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Mariana Motta

YouTuber - Canal Púrpura

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Após ser absolvido, o aluno da USP que violentou mulheres quer se especializar em ginecologia

A  mulher  não  é  violentada  porque  o  homem  tem  hormônios.  E  sim  porque  ainda  não  existe igualdade  de  gênero  em  uma  sociedade  conivente  com  os  sucessivos  desrespeitos  sofridos diariamente  pela  mulher

Após ser absolvido, o aluno da USP que violentou mulheres quer se especializar em ginecologia (Foto: Reprodução / Facebook)
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Quando  eu  gravei  um  vídeo  para  o  Canal  Púrpura  sobre  castração  química,  fui  severamente criticada  pelos  grupos  conservadores.  Eu  argumentei  que  castração  não  é  a  solução  porque a  violência  não  está  nos  hormônios  masculinos,  mas  na  cultura.  Falei  que  a  punição,  apesar ser  obviamente  importante,  não  tem  o  poder  de  promover  uma  transformação  cultural, imprescindível  para  combater  a  violência  de  gênero.  E  reiterei  que  acho  nocivo  buscar respostas  na  aprovação  desse  projeto  porque  ele  desvia  a  atenção  da  sociedade  para comportamentos  que  constroem  a  cultura  machista  estruturante  dos  crimes  contra  a  mulher. Sabemos  que  a  incoerência  mora  no  cotidiano. 

Os  homens  que  gritam  contra  esses bandidos  são  os  mesmos  que  desrespeitam  mulheres  na  rua,  compartilham  conteúdo  íntimo não  autorizado  ou  levantam  a  voz  para  a  colega  de  sala.  E  o  autor  do  projeto  de  lei  é  o mesmo  deputado  que  diz  que  o  Estado  não  deve  investir  em  políticas  de  igualdade  salarial entre  os  gêneros  e  que  não  contrataria  mulheres  com  seu  próprio  salário,  já  que  elas engravidam  e  poderiam  dar  prejuízo  à  sua  empresa.  Isso  nos  mostra  que  acreditar  na castração  acaba  sendo  um  pretexto  para  muito  macho  não  enxergar  o  tijolinho  que  ele coloca  todos  os  dias  no  paredão  que  essa  cultura  representa. Eis  que  a  comprovação  vem  a  cavalo.  O  estudante  acusado  de  praticar  diversas  vezes  o crime  em  questão  teve  seu  comportamento  legitimado  por  uma  das  instituições  mais respeitadas  do  Brasil  e  vai  se  especializar  em  ginecologia  e  obstetrícia.  A  USP  não  interferiu no  destino  das  mulheres  que  serão  tratadas  por  esse  médico. 

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O  Tribunal  de  Justiça  de  São Paulo  também  não.  Tampouco  o  Conselho  Regional  de  Medicina  de  Pernambuco,  que emitiu  o  registro  previamente  negado  pelo  órgão  paulista.  Se  até  o  Estado  tem responsabilidade  na  conjuntura  de  violência  de  gênero,  como  é  que  tanta  gente  não percebe  que  o  problema  está  na  própria  sociedade,  não  no  remédio  injetado  na  veia  do criminoso?  Para  evitar  que  mais  esposas  sejam  atiradas  da  sacada  do  apartamento,  vamos proibir  a  construção  de  prédios  ou  estudar  o  que  está  por  trás  dos  casos  de  feminicídio? A  mulher  não  é  violentada  porque  o  homem  tem  hormônios.  E  sim  porque  ainda  não  existe igualdade  de  gênero  em  uma  sociedade  conivente  com  os  sucessivos  desrespeitos  sofridos diariamente  pela  mulher.  Nós  só  vamos  mudar  a  realidade  de  violência  transformando  a cultura  que  a  construiu. #canalpúrpura  #PurpurizeSe  #feminismo  #direitosdamulher  #igualdadedegênero #violênciadegênero  #machismo  #assédio  #abuso  #agressão

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