou difamações contra os membros do STF. Em realidade, representam a divulgação de opiniões e visões de mundo, protegidas pela liberdade de expressão nos termos do decisum do Ministro Celso de Mello na Pet-MC 8.830/DF. Esse direito fundamental, que recebeu atenção do texto constitucional em diversas de suas disposições, é amplamente considerado essencial à higidez do regime democrático do princípio republicano.”

Ainda que como disse Aras a “livre circulação de ideias e debate público são fundamentais para a garantia de uma sociedade aberta, na qual distintas visões de mundo são respeitadas de forma igualitária”, o que não se pode admitir é que a liberdade de expressão seja utilizada para pregações antidemocráticas.

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E o exemplo de que a investigação sobre as fakes news, os ataques aos demais poderes e a organização de atos antidemocráticos está no caminho certo, atingindo o chamado núcleo duro de sustentação do bolsonarismo nas redes sociais, é a reação que os atingidos estão tendo: desfazem suas postagens.

Outra evidência foi noticiada pelos repórteres Marcelo Godoy, Pedro Venceslau e Daniel Bramatti, em O Estado de S.Paulo, na edição de domingo (28/06), em Aliados de Bolsonaro tentam isolar extremistas. Eles informam:

“Após fracassar sua ofensiva para deter as ações do Supremo Tribunal Federal (STF), o bolsonarismo propõe agora uma détente entre as instituições e procura isolar os grupos radicais que pregam “intervenção militar”, com o fechamento do Congresso e da Corte. Nos círculos mais próximos do presidente, o movimento é justificado em razão da avaliação de que extremistas, como Sara Geromini, estariam “contaminando” os movimentos pró-governo.

A decisão de se descolar desses grupos veio após ações do STF que levaram extremistas à prisão e à quebra de sigilos de apoiadores e parlamentares bolsonaristas, além da prisão de Fabrício Queiroz, apontado pelo Ministério Público como operador financeiro de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no esquema das rachadinhas”.

Continue lendo no Blog de Marcelo Auler.  

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